terça-feira, 19 de maio de 2015

Humble Pie – Live At Winterland 1973 (2012):



Por Davi Pascale

Apresentação clássica é relançada em edição que acompanha vinil 180 gramas e CD. Performance comprova energia e alta qualidade dos músicos envolvidos.

Humble Pie foi um dos grandes nomes da cena setentista. Depois da explosão da British Invasion dos anos 60, que foi responsável por lançar ao mundo gigantes como Beatles, Rolling Stones e The Animals, houve uma segunda grande cena na Inglaterra. Embora ainda com forte influência do blues (Beatles eram mais discretos, mas artistas como Stones e Yardbirds eram descarados), os músicos dessa vez vinham com uma pegada mais pesada. Primeira cena daquilo que podemos chamar de hard rock e que seria influência direta para o princípio do heavy metal. Nessa leva, podemos citar sem medo de errar grandes nomes como Cream, Led Zeppelin, Free e, é claro Humble Pie.

O grupo Humble Pie nasceu em 1968, lançando seu debut (o clássico As Safe as Yesterday) no ano seguinte. Steve Marriott, líder do grupo, já era conhecido entre os rockers por conta de sua participação no Small Faces. Na primeira formação, tínhamos ainda o guitarrista Peter Frampton. Embora já fosse um músico talentoso e experiente (já havia gravado com o The Herd) ainda não tinha a popularidade que encontraria na década seguinte (seu álbum solo Frampton Comes Alive é considerado um dos LPs mais vendidos na história da música). Foi no terceiro álbum, o primeiro pela A&M Records, que resolveram mergulhar de cabeça nessa sonoridade blues/rock. E foi exatamente aí que sua popularidade começou a crescer. Frampton era extremamente respeitado entre os críticos e adorado entre os fãs. Começou a criar sua fama aqui. Quando se afastou do grupo, muitos acreditavam que seria o fim da banda. Estavam errados. Smokin´, o primeiro com Clem Clempson, é um marco na trajetória dos rapazes. É o trabalho que teve maior vendagem em sua discografia. E o show que temos aqui é exatamente dessa turnê.

Steve Marriott se destaca no show

Esse registro foi lançado pela primeira vez em 1995. A apresentação foi gravada para ser transmitida em um popular programa de rádio chamado King Biscuit Flower Hour, que durou de 1973 à 2007. Em 1992, foi criado o King Biscuit Flower Hour Records com o intuito de resgatar algumas dessas performances clássicas. E foi daí que nasceu sua primeira edição. Muitos acreditavam o lançamento ser um tiro no pé. Já existia um trabalho ao vivo dos rapazes, Performance Rockin´ At The Fillmore, lançado ainda nos anos 70, que é considerado um clássico. Muitos achavam difícil que conseguissem manter o padrão. Estavam errados. Eu, particularmente, tenho muito mais afinidade com o trabalho de Frampton (do qual sou grande fã de sua carreira solo também) do que com o trabalho de Clempson, mas não dá para diminuir a apresentação. A performance é, no mínimo, explosiva.

Gravado no lendário Winterland Ballroom, em Maio de 1973, a apresentação demonstra uma energia poucas vezes vistas. O show é repleto de improvisos, principalmente dos guitarristas Steve Marriott e Clem Clempson, que estavam literalmente endiabrados. Completavam a formação, o baterista Jerry Shirley e o baixista Greg Ridley. O trabalho vocal de Marriott também impressiona. Cantando com a voz lá nas alturas, a impressão que temos é que o rapaz vai pedir penico depois de 2 ou 3 faixas, mas o cara mantém a garra até o fim da apresentação.

No setlist, apostavam principalmente em canções de seu, até então, mais recente trabalho Smokin´ e de seu LP ao vivo Rockin´ At The Fillmore. Misturavam-se canções autorais como “Hot n´ Nasty” e “30 Days In The Hole” (sim, é a que o Mr. Big gravou) com versões de clássicos do blues e do rock como “Hallellujah, I Love Her So” (Ray Charles), “Honky Tonk Woman” (Rolling Stones) e “C´mon Everybody” (Eddie Cochran). - Essa última, ficou quase irreconhecível - Todas interpretadas com uma energia invejável. 

Capa original
   
A garra era tanta que nem na hora de se comunicar com o público o rapaz se acalmava. Marriott conversava com o publico e anunciava as próximas músicas como se estivesse cantando. Performance, literalmente, contagiante. Com o passar dos anos, esse acabou se tornando um dos registros mais populares dos rapazes e retornando ao mercado diversas vezes. Cada hora com uma capa e um nome diferente. 

Para quem não tem ainda esse disco, vale a pena correr atrás dessa edição caprichada que traz a performance na íntegra em vinil duplo 180 gramas, acompanhados de um CD. O único senão é que algumas faixas apresentam um rápido fadeout. Não lembro se as outras edições eram assim. Elas não cortam as músicas, mas algumas vezes quebra um pouco o clima da audição. Do mais, sem reclamações. Registro essencial!

Nota: 9,0/10,0
Status: Mágico

Faixas:
      01)   Up Our Sleeve
      02)   4 Day Creep
      03)   C´mon Everybody
      04)   Honky Tonk Woman
      05)   Stone Cold Fever
      06)   Blues I Believe To My Soul
      07)   30 Days In The Hole
      08)   Roadrunner
      09)   Hallellujah, I Love Her So
      10)   I Don´t Need No Doctor
      11)   Hot n´ Nasty