Por Davi Pascale
Dave Mustaine ataca novamente! Com
nova formação, o Megadeth chega à seu décimo-quinto álbum e entrega trabalho
honesto e bem resolvido.
Que o Megadeth é um dos pilares
do thrash metal ninguém tem dúvidas. Só o que eles fizeram em álbuns como Peace Sells... But Who´s Buying e Rust
In Peace já é mais do que suficiente para colocá-los como um dos principais
nomes do gênero. Muitos fãs gostam de ficar comparando-os ao Metallica, já que
seu líder fez parte da primeira formação dos caras, mas a verdade é que hoje
são 2 bandas distintas. Metallica gosta de ousar mais, de experimentar mais,
não ficam mais presos ao rótulo de thrash. Megadeth por outro lado, teve suas
experimentações aqui e ali, mas está cada vez mais voltado ao gênero e Dystopia é uma prova disso.
Para o bem ou para o mal, o que
temos aqui é um álbum de thrash metal. Sendo assim, tem de tudo para agradar os
admiradores do grupo. Claro que não dá para compará-lo à um So Far So Good So What, nem à um Youthanasia, mas o trabalho apresentado
aqui é bem acima da média. Os riffs são fortes, o trabalho de bateria é matador
e Kiko Loureiro está arrebentando no disco. Diria que é o melhor disco deles
desde The System Has Failed.
Há algumas novidades, como uma
orquestração na arrastada “Poisonous Shadows” ou a instrumental “Conquer Or Die”,
onde temos Kiko demonstrando sua influência de violão clássico no início da
música. Muitas qualidades, contudo, foram mantidas. O lado político de Dave
Mustaine volta a aparecer em “Post American World”, “The Emperor” e “Dystopia”.
A velha influência punk também volta a dar as caras. Essa não é a primeira vez
que gravam algo do gênero. Já haviam registrado uma versão explosiva de “Anarchy
In The Uk” em seu trabalho de 1987 e “Problems” em seu EP de 1995. Dessa vez,
contudo, a escolhida não foi uma faixa dos Sex Pistols. Foi uma faixa da banda
Fear. No caso, “Foreign Policy”. Ótima versão, por sinal.
Kiko Loureiro se destaca em novo disco da banda |
Dystopia é um álbum típico do Megadeth. Pesado, arrastado, com
várias faixas cadenciadas, com vários arranjos em mid-tempo. Dave continua
cantando no seu estilo habitual. Pouca coisa mais mole, é verdade, mas nada que
frustre ou espante. Faixas como “Death Fom Within”, “The Threat Is
Real”, “Bullet To The Brain” e “Melt The Ice Away” já
nascem clássicas e devem enlouquecer os fãs nos shows.
Existe um boato de que Dave Mustaine havia ficado de olho no Pepeu Gomes e chegou à fazer um convite para o rapaz integrar a banda. Isso lá pelo final dos anos 80, início dos anos 90. Muitos questionavam a veracidade do fato. A realidade é que um brasileiro finalmente assumiu o posto de guitarrista do Megadeth. Não foi o rapaz dos Novos Baianos que ficou com a vaga, foi o do Angra.
Embora tenha criado seu nome na cena do heavy metal, Kiko Loureiro também vinha de uma escola diferente. Não era um nome que se imaginava quando se falava de thrash metal. Bom, essa história deve mudar daqui em diante. Kiko brilha nos solos de “The Emperor”, “Poisonous Shadows” e “Fatal Illusion”. Nunca imaginaria que iria dizer isso, mas o cara deu uma revigorada na banda. Pelo
visto, a nova formação do Megadeth deu mais do que certo. Agora é ficar na torcida para que
esse lineup dure e que venham mais discos como esse em um futuro próximo.
Nota: 8,0 /
10,0
Status:
Honesto e inspirado
Faixas:
01) The Threat Is Real
02) Dystopia
03) Fatal Illusion
04) Death From Within
05) Bullet To The Brain
06) Post American World
07) Poisonous Shadows
08) Conquer Or Die
09) Lying In The State
10) The Emperor
11) Foreign Policy
12) Melt The Ice Away