segunda-feira, 8 de dezembro de 2014

Gamma Ray – Empire Of The Undead (2014):





Por Davi Pascale

Novo trabalho dos alemães do Gamma Ray foi marcado por uma série de acontecimentos. Apesar de ter atrasado um ano (os planos iniciais eram para 2013), os músicos soltaram o tão esperado álbum no mercado e, o mais importante, fez valer a espera.

Desde To The Metal vários episódios ocorreram no dia-a-dia dos músicos. Dan Zimmerman, baterista que estava com eles desde Somewhere Out In Space (1997) abandonou o grupo alegando que queria mudar sua rotina. Não queria ficar viajando muito. O Hammer Studio Hamburg, cujos proprietários eram o guitarrista/vocalista Kan Hansen e o baixista Dirk Schlachter, ambos músicos do Gamma Ray, foi atingido por um incêndio sendo completamente destruído. Por sorte, as gravações do novo disco não foram atingidas.

Fora essas situações tristes, outro fator ajudou a atrasar o lançamento. Ao mesmo tempo em que trabalhava em Empire Of The Undead, Hansen trabalhava em Light of Dawn, segundo CD do supergroup Unisonic (já resenhado nesse blog) e tinha que se dividir em dois. Ao menos, essa notícia era mais alegre...

Kai Hansen ajudou a criar o que hoje é conhecido como power metal. Para quem não conhece sua história, antes de criar o Gamma Ray, o cantor fez parte do Helloween, com quem gravou os clássicos Walls of Jericho, Keeper Of the Seven Keys (parte 1 e 2) e Live In The UK. Não apenas era guitarrista, como também compunha. Portanto, não é de se estranhar referências do grupo de Michael Weikath por aqui.  Faixas como “Hellbent” e “Master of Confusion” nos remetem diretamente ao Helloween. Dicas: “Ride The Sky” e “I Want Out”. Escute esses sons e veja se não há algumas similaridades.

Empire Of The Undead é o primeiro trabalho com Michael Ehre

As influências sempre foram muito claras. Além do Helloween (por circunstâncias óbvias) é bem comum pegarmos referências de Judas Priest e Iron Maiden. “Pale Rider” é uma que deixa claro as influências do grupo de Rob Halford. É como se fosse um cruzamento entre Judas e Accept. O lado maiden surge em “Seven”, principalmente no refrão. Tenho certeza que Steve Harris ficaria orgulhoso. A que mais foge do senso comum é a balada “Time For Deliverance” com sua forte influência de Queen. Do mais, destacaria “Demonseed” que nos remete à cena metal dos anos 80 e a épica “Avalon”.

Embora Hansen seja o cabeça, todos os músicos contribuem nas criações. Inclusive, o novo baterista Michael Ehre (ex-Metalium). “Pale Rider” é dele, embora a letra tenha sido escrita por Kai. A letra fala sobre fazer um acordo com o diabo e se dar mal. “Master of Confusion” tem uma história interessante, já que fala sobre o dia-a-dia da banda. Os músicos têm a fama de serem desorganizados e de não serem muito pontuais em seus compromissos o que, às vezes, atrapalha a agenda da banda. A letra nasce daí. Uma brincadeira com eles mesmos. “Hellbent”, por outro lado, é mais uma canção homenageando o heavy metal e seus fãs. Assunto batido, mas que sempre funciona.

A versão europeia conta com “Built a World” como bônus. Inicialmente, a canção havia sido criada para o Unisonic, mas foi descartada porque não se encaixava na voz de Michael Kiske. Kai resolveu traze-la, com a devida autorização, para o outro disco que vinha trabalhando. Ao lado do Gamma Ray, Hansen entrega álbum empolgante e inspirado. Sempre gostei dos discos da banda. Mesmo Majestic e To The Metal que muita gente malha, acho bacana. Mesmo assim, arriscaria dizer que esse é seu melhor trabalho desde Powerplant. Vá de olhos fechados.

Nota: 9,0/10,0
Status: Empolgante

Faixas:
      01)   Avalon
      02)   Hellbent
      03)   Pale Rider
      04)   Born To Fly
      05)   Master of Confusion
      06)   Empire of the Undead
      07)   Time For Deliverance
      08)   Demonseed
      09)   Seven
      10)   I Will Return
      11)   Built a World (bônus – versão européia)