Por Davi Pascale
Depois de 10 anos sem lançar um
trabalho de inéditas, o velho lobo volta a atacar. E o cara está mais afiado do
que nunca.
Lobão sempre foi o típico artista
ame ou odeie. Sempre fez o que teve vontade, sempre disse o que estava pensando
no momento. Como aquela velha música de Raul, “eu prefiro ser uma metamorfose
ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo”, muitas vezes
mudou de convicção. Atacou o formato acústico, mas gravou álbum acústico. Fez
propaganda para o PT, agora é símbolo de oposição ao partido. Nunca foi uma
figura fácil de compreender, talvez por isso mesmo seja um artista tão
interessante. É irrequieto.
Pode-se questionar suas
declarações (se bem que costumo concordar com o que diz), algumas de suas atitudes, porém não dá para questionar seu talento
na música. Ao lado de Cazuza, Renato Russo e Arnaldo Antunes, foi considerado
um dos melhores compositores da geração 80. Sempre foi um bom guitarrista, um
bom baterista e um ótimo compositor. Prova disso é seu novo trabalho, O Rigor e a Misericórdia, que deve ir
muito em breve para as lojas. Nele, Lobão gravou todos os instrumentos. As
músicas são todas suas. Falem o que quiserem, mas gravar um álbum autoral
completamente só é tarefa para poucos.
João Luiz Woerdenbag Filho diversas vezes correu riscos em sua discografia. Flertou com o samba (Cuidado!), o eletrônico (Noite), o rock progressivo (Vímana), o hard rock. O novo disco é um álbum de rock n´ roll. Há músicas pesadas, com guitarra distorcida, sonoridades oras épicas, oras sombrias. E claro, há suas baladas com o som do seu violão invadindo os alto-falantes. Os arranjos soam atuais, mas mantêm sua essência.
João Luiz Woerdenbag Filho diversas vezes correu riscos em sua discografia. Flertou com o samba (Cuidado!), o eletrônico (Noite), o rock progressivo (Vímana), o hard rock. O novo disco é um álbum de rock n´ roll. Há músicas pesadas, com guitarra distorcida, sonoridades oras épicas, oras sombrias. E claro, há suas baladas com o som do seu violão invadindo os alto-falantes. Os arranjos soam atuais, mas mantêm sua essência.
“A Posse dos Impostores” e “Os
Vulneráveis” trazem à tona sua influência setentista com fortes referências de
Led Zeppelin, Black Sabbath e afins. “Alguma Coisa Qualquer” é arrastada e
sombria. Bem nos moldes de “Boa Noite Cinderella” (Canções Dentro da Noite Escura). “Uma Ilha na Lua”, “Ação
Fantasmagórica à Distância” são as famosas baladas violão/voz que ele faz desde
os anos 80, à exemplo de “Chorando no Campo”. “O Rigor e a Misericórdia” traz o
gingado dos tempos de Nostalgia da
Modernidade / Noite.
Não é de hoje que Lobão faz
letras com sua insatisfação com o país, com nossa política. Faixas como “O
Eleito”, “Presidente Mauricinho” e “Samba da Caixa Preta” já iam direto na
ferida. Aqui, continua com o assunto de maneira descarada em “A Marcha dos
Infames” e “A Posse dos Impostores”. Há outras, menos direta, mas que podemos
sentir a provocação como “Os Vulneráveis”. Mas nem todas as faixas são de cunho
político. Não faltam letras versando sobre amor, solidão, perda... Em “Ação
Fanstamagórica à Distância”, por exemplo, faz uma bonita homenagem à seu pai. As letras são muito bem escritas e sempre tem uma mensagem por trás.
O Rigor e a Misericórdia figura entre os grandes discos já gravados
pelo músico – como Vida Bandida, O Rock Errou, A Vida É Doce. O disco demorou para ver a luz do dia, mas o cantor
fez valer a espera. Quem é fã, pode ir sem medo.
Nota: 8,0 / 10,0
Status: Intrigante
Faixas:
01)
Overture
02)
Os Vulneráveis
03)
A Marcha dos Infames
04)
Assim Sangra e Mata
05)
O Que Es La Soledad En Sermos Nosotros
06)
Alguma Coisa Qualquer
07)
Dilacerar
08)
Os Últimos Farrapos da Liberdade
09)
A Posse dos Impostores
10)
Ação Fantasmagórica à Distância
11)
Profunda e Deslumbrante Como o Sol
12)
Uma Ilha na Lua
13)
A Esperança é a Praia de Um Outro Mar
14) O Rigor e a Misericórdia
14) O Rigor e a Misericórdia