Por Davi Pascale
Mario Pastore é considerado uma
das grandes vozes da cena metálica brasileira. Na verdade, sua carreira é muito
mais longínqua do que a galera imagina. O primeiro álbum registrado pelo rapaz
foi o Biometric Genesis, da banda
Acid Storm, lá por 1991, 1992. De lá para cá, manteve-se na ativa, gravando com
diversos grupos e projetos, até que conseguiu finalmente se firmar com o
Pastore. Uma espécie de carreira-solo.
O trabalho anterior, The End Of Our Flames, trouxe alguns
conflitos internos e o músico precisou se recompor para criar o terceiro
capítulo da saga. Phoenix Rising não
traz uma banda fixa. Embora o encarte traga em destaque os retratos de Ricardo
Baptista, Marcio Eidt e Marcelo de Paiva Berno, as faixas foram gravadas com
diferentes formações. Sim, essa rapaziada participou da gravação do álbum, mas
há outros nomes envolvidos.
Embora conte com diversos
convidados, o trabalho não soa desconexo. Muito pelo contrário, não apenas soa
consistente do início ao fim, como é facilmente um dos melhores trabalhos
nacionais que ouvi na cena heavy nos últimos anos. Sem brincadeira.
A capa do álbum tem um ‘q’ de
Primal Fear. Aliás, o visual de Mário Pastore também. Muitos se referem à ele
como o Ralf Scheepers brasileiro e não é atoa. Realmente, o visual é bem similar.
A pegada aqui é power metal de primeira qualidade. Som pesado, vocal gritado,
gravação acima da média dos padrões brasileiros.
“Phoenix Rising” abre o CD com
uma pegada bem Judas Priest. Inclusive, nos trabalhos vocais. Pastore apresenta
uns agudos bem na onda do Rob Halford. Se quiserem citar o Primal Fear, já que
a galera gosta tanto da comparação, também vale. Vamos ser honestos, os alemães
também bebem bastante na fonte do Priest.
Recentemente, o cantor lançou um
projeto intitulado Powerfull, onde deixa claro seu amor pelo Iron Maiden. Esse
lado aparece aqui, com clareza, na linha vocal do refrão de “Damn Proud” e nos
versos de “Salvation Paradise”. Nítida, a influência de (Bruce) Dickinson.
Embora Mario seja notoriamente o
cabeça do projeto, vale destacar os ótimos trabalhos de guitarra e de bateria
que ajudam a tornar o trabalho empolgante. Os arranjos estão não apenas muito
bem executados, mas muito bem construídos, mesclando momentos velozes com
momentos cadenciados, mudanças de andamento... Enfim, tudo aquilo que esperamos
dentro do gênero e que nem todo mundo tem competência para fazer direito.
“Holy War” e, especialmente, “Fire
and Ice” estão entre os grandes destaques do álbum. Entretanto, uma que
gostaria de chamar a atenção é a faixa “No More Lies” onde temos o cantor
saindo um pouco do seu estilo habitual e apresentando uma linha vocal claramente
inspirada em Ronnie James Dio.
Durante muito tempo, a cena metálica
brasileira ficou restrita à uma meia dúzia de nomes que dominavam o circuito. Tudo
bem, os caras realmente eram – e continuam sendo – feras, mas quanto mais nomes
se destacando tivermos, mais forte a cena será. Realmente, muito bacana vermos
tantas bandas crescendo nos últimos anos e apresentando trabalhos de altíssimo
nível. Se você está por fora do que anda rolando na cena metálica brasileira,
aqui está uma ótima porta de entrada. Nos próximos dias, estarei escrevendo
sobre mais alguns trabalhos que me chamaram a atenção. Quem curte metal, fique
atento.
Ah... E aos colecionadores de plantão, vale correr atrás da versão japonesa
que conta com uma faixa bônus. Uma versão para “Lightning Strikes Again” do
Dokken, com a participação especialíssima de Edu Ardanuy (Dr. Sin), um dos
melhores guitarristas do Brasil. Fica a dica!
Nota: 9,0 / 10,0
Faixas:
01)
Phoenix
Rising
02)
Damn
Proud
03)
Symphony
of Fear
04)
March
of War
05)
No
More Lies
06)
Salvation
Paradise
07) I Need More
08) Holy
War
09) Time
Goes By
10) Get
Outta My Way
11) Fire
And Ice