quarta-feira, 10 de agosto de 2016

Nervosa – Agony (2016):



Por Davi Pascale

Grupo chega ao seu segundo álbum. Disco mantém sua pegada old-school, apresenta maturidade nos arranjos, e marca o fim da trajetória de Pitchu Ferraz.

As meninas do Nervosa acabam de lançar o sucessor de Victim of Yourself. Segundo álbum é um trabalho importante na carreira de um artista com o histórico delas. Quando lançaram seu debut, eram apontadas como uma grande promessa do cenário. Ou seja, é a famosa hora do ou vai ou racha.

Embora sejam jovens, a sonoridade thrash do trio paulista é voltada para um publico mais das antigas. Apostam em um thrash bem oitentista com bateria na velocidade da luz, palhetadas velozes e vocais bem old school. O gutural de Fernanda Lira é um diferencial. Embora não cante limpo (essa é a marca do gutural), é facilmente compreensível o que está cantando.
   
Em comparação ao (bom) Victim of Yourself, é possível notar algumas evoluções. As letras estão mais maduras, a qualidade de gravação está melhor e o encarte está com um ar mais profissional. Quando entraram em estúdio para registrar o trabalho anterior, estavam sem baterista e o instrumento acabou sendo gravado pelo Amilcar (Torture Squad). Dessa vez, Pitchu Ferraz fez o registro. E, de boa, não ficou nada a dever. Trabalho tão agressivo e com tanto punch quanto. Uma pena que não tenha dado certo no conjunto.

Somente um item me incomodou. Os poucos e curtos solos de guitarra. Prika Amaral é segura ao vivo (sim, já assisti show delas) e é ótima para criar riffs. Fator que pode ser comprovado tanto no primeiro CD, quanto em Agony. Porém, no momento dos solos ainda fica a dever. Tem várias faixas que caberiam solos mais longos, um pouco mais elaborados. Tem algumas onde nem sequer aparece. Talvez a adição de uma segunda guitarrista fizesse o conjunto conquistar vôos maiores.

Mais uma vez, criam uma faixa em português. Dessa vez, intitulada “Guerra Santa”. A letra é uma crítica à essa prática e à contradição envolvida em torno dela. A grande ousadia do novo trabalho é justamente o bônus “Wayfarer”, onde fazem um arranjo misturando rock n roll com thrash e pela primeira vez na vida, temos Fernanda Lira, cantando com voz limpa em alguns versos. E não é que a mina manda bem?

Os arranjos, em sua maioria, seguem a mesma linha de seu trabalho de estreia. Ou seja, aquela velha mistura de death e thrash. A influência de Slayer, Destruction, Kreator e Sepultura segue firme. Embora um pouco mais elaborado, o som não foi descaracterizado. O único momento que pode causar mimimi aos puristas é realmente a canção bônus.

Feliz em ver a evolução da banda e vê-las conquistando seu espaço mesmo depois de terem sofrido tantas críticas. Quem curte som pesado e agressivo dê uma chance à esse álbum. Se deixar os preconceitos de lado, tem de tudo para virar fã. Faixas de destaque: “Arrogance”, “Intolerance Means War”, “Failed System”, “Cyberwar” e “Wayfarer”.

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Porrada oldschool

Faixas:
      01)   Arrogance
      02)   Theory of Conspiracy
      03)   Deception
      04)   Intolerance Means War
      05)   Guerra Santa
      06)   Failed System
      07)   Hostages
      08)   Surrounded By Serpents
      09)   Cyberwar
      10)   Hypocrisy
      11)   Devastation

      12)   Wayfarer (Bonus Track Brasil)