Por Davi Pascale
Ex-guitarrista do Kiss reedita
álbum raro. Gravado despretensiosamente nos anos 70, material impressiona pela
qualidade das músicas e pelo nível dos instrumentistas. Álbum recomendado não
apenas aos fãs de Kiss, mas aos fãs de rock setentista em geral.
Bruce Kulick ficou conhecido
mundialmente ao integrar o grupo norte-americano Kiss. Se juntou ao grupo em
1984 substituindo Mark St John e permaneceu no mesmo até 1996, quando foi
afastado do Kiss para retornarem a formação original. Bruce ajudou a reinventar
a sonoridade do grupo ao trazer seu estilo mais técnico. Mas antes que
conseguisse esse destaque, era apenas mais um (ótimo) músico correndo atrás de
seu ganha pão e sonhando em conseguir viver de música um dia. Suas primeiras
gravações ocorreram em um estúdio na cidade de Nova Iorque no ano de 1974. E é
exatamente esse o material do CD.
Como qualquer garoto, resolveu
montar uma banda. Se juntou ao baixista/vocalista Mike Katz. Um rapaz que
morava na sua rua, que tinha habilidade para composição. Completava o time, um
baterista ali da região que atendia pelo nome de Guy Bois. Além de ser um bom
músico, a casa de seus pais tinha um espaço que poderiam utilizar para ensaios
e criação das músicas. O power trio não foi para frente. Nunca subiram juntos
em um palco e nunca conseguiram bolar um nome para a banda. Tudo o que resistiu
foi uma fita de rolo com as gravações de suas músicas. A ideia
até então era de registrar as músicas que haviam escrito.
Em 2008, alguns amigos de Bruce
convenceram o guitarrista à lançar o disco. Foi criado um CD, com uma prensagem
baixíssima, vendida somente em seu site. O material se esgotou rapidamente e o
disco se tornou ítem de colecionador. No ano passado, foi criada uma nova
prensagem, com algumas modificações. Duas faixas foram retiradas, uma foi
adicionada e outra ganhou uma nova mixagem. Também foi criada uma nova capa para o disco.
Gravado em formato de power trio, disco é curto e intenso. |
A nova faixa, responsável por dar
título ao disco, é literalmente nova. Foi gravada especialmente para o álbum. Cada
músico gravou sua parte por conta e juntaram depois num estúdio. Os músicos
tentaram recriar a sonoridade da época. O arranjo é um pouco mais direto do que
as músicas que faziam na época. A canção é boa. O único senão é a gravação de
bateria que poderia ser melhor.
Logo na segunda música, entramos
no registro original de 1974. O nível da banda era excelente. Bom trabalho de
baixo, vocal bacana, excelente trabalho de guitarra e bateria. Com um bom
empresário, tinham de tudo para terem se tornado um dos grandes grupos da época.
Os músicos faziam um hard rock com influência de progressivo. Algo como uma feliz
mistura entre Cream, Grand Funk Railroad e Rush (dos dois primeiros discos).
O trabalho do KKB traz um Bruce
Kulick mais emoção, menos virtuose. Influências de Jimi Hendrix são sentidas em
diversos momentos do EP. “Trying to Find a Way” é uma das que me lembram o
grupo de Geddy Lee. “I´ll Never Take You Back” e “You´ve Got a Hold On Me” trazem altas influências de Cream. A curta balada “Someday” ganhou uma nova
orquestração que traz uma dramaticidade à música.
Infelizmente, o disco conta com
apenas 7 músicas e dura aproximadamente meia hora. Realmente uma pena.
Gostaria muito de ouvir mais material deles. Para os colecionadores de plantão,
o EP de 2008 foi reeditado em vinil, mas corre logo porque tanto o CD quanto o
LP foram prensadas em apenas 500 cópias numeradas. Corre atrás porque vale a
pena. Disco bem bacana!
Nota: 9,0 / 10,0
Status: Surpreendente
Faixas:
01)
Got to Get Back
02)
I´ll Never Take You Back
03)
My Baby
04)
Someday
05)
Trying To Find a Way
06)
You Won´t Be There
07)
You´ve Got A Hold On Me