segunda-feira, 28 de novembro de 2016

Lobão – Uma Odisseia no Universo Paralelo (2001):


Por Davi Pascale

Lançado durante sua fase independente, segundo disco ao vivo do músico carioca focava em b-sides e marcava por peso em performance inspirada.

No início dos ano 2000, o musico Lobão virou o rei da cena independente brasileira. Conseguiu uma venda expressiva com seu álbum vendido em banca de jornal (o ótimo, A Vida É Doce) e apoiou a revista OutraCoisa, focada em artistas do underground. Foi justamente nessa fase que o álbum em questão foi lançado.

Mais uma vez lançado nas bancas, o disco causou menos furor. O que é uma pena. O show foi filmado pela Multishow, mas teve seu registro em vídeo arquivado. A apresentação foi exibida na íntegra no canal televisivo, mas o lançamento em DVD acabou sendo abortado. O que também é uma pena.

Uma Odisseia No Universo Paralelo trazia o musico totalmente à vontade no palco. Seguro e com uma formação enxuta (apenas um baixista e um baterista o acompanhava), João Luiz Woerdenbag Filho estava em uma fase brilhante. O repertório era focado em seu mais recente álbum – o já citado A Vida é Doce – e trazia algumas verdadeiras pérolas. “A Noite”, “O Grito” e “Samba da Caixa Preta” foram resgatadas de álbuns obscuros e se tornam um dos pontos alto da apresentação.

Ao vivo, as músicas cresciam. Sem a aproximação da MPB de Nostalgia da Modernidade e com pequenas intersecções de bateria eletrônica (algo bastante presente em Noite), as canções ganham mais peso, mais intensidade.

Show foi exibido pela Multishow

Dos anos 80, vieram alguns de seus hits: “Decadence Avec Elegance”, “Vida Bandida”, “Panamericana”, “Me Chama”... Todas com ótima reação do público e uma performance cheia de gás.

Recentemente, o cantor/compositor voltou a ser o centro das atenções quando escreveu uma carta para Chico Buarque, Caetano Veloso e Gilberto Gil e a publicou em sua pagina do Facebook. Para quem conhece seu trabalho à alguns anos sabe que ele nutre uma certa simpatia pelos artistas tropicalistas, embora já tenha criticado muitas de suas atitudes. Aqui, vinha uma homenagem para Caetano Veloso, a faixa “Para o Mano Caetano”, onde o cantor deixa bem explicita sua relação de amor/ódio ao compositor baiano. Na época, em entrevista à Folha Online, Lobão declarou que “Não é uma homenagem, é uma declaração de amor. Chego até a chorar no fim da música. O tom da minha voz é explícito. Não quero que seja visto como deboche”.

Uma Odisseia No Universo Paralelo é o melhor trabalho ao vivo de Lobão e um dos últimos grandes discos ao vivo do rock brasileiro. Se você deixou passar batido na época, vale correr atrás do prejuízo. Registro brilhante.

Nota: 9,0 / 10,0
Status: Intenso

Faixas:
      01)   Universo Paralelo
      02)   A Noite
      03)   Tão Menina
      04)   O Grito
      05)   Decadence Avec Elegance
      06)   El Desdichado
      07)   Noite e Dia/ Me Chama
      08)   Sozinha Minha
      09)   Lullaby
      10)   A Vida é Doce
      11)   Panamericana
      12)   Samba da Caixa Preta
      13)   Mano Caetano
      14)   Radio Blá

      15)   Vida Bandida