segunda-feira, 31 de agosto de 2015

Autoramas – Sesc Santo Andre (28/08/2015):



Por Davi Pascale
Foto Show: Página Facebook Erika Martins
Foto Autografo: Norton (extraído da pagina do Facebook da Erika Martins)

Grupo Autoramas fez nova passagem pelo Sesc Santo Andre semana passada. Contando com uma nova formação, o grupo entregou aos seus fãs uma apresentação direta, profissional e enérgica.

Prestes a lançar um novo álbum – O Futuro dos Autoramas – banda fez uma nova passagem pelo ABC. A primeira vez que tocam aqui com esse lineup. Bacalhau e Flavia Couri pediram as contas. Para seus lugares, vieram os experientes Fred (Raimundos), Melvin (Carbona) e Érika Martins (Penélope). As escolhas não poderiam ter sido mais acertadas. Além de todos eles já terem uma relação próxima ao líder Gabriel Thomaz, o estilo deles caiu como uma luva. Fred trouxe um pouco mais de peso. Melvin interpreta as linhas de baixo com segurança. Erika Martins é, de longe, a melhor voz feminina que já tiveram (lembrem-se que as ex-baixistas também cantavam), além de ser extremamente carismática. O grupo está redondo!

Infelizmente, poucas pessoas compareceram à apresentação dessa sexta. Honestamente, esperava um público bem maior. Mas, certamente, quem deu as caras por lá, se divertiu bastante. Além de estarem bem entrosados, os músicos possuem ótima presença de palco e são bem simpáticos com a plateia. Erika se joga no público e tira as pessoas para dançar, Gabriel arrisca algumas piadas. Até mesmo as crianças tiveram seus momentos de destaque. Durante o show, duas crianças invadiram o palco. Os músicos não se incomodaram e deixaram a molecadinha se divertir um pouquinho lá em cima. Embora o teatro não estivesse abarrotado de gente, a banda não se abalou e tocaram como se estivessem diante de um estádio lotado.

Erika Martins assinando os discos pós-show

Quando um artista está prestes a lançar um novo trabalho ou acaba de lançar um, é comum que o explore ao máximo. O set apresentado na última sexta, contudo, foi bem dosado. “Gostaria de tocar o disco novo na íntegra, mas sei que se fizer isso vocês me matam”, disse Gabriel em determinado momento. O repertório passou por todos os álbuns e trouxe algumas curiosidades.

As quase hits “Abstrai”, “Fale Mal de Mim” e “Você Sabe”, obviamente não ficaram de fora e tiveram uma boa participação do público. Gabriel Thomaz relembrou seus tempos de Little Quail & The Mad Birds com “1,2,3,4”. Érika Martins mandou "Kung-Fu" de seu primeiro disco solo. Os fãs de Fred certamente se animaram com a versão de “Aquela”, responsável por fechar a noite. Para quem não se lembra, os Raimundos regravaram essa canção do Little Quail no álbum Só No Forévis. E é claro, algumas músicas de seu próximo disco, foram mostradas em primeira mão.

O som estava super bem equalizado e boa parte das músicas que são destaque em sua discografia – como “Mundo Moderno” e “A História de Cada Um” – foram apresentadas. Show realmente muito bacana de assistir. Aqueles que esperaram pelos músicos, foram atendidos para fotos e autógrafos. Lógico que aproveitei a ocasião para assinar meus discos com os músicos, já que sou fã de longa data dos caras. Os 4 foram muito educados e pacientes com os fãs que os aguardaram. Noite bem bacana. Quem tiver a oportunidade de assistir um show do grupo, vá, a diversão é garantida.

domingo, 30 de agosto de 2015

Kobra and the Lotus – Words of the Prophets (2015)

Por Rafael Menegueti

Kobra and the Lotus - Words of the Prophets
Os canadenses do Kobra and the Lotus vem ganhando popularidade no meio do metal ano após ano. A banda, que já lançou três álbuns de estúdio, ainda não é tão conhecida por aqui, mas creio que isso será questão de tempo para mudar. Eles lançam um interessante EP de covers de artistas canadenses, “Words of the Prophets”.

A banda tem um estilo cheio de potencia e uma boa técnica para fazer um heavy metal simples e tradicional, com uma boa dose de hard rock. Nesse EP, a ideia foi fazer uma homenagem a bandas icônicas de seu país natal. A banda então perguntou aos seus fãs quais canções eles gostariam de ver na versão deles. As segundo a vocalista Kobra Page, a maioria era de metal, e ela não queria que o EP se tratasse apenas disso. Por isso a banda foi além na escolha de seu repertorio.

A banda abre com uma versão da magistral “Lay It On the Line”, do Triumph. A faixa, lançada originalmente em 1979, é daquelas perfeitas pra se ouvir no talo, com um refrão marcante e digno do rock de arena. Podia ser um clássico mais aclamado, mas ganhou uma justa homenagem nessa versão, onde a voz de Kobra consegue perfeitamente incorporar o poder da canção e colocar sua própria personalidade.


A faixa seguinte é “Sign of the Gypsy Queen”, lançada no inicio da década de 70 pelo April Wine. A versão do Kobra and the Lotus dá um ar mais hard rock a essa canção tipicamente rock n’ roll tradicional. Destaca-se no EP também a faixa “Black Velvet”, uma empolgante versão da canção da cantora de rock e blues Alannah Myles.

