Por Davi Pascale
Os mineiros do Jota Quest nunca
esconderam sua admiração pela black music. Especialmente, o funk. Entretanto,
com o passar dos anos, essa influência foi ficando cada vez menos perceptível.
As baladas começaram a aumentar, o beat deu uma diminuída. O grupo, que nunca
foi unanimidade, se tornou grande alvo de críticas. O novo trabalho traz os rapazes de volta às raízes.
Em seu trabalho anterior, Funky Funky Boom Boom, os meninos já
haviam começado sua reaproximação com o passado. Reaproximação que se
intensifica agora em Pancadélico.
Para que conseguissem reproduzir o groove em sua essência, os músicos foram direto à fonte. O guitarrista Nile Rodgers, do lendário Chic, volta a
dar as caras. Além dele, pinta por aqui, Stuart Zender do cultuado Jamiroquai.
A sacada deu certo. A alegria, groove,
a pegada dançante, permeiam o novo álbum. “A Vida Não Tá Fácil Pra Ninguém”, “Blecaute”,
“Freak Fonk Funk” nos levam de volta aos anos 70. Quando a black music dominava
as danceterias com seu swingado cheio de malícia. A faixa de trabalho, “Blecaute”,
inclusive, pode deixar os ouvintes mais ortodoxos de cabelo em pé ao notarem a
presença da cantora Anitta. Mas não precisam ficar preocupados.
Eles não se arriscaram no universo dela. Não estão brincando de MC. Fizeram o
oposto. Trouxeram ela para o universo deles. Ou seja, cheio de referências de
Funkadelic, Kool And The Gang... E, verdade seja
dita, ficou bacana.
“Um Dia Para Se Esquecer” e,
principalmente, “Sendo Assim” apresentam influência do reggae. “Risco Brasil”
resgata o soul do síndico Tim Maia, enquanto “Mágica” e “Daqui Só Se Leva o
Amor” retoma o universo das famosas baladas.
Pancadélico resgata elementos de sua fase inicial |
Se tivesse que escolher uma
palavra para definir o novo álbum seria ‘alegria’. As cores não aparecem
somente no grafite que ilustra a arte do disco, mas também nos arranjos, nas
vocalizações, nos backings, no sentimento. Enquanto vários artistas lutam para
criarem canções que fiquem na cabeça dos ouvintes, os rapazes demonstram
estarem em um de seus melhores momentos. Várias composições têm de tudo para se tornarem novos clássicos do conjunto. Márcio, Marco Tulio, Paulinho, P.J. e Rogério Flausino fizeram seu
melhor trabalho desde De Volta Ao Planeta.
E olha que eles têm bastante discos bacanas...
O Jota Quest sempre contou com
bons músicos, portanto, falar que está bem tocado é chover no molhado. Podem
criticar as letras, a postura dos rapazes, a mudança de sonoridade, mas não tem
como negarem que sempre foram um grupo ultra-competente. Sem dúvidas, o melhor trabalho
brasileiro que ouvi esse ano. Se você gostava deles na época de J. Quest, vale a
pena dar uma checada nesse novo álbum. Trabalho simplesmente contagiante.
Nota: 9,0 / 10,0
Status: Alegre e contagiante
Faixas:
01)
A Vida Não Tá Fácil Pra Ninguém (feat. Nile
Rodgers)
02)
Blecaute (feat. Anitta e Nile Rodgers)
03)
Sexo e Paixão (feat. Mista Raja)
04)
Um Dia Pra Não Se Esquecer (Sunrise)
05)
Mares do Sul (feat. Stuart Zender)
06)
Sendo Assim
07)
Risco Brasil
08)
Beijos em Paris
09)
Pra Quando Você Se Lembrar de Mim
10)
Mágica
11)
Freak Fonk Funk (Até o Sol Raiar)
12)
Doces Lábios (feat. Zappa)
13)
Daqui Só Se Leva O Amor