sexta-feira, 9 de junho de 2017

Linkin Park – One More Light (2017):



Por Davi Pascale

Há uma diferença entre inovar e se vender. Quando um artista inova, ele traz elementos de outros segmentos para dentro de seu trabalho. Quando tudo é mudado e vai tudo de frente para o que está sendo trabalhado na mídia, não há dúvidas, o cara se vendeu bonito. E é essa sensação que me dá ao ouvir o disco novo do Linkin Park.

Esqueçam as guitarras pesadas, esqueçam os berros, esqueçam as linhas rappers. Nada disso está mais no centro do som da banda californiana. Aliás, muitos desses elementos não estão mais no som do grupo. As linhas rappers de Mike Shinoda, que tanto ajudou a definir o som dos garotos, aparecem agora somente em “Good Goddbye”. O rapaz, inclusive, quase não aparece no álbum. Muitas vezes me dá a sensação de estar ouvindo um trabalho solo do Chester Bennington. Não me surpreenderia receber a notícia de que Shinoda se desligou do grupo.

Evidente que o trabalho possui uma certa qualidade. A qualidade de gravação do álbum, dentro de sua proposta, é perfeita. O problema é a proposta que, certamente, irá incomodar muitos. Aqui, o Linkin Park deixa de ser uma banda de rock para se tornar um conjunto pop. No sentido literário do termo. “Heavy” é uma canção que poderia constar no álbum de uma Katy Perry da vida, sem sofrer nenhuma alteração no arranjo.

As guitarras distorcidas deram espaço à uma guitarra magra, conforme podemos conferir em “Talking to Myself”. Está mais para Thirty Seconds to Mars do que qualquer outra coisa. Boa parte da bateria é eletrônica, como podemos notar em “Battle Symphony” ou em “Halfaway Right”. Aliás, os elementos eletrônicos ditam a sonoridade de todo o álbum.

Sim, é verdade que os elementos eletrônicos sempre se fizeram presentes no som dos garotos, mas nunca em tamanha intensidade e nunca em tamanha modernidade. O Linkin Park foi uma banda que ditou moda, agora eles seguem a moda. O estilo de construção eletrônica presente aqui é a mesma utilizada por artistas pop teen.  One More Light parece querer mais agradar ao publico de balada do que aos rockers. Nada contra, mas uma coisa é uma coisa. E outra coisa é outra coisa.

Como disse, o disco dentro da proposta é bem feito. O refrão de “Sorry For Now” é bem construído, a melodia de “Sharp Edges” também. O trabalho vocal de Chester é bom. Bastante melódico e bem interpretado. Contudo, o som clean demais e a enorme preocupação de estar de braços dados com o que dita a moda, me incomoda um pouco. Na torcida para que em um próximo trabalho, sua pretensão não seja meramente comercial...

Nota: 6,0 / 10,0
Status: Pop além da conta

Faixas:
      01)   Nobody Can Save Me
      02)   Good Goodbye feat. Pusha and Stormzy
      03)   Talking to Myself
      04)   Battle Symphony
      05)   Invisible
      06)   Heavy feat.  Kitara
      07)   Sorry For Now
      08)   Halfway Right
      09)   One More Light
     10)   Sharp Edges