Um bom contraste de estilos pode ser encontrado na versão que a banda fez de “Let It Ride”, do bachman-turner Overdrive (também conhecido como BTO). A banda insere peso em uma canção que tem uma vibração e estilo tipicamente setentistas. Por fim, uma cover do primeiro hit do Rush, um dos maiores expoentes do rock canadense. E pode ter sido um bom desafio criar essa versão de “The Spirit of Radio”, uma faixa bem progressiva e revigorante, mas a banda tirou de letra.

O resultado dessa boa ideia do Kobra and the Lotus não poderia ter sido melhor. Os fãs foram presenteados com uma seleção muito boa de cinco grandes canções, com a cara da banda, que fez um ótimo trabalho e mostrou ainda mais a sua competência e habilidade. É de bandas com essa personalidade que o rock precisa, seja para lançar boas músicas próprias, ou pra se aventurar com canções já consagradas sem deforma-las ou parecer forçado. Kobra e seus companheiros foram muito eficientes nisso.



Nota:9/10
Status: Potente e nostálgico

Faixas:
1. Lay It On The Line (Triumph Cover)
2. Sign Of The Gypsy Queen (April Wine Cover)
3. Black Velvet (Alannah Myles)
4. Let It Ride (BTO Cover)
5. Spirit Of The Radio (Rush Cover)

sábado, 29 de agosto de 2015

Você odeia uma banda por quê?

Por Rafael Menegueti


Essa semana nós comentamos aqui no blog a atitude dos membros do Foo Fighters, que interromperam um protesto da Igreja Batista de Westboro, famosa por sua intolerância e preconceito extremos, à frente do local onde realizariam seu show em Kansas City de forma bem humorada e inusitada. O ocorrido acabou repercutindo em vários veículos da mídia e muita gente aplaudiu o modo como a banda reagiu à situação. No entanto, uma coisa que me deixou um pouco surpreso foi ver alguns comentários de gente criticando Dave Grohl e a banda pela atitude. Mas como assim?

Desde “eles estavam querendo aparecer” e “Foo Fighters é superestimado” até outros mais grosseiros, os comentários, no meu entendimento, demonstravam mais hipocrisia do que alguma argumentação válida pra desvirtuar a atitude da banda, que considerei digna e no direito deles, já que eles fizeram de maneira tranquila e sem incitar violência. Uma coisa é muito clara: esse tipo de comentário veio daqueles que não curtem o som de Dave Grohl e companhia. Normal, gosto é gosto. Mas daí a achar defeito em tudo que os caras fazem, só porque quer demonstrar isso, ou porque odeiam a banda, é coisa de gente chata. Até porque, tenho certeza, se fosse uma banda de que esses críticos gostassem fazendo isso, provavelmente eles não pensariam do mesmo modo.

O fato é que, no geral, algumas pessoas estão ficando cada vez mais egocêntricas e ignorantes no modo de se expressar. Não falo apenas no que diz respeito à música, mas como o blog é sobre isso, vamos focar nesse aspecto. Na cabeça de uma galera, o que rola é o seguinte: se eu não gosto dessa banda ela é um lixo. E ponto. Dane-se se ela tem historia, se vende milhões, se os músicos são talentosos ou se eles tratam todo mundo bem. O senso crítico dessas pessoas se esquece de separar a parte do gosto pessoal e o que diz respeito à qualidade musical. E há um enorme abismo entre as duas coisas.

Outro exemplo: recentemente resenhei o novo álbum do Ghost aqui. Atualmente, eles são um dos alvos preferidos dos odiadores de plantão. Na ocasião citei o quanto acho que a banda é injustiçada. De fato, o som do Ghost não é nada revolucionário, inovador, mas está longe de ser ruim. A banda faz melodias muito simples, mas a meu ver, bem feitas e sinceras com sua proposta, e nada é mal tocado. O que causa essa rejeição de muitos é a errônea associação que fazem da banda com o metal, algo que não enxergo no som deles. Essa ideia é reforçada pelo visual e temática que a banda apresenta em suas letras, além do fato de terem aparecido em muitos festivais e eventos de metal. Dai a banda acaba caindo na ira dos defensores do “verdadeiro metal”.

Olhem agora o meu caso. Eu não gosto de Rolling Stones. Talvez já tenha dito isso por aqui. É uma banda que me entedia facilmente. Por acaso eu acho eles um lixo? Nunca. A banda é genial e importantíssima para a historia do rock. Sem ela, nada do que ouvimos hoje em dia talvez fosse dessa forma. Mas eu não sou egocêntrico e sei que o fato de eu não curtir o som deles não muda em nada a sua qualidade, por isso eu respeito. O problema não está com eles, está comigo. Sou EU que não tenho paciência pra ouvir Rolling Stones. E isso vale pra muita gente que não gosta de diversas bandas ou estilos. O fato de você não gostar não as torna necessariamente ruins. O que torna uma banda realmente ruim pode ser uma série de outros fatores que vão muito além do “eu não gosto do modo como ele canta”, “essa banda abusa de riffs” ou “a melodia dessa música é muito pop”.

