quinta-feira, 13 de outubro de 2016

Vinnie Vincent Invasion – Vinnie Vincent Invasion (1986):



Por Davi Pascale

Primeiro álbum de Vinnie Vincent pós-Kiss completa 30 anos. Disco trazia um verdadeiro dream-team e comprovava, mais uma vez, o talento de Vinnie enquanto compositor. Trabalho que merece ser redescoberto.

É inacreditável, mas mesmo com toda a popularidade que o grupo de Stanley/Simmons tem no Brasil, ninguém se deu ao trabalho de escrever uma matéria digna sobre esse álbum. Portanto, aqui estou tentando fazer minha parte.

Vinnie Vincent Invasion chegou às lojas dia 24 de Agosto de 1986. Vincent John Cusano está longe de ser considerado o músico mais agradável do mundo, mas ninguém nega seu talento. Nem enquanto guitarrista, nem enquanto compositor. E seu talento ficava comprovado, mais uma vez, nesse disco. Das 10 faixas; 2 são uma parceria com o cantor Robert Fleischman (“Do You Wanna Make Love” e “Invasion”) e uma com Vinnie Richard Freeman (“Back On The Streets”). As outras 7 músicas, o rapaz escreveu sozinho.

O material começou a surgir ainda em 1984, a partir de um encontro com o baterista Hirsch Gardner, seu velho parceiro de Warrior. Mais precisamente, a partir de 9 de Outubro de 1984. Os músicos se reuniram continuamente durante 6 meses, de onde nasceram muitas ideias de músicas, de riffs. O rapaz escreveu novas composições, resgatou faixas engavetadas, recriou uma parte do material.

“Boyz Are Gonna Rock”, “Animal” e “Twisted” foram escritas enquanto ainda pertencia ao grupo de Gene Simmons. “Boyz Are Gonna Rock” inspirou “And On The 8th Day”. Algumas partes da letra tiveram que ser ajustadas. Algumas adaptações surgiram de outras músicas engavetadas. A frase”until the day we drop”, por exemplo, é uma alteração de ‘until they get a job” de uma antiga canção dos tempos de Warrior. Fez a mesma coisa em “Animal”. Pegou um trecho de “It´s Not Pretty”, também dos tempos de Warrior, e adaptou na música. “With the queen of my dreams” tornou-se “angelic creation, queen of my dreams”.

Inspiradaço, o músico gastou $30.000,00 na criação de uma demo e saiu mandando para as gravadoras. As faixas escolhidas foram “Boyz Are Gonna Rock”, “Shot u Full Of Love” e “No Substitute”. A fita acabou caindo nas mãos de George Sewitt, que havia trabalhado com Peter Criss em sua carreira solo e estava trabalhando com Ace Frehley no Frehley´s Comet. O empresário ficou impressionado com o material e prometeu conseguir um contrato para ele. Foi por causa desse intermédio que Ace acabou gravando “Back On The Streets”. (A música saiu oficialmente anos mais tarde no álbum-tributo Return Of The Comet). George cumpriu sua promessa e conseguiu um contrato com a Chrysalis Records. Vinnie fechou um contrato de $4.000.000,00 prometendo 8 álbuns em 10 anos para os executivos. Algo que não conseguiu, diga-se de passagem.

O rapaz tinha um contrato, mas não tinha banda ainda. Trouxe Dana Strum, músico reconhecido na cena que costumava indicar músicos para meio mundo. Paul Stanley o procurou, por intermédio de Ozzy Osbourne, para tentar descobrir o novo guitarrista do Kiss, assim que Vinnie saiu. Dana não o ajudou, e pouco depois foi parar na banda do arqui-inimigo de Paul. Para a bateria, estava sendo cogitado Fred Coury (Cinderella, David Lee Roth) e Gregg Bissonette, mas acabaram optando por Bobby Rock. Um novo talento que os havia impressionado na audição. O nome da banda saiu do release. Junta com a fita vinha um recado: “this is not music, is an invasion”, ou no velho português, “isso não é música, é uma invasão”.

O trabalho vocal ficou por conta de Robert Fleischman, ex-vocalista do Journey. Mais uma vez, o cara não deu certo em uma banda por questão empresarial. Na época do Journey, os músicos não queriam que ele tivesse um empresário separado da banda. Nesse caso, o empresário de Vinnie queria entregar um contrato ruim para o rapaz. Não teria direito a adiantamento, não teria participação nos direitos autorais, nem nada do tipo. Queriam que atuasse como um músico contratado.

Fleischman não aceitou e saiu da banda antes que os músicos caíssem na estrada. Para a turnê, entrou Mark Slaughter. É por conta disso que o videoclipe de “Boyz Are Gonna Rock” traz Mark dublando Fleischman. Chegou-se a cogitar regravar o disco com o novo vocalista antes de coloca-lo nas lojas, existe uma gravação de “Shot Full Of Love” com eles nos vocais, mas por uma questão de verba ficou tudo como estava.

A banda conseguiu um certo destaque na época e chegou a dividir palco com grandes nomes como Iron Maiden e Alice Cooper. Musicalmente, o disco trazia um hardheavy de primeira e faixas inspiradíssimas. Como curiosidade, vale reparar o riff de “Boyz Are Gonna Rock”, chupado de “Lick It Up”, além de Vinnie Vincent se arriscando em um dueto com Fleischman em “Back On The Streets”.

Muitos reclamam do vocal de Fleischman cantando para cima o tempo todo. O cantor era contra a ideia, mas acabou seguindo as orientações do guitarrista, o criador da banda. As guitarras de Vinnie são as usuais. Ótimos riffs e solos velozes, ou como gostam de dizer alguns críticos, fritados. Nos shows, o álbum era interpretado na integra e eram adicionados um numero instrumental chamado "Speedball" (uma espécie de duelo entre Vinnie e Bobby) e uma versão de "Lick It Up". O repertório do álbum é realmente fortíssimo. Refrãos memoráveis e riffs inspirados. Como disse, um material, que merece ser redescoberto.

Nota: 9,0 / 10,0
Status: Excelente

Faixas:
      01)   Boyz Are Gonna Rock
      02)   Shot U Full Of Love
      03)   No Substitute
      04)   Animal
      05)   Twisted
      06)   Do You Wanna Make Love
      07)   Back On The Streets
      08)   I Wanna Be Your Victim
      09)   Baby-O 
      10)   Invasion