Por Davi Pascale
Novo trabalho dos alemães do Gamma Ray foi marcado por uma série de
acontecimentos. Apesar de ter atrasado um ano (os planos iniciais eram para
2013), os músicos soltaram o tão esperado álbum no mercado e, o mais
importante, fez valer a espera.
Desde To The Metal vários episódios
ocorreram no dia-a-dia dos músicos. Dan Zimmerman, baterista que estava com
eles desde Somewhere Out In Space
(1997) abandonou o grupo alegando que queria mudar sua rotina. Não queria ficar
viajando muito. O Hammer Studio Hamburg,
cujos proprietários eram o guitarrista/vocalista Kan Hansen e o baixista Dirk
Schlachter, ambos músicos do Gamma Ray, foi atingido por um incêndio sendo
completamente destruído. Por sorte, as gravações do novo disco não foram
atingidas.
Fora essas situações tristes, outro fator ajudou a atrasar o lançamento.
Ao mesmo tempo em que trabalhava em Empire
Of The Undead, Hansen trabalhava em Light
of Dawn, segundo CD do supergroup Unisonic (já resenhado nesse blog) e
tinha que se dividir em dois. Ao menos, essa notícia era mais alegre...
Kai Hansen ajudou a criar o que hoje é conhecido como power metal. Para
quem não conhece sua história, antes de criar o Gamma Ray, o cantor fez parte
do Helloween, com quem gravou os clássicos Walls
of Jericho, Keeper Of the Seven Keys
(parte 1 e 2) e Live In The UK. Não
apenas era guitarrista, como também compunha. Portanto, não é de se estranhar
referências do grupo de Michael Weikath por aqui. Faixas como “Hellbent” e “Master of Confusion”
nos remetem diretamente ao Helloween. Dicas: “Ride The Sky” e “I Want Out”.
Escute esses sons e veja se não há algumas similaridades.
Empire Of The Undead é o primeiro trabalho com Michael Ehre |
As influências sempre foram muito claras. Além do Helloween (por
circunstâncias óbvias) é bem comum pegarmos referências de Judas Priest e Iron
Maiden. “Pale Rider” é uma que deixa claro as influências do grupo de Rob
Halford. É como se fosse um cruzamento entre Judas e Accept. O lado maiden
surge em “Seven”, principalmente no refrão. Tenho certeza que Steve Harris
ficaria orgulhoso. A que mais foge do senso comum é a balada “Time For
Deliverance” com sua forte influência de Queen. Do mais, destacaria “Demonseed”
que nos remete à cena metal dos anos 80 e a épica “Avalon”.
Embora Hansen seja o cabeça, todos os músicos contribuem nas criações.
Inclusive, o novo baterista Michael Ehre (ex-Metalium). “Pale Rider” é dele,
embora a letra tenha sido escrita por Kai. A letra fala sobre fazer um acordo
com o diabo e se dar mal. “Master of Confusion” tem uma história interessante,
já que fala sobre o dia-a-dia da banda. Os músicos têm a fama de serem
desorganizados e de não serem muito pontuais em seus compromissos o que, às
vezes, atrapalha a agenda da banda. A letra nasce daí. Uma brincadeira com eles
mesmos. “Hellbent”, por outro lado, é mais uma canção homenageando o heavy
metal e seus fãs. Assunto batido, mas que sempre funciona.
A versão europeia conta com “Built a World” como bônus. Inicialmente, a
canção havia sido criada para o Unisonic, mas foi descartada porque não se
encaixava na voz de Michael Kiske. Kai resolveu traze-la, com a devida
autorização, para o outro disco que vinha trabalhando. Ao lado do Gamma Ray,
Hansen entrega álbum empolgante e inspirado. Sempre gostei dos discos da banda.
Mesmo Majestic e To The Metal que muita gente malha,
acho bacana. Mesmo assim, arriscaria dizer que esse é seu melhor trabalho desde
Powerplant. Vá de olhos fechados.
Nota: 9,0/10,0
Status: Empolgante
Faixas:
01)
Avalon
02)
Hellbent
03)
Pale Rider
04)
Born To
Fly
05)
Master of Confusion
06)
Empire of
the Undead
07)
Time For
Deliverance
08)
Demonseed
09)
Seven
10)
I Will
Return
11)
Built a World (bônus – versão européia)