Enquanto muitos pensam assim, caímos sempre na bobeira de criar casos como o das vaias a bandas como o Glória no Rock In Rio, ou o Black Veil Brides no Monsters of Rock, o qual até já debati aqui na época. Situações criadas por conta do egocentrismo daqueles que se julgam os definidores do que realmente merece ser respeitado. Então, convido vocês a fazerem algo que eu venho praticando há algum tempo: abolir o “eu odeio” e o “lixo” (entre outras coisas) do vocabulário. Não há motivo para odiar uma banda. Odiar é algo muito forte, que eu reservo apenas para coisas que realmente causam um grande impacto negativo em minha vida, mas sem me remoer por isso.

Não gostar de algo é normal e aceitável, mas ser o chato que incomoda os outros só por isso não é. Fazer piadinhas e gozações até é aceitável, afinal no humor há espaço pra esse tipo de coisa se você souber levar na esportiva, como deve ser. O problema é quando se leva isso a sério demais e começa a criar brigas. Se alguém gosta de uma banda que não lhe agrada, não é da sua conta. Não é você que paga os discos deles nem os ingressos, então apenas fique de boa, ouça aquilo que você gosta e seja feliz.

sexta-feira, 28 de agosto de 2015

50 Anos de Jovem Guarda – Sesc São Caetano (27/08/2015):



Por Davi Pascale
Fotos: Sesc São Caetano (Facebook)

O Sesc de São Caetano está trazendo uma série de shows em homenagem à Jovem Guarda. Ontem, tivemos a primeira apresentação da série, realizada no Teatro Santos Dummont. Martinha, Vips e Wanderley Cardoso se apresentaram diante de um teatro lotado. Infelizmente, o resultado foi decepcionante.

A Jovem Guarda foi o primeiro grande movimento de rock do Brasil. Quem viveu a época conta que as apresentações realizadas no Teatro Record geravam verdadeira catarse e que não era raro as ruas ficarem travadas por conta do programa. Uma coisa é fato. O movimento revelou grandes nomes da música brasileira, até hoje respeitados, como Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Jerry Adriani, Incríveis, Wanderléa e Martinha. Foram geradas também diversas canções que são consideradas clássicos do rock brasileiro. Nada mais justo do que conferir de perto um pouco dessa história.

Essa não foi minha primeira vez em um evento comemorativo da Jovem Guarda. Já havia assistido a apresentação em homenagem aos 30 anos, época em que lançavam um Box comemorativo com 5 CDS. O show tinha sido muito bacana. Com ótimos músicos por trás e diversos convidados. Entre eles, a já falecida Silvinha Araújo. Infelizmente, o resultado da apresentação de ontem já não foi tão memorável assim.

O show iniciou dentro do horário previsto: 20h! Martinha foi a primeira a subir ao palco. Logo que começou a cantar as primeiras frases de “Jovens Tardes de Domingo”, música responsável por abrir o evento, já ficava nítido o que teríamos pela frente. O queijinho de Minas não tem mais pique para cantar ao vivo. Sua voz, literalmente, acabou! Sempre simpática, brincava com a platéia quando questionavam sobre seus possíveis namoros, brincava sobre o tempo que havia passado. Embora seja extremamente respeitada enquanto compositora (para quem não sabe, ela escreveu diversos sucessos de artistas como Chitãozinho & Xororó e Leandro & Leonardo), focou em reviver grandes sucessos do movimento. E é claro, não deixou de interpretar seus grandes hits da época como “Te Amo Mesmo Assim” e “Eu Daria Minha Vida”. Infelizmente, sua performance foi ofuscada pela péssima situação de suas cordas vocais.

Wanderley Cardoso demonstrou estar com a voz em dia

Depois de cantar por quase 50 minutos, a cantora convidou ao palco Os Vips. Bem... Na verdade, o Vip. Para quem não sabe, Marcio faleceu no início do ano passado. Ronald Luís Antonucci cantou o set sozinho. E a situação não melhorou. Ronald também não tem mais pique para se apresentar ao vivo. Na parte de movimentação, ok. Parte vocal, esquece. Não canta mais nada. Durante pouco mais de 40 minutos relembrou sucessos como “La Bamba”, “É Preciso Saber Viver” e, seu grande sucesso: “A Volta”. Criou o momento internet, onde pedia para o publico cantar uma música. Nesse momento seriam filmados e poderiam assistir ao vídeo pela internet depois de alguns dias. Se já é um exagero fazer isso em uma musica inteira, o que dirá em três. Outra decepção!

Wanderley Cardoso foi o responsável por realizar o set final. Considerado uma das melhores vozes do movimento – ao lado de Jerry Adriani e Silvinha Araujo – é o único que ainda está cantando bem. Porém, sua apresentação poderia ter sido melhor se tivesse um outro grupo por trás. Os músicos que acompanharam os artistas eram muito fracos. Grupo bem amador. Guitarrista ruim. Baixista ruim. Tecladista ruim. Parecia banda de churrascaria. Wanderley fez um set um pouco mais curto, mas não deixou de cantar seus principais sucessos como “Doce de Coco” e “O Bom Rapaz”. No final, os 3 se juntaram para interpretar “Festa de Arromba”. O que era para ser um momento de emoção, tornou-se um momento de alívio. Afinal, sabíamos que estávamos chegando ao fim. É triste constatar isso, mas essa deve ser a última celebração do movimento. O pessoal não têm mais pique para ficarem realizando shows. Uma pena! 

