Por Davi Pascale
Ex-vocalista do Iron Maiden chama
a atenção em EP acústico. Contando com a participação de apenas dois músicos, o
rapaz lança um CD que é, no mínimo, curioso. Quem é fã do cantor, deve
conferir.
O primeiro contato que tive com Blaze
Bayley foi quando ele entrou no Maiden, com a dificílima tarefa de substituir
Bruce Dickinson. Minhas impressões não foram as melhores. The X Factor trazia uma sonoridade mais sombria, que de nada me
agradou, e sua voz parecia simplesmente não casar com a sonoridade da banda.
Tudo piorou ainda mais depois que vi o rapaz em ação, ao lado da donzela de
ferro, no festival Monsters of Rock
em 1996. Vestindo uma camiseta preta de furinhos, que me lembrou muito os
dançarinos da Madonna, e sem conseguir alcançar as notas nas músicas da era
Bruce, posso dizer que sua performance não me cativou. O rapaz só ganhou minha
atenção depois que ele saiu do grupo de Steve Harris e montou seu próprio grupo,
lançando o ótimo Silicon Messiah. A
partir daí vim acompanhando sua consistente carreira-solo e descobrindo seus
trabalhos ao lado do Wolfsbane, que são muito bacanas também.
Em 2013, Blaze colocou no mercado
esse inusitado EP realizado ao lado de Thomas Swijsen. Se você não é desses
caras que gosta de ficar vasculhando a internet atrás de novos artistas ou não
tem o Iron Maiden como sua banda numero 1, é bem capaz que não saiba de quem se
trata. Thomas é um guitarrista belgo que ficou conhecido por gravar músicas de
rock explorando o violão clássico. Entre elas, diversas músicas do Maiden, de
quem é fã declarado. Ou seja, não temos aqui guitarras e bateria falando alto,
como se espera em um disco de um artista de metal. As músicas contam com
violões, violinos, o vocal de Blaze e nada mais.
Trabalho acústico traz parceria com jovem músico belga |
“Stealing Time” abre o disco. A
canção, lançada originalmente em Tenth
Dimension, ganhou uma nova roupagem. Contando com o auxílio de Anna Bakker
nos violinos, a música ganha um ar de dramaticidade. Infelizmente, a
participação da moça põe tudo a perder. Soa como se o Familia Lima tivesse
resolvido dar uma de Apocalyptica, o que não é algo exatamente bom. Na sequência,
temos a faixa-titulo. Uma canção inédita e um dos pontos altos do disco. Com
uma ótima melodia e um bom trabalho vocal de Bayley, cativa o ouvinte.
O CD segue com “The Soundtrack of My Life”, do album
Blood & Belief. Outra que
foi totalmente recriada para o projeto, ganhando uma cara meio Iron Maiden. Não,
a original não tinha essa pegada. E ficou bem legal! “One More Step” é mais uma
que vem de sua carreira-solo. Dessa vez, do The King of Metal. Talvez a mais sombria desse trabalho. Contando
apenas com violão e voz, a musica está bem interpretada, mas o arranjo pede por
complementos. A impressão que dá é que os caras estavam passando o som de algum
show.
Em um projeto que conta com um
ex-vocalista do Iron Maiden e um músico que é fã declarado do grupo britânico,
era de se esperar que uma música dos caras aparecesse por aqui, certo? Pois
bem, eles decidiram encerrar o disco com uma canção do já citado The X Factor, “Sign Of The Cross”. Para
minha alegria, é uma das poucas faixas que gosto daquele álbum. Anna volta a
aparecer com seus violinos, mas aqui ficou bom. Ajudou a dar uma nova cara para
a faixa (já que o violão e o trabalho vocal foram interpretados bem próximos à
versão original), trazendo um pouco mais de alegria. A garota fez um bonito
trabalho por aqui.
Russian Holiday não é um trabalho clássico, divisor de águas, marcante,
mas é um trabalho interessante. Se você é fã do cara, vale a pena parar para
ouvir. Se não conhece muito seu trabalho, há trabalhos melhores para começar
sua jornada.
Nota: 7,0 / 10,0
Status: Diferente
Faixas:
01) Stealing
Time
02) Russian
Holiday
03) Soundtrack
Of My Life
04) One
More Step
05) Sign
Of The Cross