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Lynch Mob – Rebel (2015):



Por Davi Pascale

O Lynch Mob acaba de lançar mais um trabalho pelo selo Frontiers. Depois de idas e vindas, parece que o grupo veio para ficar. Rebel deve agradar os fãs da banda mantendo a sonoridade hard costumeira, agora, com uma dose extra de peso.

Desde que retornaram à ativa com o EP Sound Mountain Sessions (2012), o quarteto vem mantendo uma regularidade nos lançamentos de uma forma que nunca havia ocorrido em sua carreira. Infelizmente, a troca de lineups continua. Se bem que os músicos envolvidos nesse novo álbum devem agradar aos fãs.  Brian Tichy substitui Scott Coogan. Em seu currículo, estão trabalhos ao lado de Derek Sherinian, Billy Idol, Gilby Clarke, além de ter sido parto do Pride & Glory (trio capitaneado por Zakk Wylde). Para as 4 cordas, no lugar de Kevin Baltes, temos Jeff Pilson, músico que acompanhava George Lynch no Dokken. Oni Logan continua comandando os vocais.

As características principais do som deles continuam intactas. Oni Logan continua cantando para cima, linhas extremamente melódicas. George Lynch continua com seus solos técnicos. Aquela pegada mais funkeada, meio blueseira, também dá as caras por aqui. Entretanto, o grupo está com uma sonoridade um pouco mais pesada, um pouco mais suja. Graças à mixagem moderna de Chris “The Wizard” Collier.

Faixas como “Between The Truth And Lie”, “Jelly Roll” e “War” apostam em sua sonoridade clássica e poderiam estar no setlist de seus dois primeiros álbuns (ainda os favoritos dos fãs). “Pine Tree Avenue” traz um hard rock mais funkeado. Uma mistura entre Extreme e Badlands. “Kingdom of Slaves” traz uma influencia de heavy metal nos arranjos. A frase de guitarra nos versos e a bateria arrastada nos remetem ao velho Sabbath. A balada “The Ledge” traz uma forte influência de 70´s.

George Lynch e Oni Logan seguem em frente com Lynch Mob

De um modo geral, o que temos são os rapazes dando uma atualizada na sua velha sonoridade. Algo que fica perceptível em faixas como “Automatic Fix” e “Testify”. Embora o timbre das guitarras esteja um pouco mais sujo do que o de costume, não demora para que nos lembremos dos tempos de “Hell Child” e “Jungle of Love”. A exceção é “Sanctuary” que está mais para Dokken nos tempos de Shadowlife do que para Lynch Mob. Mesmo assim, a faixa é ótima.

Existem muitos grupos que quando retornam à ativa, não conseguem manter o brilho de outrora. Essa máxima, certamente não vale para o Lynch Mob. Ainda que Wicked Sensation ainda seja meu álbum favorito do grupo californiano, não dá para reclamar da qualidade de seus ótimos discos. Mais uma vez, os músicos nos brindam com um álbum cativante e empolgante. Discaço!

Nota: 8,0/10
Status: Empolgante

Faixas:
      01)   Automatic Fix
      02)   Between The Truth And a Lie
      03)   Testify
      04)   Sanctuary
      05)   Pine Tree avenue
      06)   Jelly Roll
      07)   Dirty Money
      08)   The Hollow Queen
      09)   The Ledge
      10)   Kingdom of Slaves 
11)   War

quarta-feira, 26 de agosto de 2015

Música comentada: Temple of the Dog – Hunger Strike

Por Rafael Menegueti

Os músicos do Pearl Jam e Soundgarden juntos
Em 1991, em meio a explosão do grunge de Seattle, o supergrupo Temple of the Dog lançou seu primeiro e único álbum de estúdio. O projeto era formado pelos membros do Soundgarden Chris Cornell e Matt Cameron, e dois ex-membros do Mother Love Bone (Stone Gossard e Jeff Ament), além dos então desconhecidos Eddie Vedder e Mike McCready. A união dos músicos ocorreu em 1990, como um tributo a Andrew Wood, vocalista do Mother Love Bone que havia morrido no começo daquele ano. O álbum homônimo lançado pelo grupo tinha varias canções memoráveis, a maior parte em homenagem a Andrew, como “Say Hello 2 Heaven” e “Reach Down”.

Mas a canção que mais fez sucesso nesse tributo foi “Hunger Strike”. A faixa é a única do álbum em que Eddie Vedder aparece fazendo dueto com Chris Cornell, já que ele aparece apenas como backing vocal em algumas das outras canções. O músico entrou no projeto por acaso, pois havia ido a Seattle participar de uma audição justamente para o que viria a ser o Pearl Jam, com Gossard e Ament. Cornell estava tendo dificuldades em gravar os vocais como  ele tinha em mente. Foi então que Vedder entrou e gravou parte dos vocais, exatamente como Chris Cornell havia pensado em fazer. Então eles decidiram usar a voz de Vedder como um dueto.

Após o fim da participação no projeto, os músicos acabaram formando o Pearl Jam, Chris Cornell e Matt Cameron voltaram ao Soundgarden, e o Temple of the Dog virou um icônico momento da historia do grunge. A banda fez apenas um show em 1990, e algumas reuniões rolaram, mais precisamente em shows do Pearl jam em que Cornell aparecia para fazer uma participação, já que Matt Cameron também se tornou baterista da banda alguns anos mais tarde.


I don't mind stealing bread
From the mouths of decadence
But I can't feed on the powerless
When my cup's already overfilled

But it's on the table
The fire is cooking
And they're farming babies
While the slaves are working
The blood is on the table
And their mouths are choking
But I'm goin' hungry

Eu não me importo de roubar pão
Das bocas da decadência
Mas eu não posso me alimentar dos sem poder
Quando meu copo já está cheio

Mas está na mesa
O fogo está cozinhando
E eles estão criando bebês
Enquanto os escravos trabalham
O sangue está na mesa
E as bocas se engasgando
Mas minha fome está aumentando

terça-feira, 25 de agosto de 2015

Ringo Starr – Postcards From Paradise (2015):



Por Davi Pascale

Ringo Starr chega à seu décimo oitavo álbum. Músico mantém sua essência intacta e deve agradar seu público extremamente fiel.

Ringo sempre dividiu opiniões. Há quem o considere um músico fraco que teve a sorte de estar envolvido em um dos maiores grupos de rock de todos os tempos. Há quem o considere um músico único, criativo, com uma linguagem própria e que ajudou a desenhar a sonoridade clássica dos Beatles. Faço parte do segundo grupo.

O baterista, contudo, por mais que tenha contribuído com sua pegada diferenciada para criar o som do quarteto de Liverpool, nunca conseguiu ganhar o mesmo respeito que seus companheiros em relação à composição. Dono de uma discografia irregular, conseguiu poucos hits na sua carreira-solo. Por outro lado, nunca deixou de ser ele mesmo. Nem em relação à sonoridade, nem em relação à postura. E isso se comprova, mais uma vez, em Postcards From Paradise.

Richard Starkey sempre esteve cercado por ótimos músicos. Seja nos Beatles, seja com seu Ringo Starr And His All-Starr Band, seja na gravação de seus discos de inéditas. Aqui, não é diferente. Gravado no seu home studio, em Los Angeles, o álbum é repleto de ilustres convidados. Entre eles; Richard Marx, Joe Walsh (Eagles), Nathan East (Eric Clapton, Phil Collins) e Peter Frampton. Também se fazem presentes os convidados de sua mais recente formação da All-Starr Band: Steve Lukather (Toto), Todd Rundgren, Gregg Rolie, Richard Page (Mr. Mister), Warren Ham (Toto, Kansas) e Gregg Bissonette (David Lee Roth, Joe Satriani). Gravaram juntos, inclusive, a faixa “Islands In The Sun”. Um pequeno reggae. Algo que não é nenhuma surpresa para seus fãs. Essa não é sua primeira aventura nesse universo, nem de longe. Essa lado reggae aparece com força também em “Right Side Of The Road”. Uma canção pop, mas com uma levada reggae, assim como foi “Wings” (Ringo The 4th).

Ringo Starr mantém sua sonoridade clássica em novo álbum

Assim como seu álbum de 2010, invoca o passado em algumas letras. “Rory And The Hurricanes”, responsável por abrir o disco, fala sobre seus anos pré-Beatles. Já a faixa-título é uma clara referência ao grupo que o tornou famoso. Desde a letra que cita várias faixas da discografia dos rapazes (“We Can Work It Ou”, “Yesterday”, “P.S. I Love You”...), até o solo de guitarra gravado com slide, uma das marcas de George Harrison.

Não faltam seus rocks animados (“Touch And Go” e “Let Love Lead”), nem a famosa balada (“Not Looking Back”). “Bamboula” traz um arranjo alegre nos remetendo à seus tempos de “Oo Wee” e “Back Of Bungaloo”. Como podem ver, não hás espaços para inovações. Há quem diga que não houve colaborações de artistas pop dessa vez. Sinto dizer, mas teve. Glenn Ballard, que gravou piano em algumas faixas, chegou a produzir e gravar com artistas pop que vão desde Michael Jackson até Shakira. David Stewart esteve à frente do duo Eurythmics. Mas os fãs não precisam se preocupar. A sonoridade do divertido baterista continua intacta. Postcards From Paradise não é um álbum tão forte quanto Ringo ou Vertical Man, mas é um trabalho honesto e sólido. Se você é fã do rapaz, pode ir sem medo.

Nota: 7,0 / 10,0
Status: Sólido

Faixas:
      01)   Rory And The Hurricanes
      02)   You Bring The Party Down
      03)   Bridges
      04)   Postcards From Paradise
      05)   Right Side Of The Road
      06)   Not Looking Back
      07)   Bamboula
      08)   Island In The Sun
      09)   Touch and Go
      10)   Confirmation 
      11)   Let Love Lead

segunda-feira, 24 de agosto de 2015

Notícias do Rock (pra não ficar por fora)

Por Rafael Menegueti

Foo Fighters invade e atrapalha protesto de igreja homofóbica nos EUA

Sempre causando, os integrantes do Foo Fighters aprontaram mais uma que fez muita gente adora-los ainda mais. Os músicos invadiram um protesto de membros da Westboro Baptist Church, igreja conhecida por seu extremismo e por propagar o ódio contra homossexuais e outros grupos, em Kansas City, nos EUA. Na parte traseira de uma pick-up, o grupo se infiltrou no meio dos ativistas com cartazes e tocando em alto volume a música “Never Gonna Give You Up”, do cantor Rick Astley, atrapalhando e fazendo com que o grupo extremista não conseguisse continuar gritando seus absurdos. Obvio que a ação foi parar no Youtube (veja abaixo).


Nightwish lança coleção de joias assinada pela banda, e versão especial do novo disco

Imagem da coleção de joias da banda
Os finlandeses do Nightwish tem agora um artigo de luxo que carrega seu nome. A banda ganhou uma linha de joias feita pela joalheria Kalevala. Desenhadas a partir dos temas abordados no conceito de seu mais recente álbum, “Endless Forms Most Beautiful”, a coleção se chama “Evolution Series by Nightwish” e consiste em dois pingentes e um bracelete. A vocalista da banda, Floor Jansen, já era a “garota-propaganda” da marca há alguns meses. Ainda sobre o novo álbum da banda, uma versão “tour edition” do mesmo será lançada em 30 de outubro, com um DVD bônus com faixas ao vivo, clipes e making of do álbum.

Alice In Chains já trabalha em novo disco

Alice In Chains
Os remanescentes da cena grunge de Seattle estão trabalhando no sucessor de “The Devil Put Dinosaurs Here”, de 2013. Segundo o baixista Mike Inez relatou em entrevista a uma rádio, a banda está em processo de composição de novas músicas. Ele afirmou que a banda não tem pressa, e está começando a criar novos riffs. O novo disco pode sair entre o final desse ano e o ano que vem.

Novo disco do Deftones deve sair até o fim do ano

Deftones
A banda de metal alternativo de Sacramento está com seu disco novo praticamente pronto. Segundo entrevista do vocalista Chino Moreno concedida à uma rádio americana, o grupo compôs dezesseis músicas para o novo trabalho, que será o sucessor de “Koi No Yokan”, de 2012. A banda está em processo final de mixagem e masterização do álbum, e trabalhando nos detalhes do encarte e arte da capa. O novo trabalho ainda não tem nome, mas deve sair em novembro.

domingo, 23 de agosto de 2015

Hibria – Sesc Santo André (21/8/2015):



Por Davi Pascale
Foto show: Rafael Serván

O Sesc Santo André recebeu mais um forte representante da cena heavy metal brasileira. Com show longo, os gaúchos do Hibria não deixaram pedra sobre pedra e fizeram a felicidade dos fãs.

A última sexta-feira foi mais uma noite que os headbangers do ABC demorarão para esquecer. Depois de conferirem Hangar e Almah com ótimos shows, quem freqüenta o Sesc Santo André teve a oportunidade de conferir de perto a apresentação do Hibria, grupo que está em crescente na cena heavy metal brazuca. Iuri Sanson, Abel Camargo, Renato Osorio, Benhur Lima e Eduardo Baldo fizeram um show extremamente profissional e demonstraram o porquê da babação de ovo da mídia especializada em cima dos rapazes.

Desde os primeiros acordes, os garotos de Porto Alegre demonstraram que estão prontos. Com som no talo, ótima postura de palco e um enorme carisma, os rapazes tinham o público na palma das mãos. Bacana notar que a preocupação deles vai além de tocarem bem. Os músicos tiveram a preocupação de montar um show. Não faltaram números solos, brincadeiras com a platéia, que iam desde os famosos sing-along até disputas para ver qual lado da casa gritava mais alto.

Se é comum os grupos brasileiros deixarem um pouco a desejar na parte vocal, podemos dizer que os caras são uma exceção no cenário. Iuri Sanson, além de ter uma ótima presença de palco, consegue reproduzir com perfeição todos os agudos que solta no disco. Outros músicos que roubaram a cena na apresentação foram o baterista Eduardo Baldo e o guitarrista Renato Osorio.

Hibria em ação!

Diante de um teatro cheio, os músicos estavam visivelmente empolgados. Não sei se por conta da boa recepção da platéia ou se por conta de estarem inaugurando uma nova turnê. A gira Metal Maniac Inside Tour, criada para divulgar seu recente álbum auto-intitulado, iniciou justamente nessa noite. Os músicos chegaram, inclusive, a tocar além do horário permitido, o que deixou o pessoal da casa de cabelo em pé.

Durante, aproximadamente, 140 minutos, os músicos reviveram toda sua obra. Não faltaram no set canções como “Millenium Quest” (Defying The Rules), The Anger Inside (The Skull Collectors), “Welcome To The Horror Show” (Blind Ride), “Shoot Me Down” (Blind Ride) e “Silent Revenge” (Silent Revenge). Não faltaram ainda canções do novo disco como “Tightrope”, “Life” e “Church”. Todas tocadas com um peso extremamente absurdo e uma garra invejável. A alegria chegou ao fim ao som de “Tiger Punch” (Skull Collectors), uma das canções pedidas pela platéia.

Mesmo tendo extrapolado o horário, os músicos foram bem solícitos e compareceram na banquinha de merchandising para atender os fãs para fotos e autógrafos. Noite para fã nenhum botar defeito. Quanto às atrações, gostaria muito de assistir por lá o Korzus ou o Shadowside. Será que existe alguma chance desses caras pintarem por aqui? Fico na torcida!

sábado, 22 de agosto de 2015

Iron Maiden: como o novo single já ganhou o mundo

Por Rafael Menegueti

A Donzela de Ferro está de volta 
Desde a semana passada os fãs de heavy metal não falam de outra coisa senão o novo single do Iron Maiden, “Speed of Light”. A música chegou e, tal qual o seu título, rapidamente conquistou os fãs antigos e novos, por uma serie de fatores que certamente foram bem pensados pela banda e sua equipe. Claro que só o fato de ser uma música nova do Iron Maiden já ajuda muito, mas paremos pra analisar alguns elementos que fizeram com que essa canção ganhasse ainda mais evidencia e tantos comentários.

A canção que foi escolhida como o primeiro single do novo e aguardado disco “The Book of Souls” tem jeito de hit. Ela tem a pegada característica do grupo, vocais vibrantes e um andamento animado. Segundo Bruce Dickinson, poderia até estar em “Piece of Mind”, de 1983. De fato sua escolha parece boa para chamar a atenção de um disco que promete. Primeiro ponto a favor do grupo.

Depois vem toda a expectativa em cima do novo álbum. Se o primeiro single já conseguiu causar tamanho impacto positivo, certamente os fãs ficaram ainda mais ansiosos por “The Book of Souls”, a ponto até de um falso vazamento ter rolado, com uma coletânea sendo colocada para download com o nome trocado pelo nome do disco, causando um belo de um alvoroço entre os mais apressadinhos.

A expectativa é grande demais. É um disco marcado pela historia de superação de Bruce Dickinson, que o gravou enquanto ainda estava com um tumor na língua, do qual ele anunciou estar curado recentemente. Além de que esse é o primeiro disco do Iron Maiden desde “The Final Frontier", de 2010, álbum que já havia sido muito bem recebido. Portanto, esse novo single reacendeu ainda mais a fome dos fãs pelo novo trabalho, já que esse primeiro aperitivo foi muito proveitoso.

Por fim, a grande cartada da banda ficou com o videoclipe. A ideia de uma animação com referencias a videogames e também de capas e clipes clássicos da banda ficou genial. Agradou os fãs antigos e chamou a atenção da garotada que se interessa por tecnologia e games. Com uma tacada só eles aproximaram as gerações e os trouxeram pro lado deles. Por isso é fácil dizer que o Iron Maiden é uma das melhores bandas do mundo. Eles sabem como entrar no jogo pra ganhar. Abram espaço porque eles estão por aí de novo, pra mostrar como se faz.

sexta-feira, 21 de agosto de 2015

Bon Jovi – Burning Bridges (2015):





Por Davi Pascale

O novo álbum do Bon Jovi está sendo lançado hoje, via Itunes. Formado a partir de velhas canções, disco é o primeiro sem o guitarrista Richie Sambora e deve agradar aqueles que curtiram os últimos álbuns.

Antes mesmo de ser colocado à venda no Itunes, o álbum caiu na integra nas redes. Até aí... nenhuma novidade. Está cada vez mais comum os discos vazarem. Há quem diga que esse é o verdadeiro pesadelo dos artistas. Há quem diga que isso é jogada da gravadora para chamar atenção para o disco. Teorias à parte, a grande novidade é que o novo disco do Bon Jovi não é exatamente novo. O cantor Jon Bon Jovi explicou em entrevista exclusiva à rádio WBCBS FM: “Esse é um álbum de fã para promover uma turnê de doze shows. São canções que estavam inacabadas e que nós terminamos. Há algumas novas, como a que lançamos como single (“We Don´t Run). Ele aponta para onde estamos caminhando musicalmente, mas não é nosso novo álbum. Nosso novo trabalho, de verdade, será lançado no próximo ano”.

Se esse é o caminho pelo qual a banda está caminhando, os velhos fãs que torciam por um retorno para a sonoridade mais hard rock podem baixar a guarda. As canções inéditas de nada lembram a época de ouro dos rapazes de New Jersey. Já quem continuou acompanhado os garotos durante esses anos têm uma chance maior de gostar do novo disco. As principais características do atual Bon Jovi estão aqui.

“A Teardrop To The Sea” parece uma sobra de The Circle. Continua aquela sonoridade mais down, com arranjos estilo U2 e backings na onda do Thirty Seconds To Mars. “Who Would You Die For” e, especialmente, “Life is Beautiful” também poderiam estar no álbum de 2009. “Amem” de What About Now contava com um arranjo sutil, deixando a voz de Jon em evidência. O mesmo ocorre aqui em “Blind Love”, dessa vez contando apenas com teclado e voz.

Segundo Jon Bon Jovi, esse álbum não deve ser considerado um novo trabalho do grupo

 Em se tratando de Bon Jovi, não poderia deixar de ter canções com influência mais country. Aparece aqui de maneira descarada na alegre “Burning Bridges” e de maneira disfarçada em “Im Your Man”, uma espécie de nova “We Gotta Goin´ On” (Lost Highway). Não poderia faltar também uma canção pop-rock com forte presença dos violões. Nesse caso, representada por “Fingerprints”. O single “We Don´t Run” demonstra o Bon Jovi se adaptando aos tempos atuais. Conta com uma sonoridade moderna. Os fãs mais radicais ficarão descabelados já que conta com grandes influências de Nickelback.  Já “Saturday Night Gave Me Sunday Morning” conta com as mãos de Sambora na composição, e traz uma sonoridade mais alegre, mas não é nada que não se imagine o Bon Jovi fazendo. Bem próxima à linguagem de What ABout Now.

Todas essas referências não são por acaso. A produção do álbum, assim como o trabalho de guitarra em várias faixas, ficou à cargo de John Shanks. O mesmo rapaz que trabalhou com eles em Have a Nice Day, Lost Highway e What About Now. Assim, como acontece nos últimos discos do grupo, há poucos momentos onde a guitarra se destaca falando alto e criando momentos marcantes. A tônica continua sendo criar refrões que ficam na cabeça das pessoas e quem se destaca mais durante a audição é realmente o Jon Bon Jovi. Se você é declaradamente um fã do grupo e consegue curtir as mudanças de sonoridade apresentada pelos músicos através dos anos, é um bom álbum. Se você sente saudade dos anos 80, afaste-se.

Nota: 7,0 / 10,0
Status: Bem trabalhado

Faixas:
      01)   A Teardrop To The Sea
      02)   We Don´t Run
      03)   Saturday Night Gave Me Sunday Morning
      04)   We All Fall Down
      05)   Blind Love
      06)   Who Would You Die For
      07)   Fingerprints
      08)   Life Is Beautiful
      09)   I´m Your Man  
      10)   Burning Bridges

quinta-feira, 20 de agosto de 2015

Ghost - Meliora (2015)

Por Rafael Menegueti

Ghost - Meliora
Controversa e misteriosa, o Ghost é mais uma daquelas bandas que provocam “debates” entre os admiradores do rock e metal ao redor do mundo. Muitos não cansam de bradar por ai o quanto detestam o som desse sexteto sueco cujos integrantes tem suas identidades mantidas em segredo. Outros defendem a banda que, quando foi elogiada por nomes como Dave Grohl, ganhou status de cult. Fato que só aumentou a bronca daqueles que os odeiam.

Eu particularmente acho que esse pessoal reclama demais. O som do Ghost não é algo inovador e revolucionário, mas também está longe de ser o lixo que seus haters teimam em apontar. Quem ouve logo identifica a forte influencia de Black Sabbath, assim como de rock psicodélico e varias vertentes de rock clássico, principalmente dos anos 70. Pra ser sincero, nem sei se dá pra chamar o Ghost de metal. O visual e temática ocultista/satanista que a banda ostenta falam mais nesse sentido que a música. Mas isso pra mim faz mais parte do contexto artístico, da mística por trás deles. Puro marketing, e bem feito, diga-se de passagem.

Nos dois primeiros discos da banda podíamos conferir algumas faixas bem interessantes, e que ajudaram a impulsionar a popularidade deles. A banda lança agora “Meliora”, seu terceiro disco, novamente fazendo uso de seus velhos costumes. "Outro" vocalista comanda os atos (só o personagem muda, o cantor é o mesmo, caso não saiba). Papa Emeritus III tem um timbre que me agrada, e nesse álbum ele ousa um pouco mais na personalidade de sua voz.

Papa Emeritus III e os Nameless Ghouls
“Meliora” agrada em muitos quesitos. É um disco direto, simples e rápido. As composições mostram climas e direções variadas. O primeiro single “Cirice” já havia me impressionado muito quando ouvi. Considero uma das canções mais fortes de toda o repertorio da banda, daquelas que dá vontade de voltar e ouvir de novo. A faixa “Spirit”, que abre o disco, é bem marcada pelo estilo da banda, mas aparenta ter mais cor e vida. O álbum inteiro segue nesse clima.

Varias faixas são marcantes por um ou outro elemento que se destacam nelas. A levada de “From the Pinnacle To The Pit”, a delicadeza de “He Is”, o peso de “Mummy Dust”, o ritmo envolvente de “Majesty”, o peso na medida certa de “Absolution”, e o encerramento com a melodia simples e agradável de “Deus In Absentia”, formam o conjunto de virtudes desse bom álbum do Ghost. A banda pode não ser genial, mas tem competência suficiente pra ser um nome interessante no rock mundial, que precisa mais do que nunca de boas direções. Se o pessoal que insiste em reclamar não enxergar isso, o problema que seja só deles.


Nota: 8/10
Status: Bem elaborado

Faixas:
01. Spirit
02. From The Pinnacle To The Pit
03. Cirice
04. Spöksonat
05. He Is
06. Mummy Dust
07. Majesty
08. Devil Church
09. Absolution
10. Deus In Absentia