segunda-feira, 30 de maio de 2016

Backbeat: Os Cinco Rapazes de Liverpool (1994):



Por Davi Pascale

Algum tempo atrás escrevi sobre a trilha sonora desse filme, mas ainda não tinha escrito sobre a película. Como temos o costume de, vez ou outra, resgatar algum longa relacionado ao rock n roll, decidi por alguma razão que esse era o momento. Depois de comentar uma série de lançamentos, decidi quebrar o ritmo resgatando algo um pouco mais antigo. Mas não se preocupem, continuarei a escrever sobre os últimos lançamentos. É que, às vezes, é legal sair da rotina.

Backbeat, mais conhecido no Brasil como Os Cinco Rapazes de Liverpool, foi lançado em 1994. Na ocasião, comemorava-se 30 anos de beatlemania. Por ser uma data emblemática, começou a se falar mais e mais sobre o grupo britânico. E isso fez com que o filme ganhasse um pouco de destaque. A trilha sonora, que misturava músicos dos grandes nomes do momento, gerou interesse na garotada. O grupo criado para gravar a trilha misturava músicos de bandas como Nirvana, Soul Asylum, R.E.M. e Sonic Youth. Contudo, engana-se quem acredita que a explosão dos Beatles é o tema retratado. É justamente o oposto.

Antes de se tornarem o tão adorado fab four, os Beatles passaram por poucas e boas. Inicialmente, eram um quinteto: John Lennon, Paul McCartney, George Harrison, Pete Best e Stuart Sutcliffe. E é exatamente esse o período que é focado aqui. Ainda não tínhamos Ringo Starr na jogada, nem George Martin.

Stu, como era conhecido, foi o primeiro baixista do grupo. Paul McCartney, nessa época, atacava nas guitarras ao lado de John e George. A grande paixão de Stu era a pintura. A banda para ele era uma curtição e dizem, inclusive, que não se sentia confortável no palco. Existe até um boato que diz que, em várias apresentações, ele havia tocado de costas para a plateia por medo de encarar a situação. O que ninguém nega, contudo, era a aproximação que existia entre ele e John Lennon.

Filme resgata os primeiros anos do grupo

Stucliffe estava ao lado dos Beatles quando fizeram a sua famosa excursão em Hamburgo em 1961. Essa fase é revivida no longa. Aparecem aqui as farras com garotas, os ‘remédios’ que usavam para ficarem ligadões e aguentarem tocar por horas à fio. As discussões de bastidores e o triângulo amoroso, envolvendo a fotógrafa Astrid Kirccherr, garota de Klaus Voorman. Mesmo causando uma situação um tanto quanto dramática, os retratos de Astrid marcaram época. Todos aqueles retratos que vocês encontram nos livros dos Beatles, desse período, são dela.

O filme resgata alguns momentos conhecidos entre os pesquisadores do grupo inglês. Mostra os músicos sendo deportados da Alemanha por conta de George Harrison ter sido descoberto como menor de idade, o lado irônico e explosivo de John Lennon, as diferenças entre John e Paul em relação ao Stu e, é claro, a morte do rapaz. Poucas semanas após abandonar o grupo para se dedicar exclusivamente à arte, Stuart Stucliffe, um garoto de apenas 21 anos, morreu vítima de um aneurisma.

Os Cinco Rapazes de Liverpool retrata um período de dificuldade da banda. E o mais legal de tudo é que abordaram o tema de uma maneira bem respeitosa. Para quem quer ter uma noção das origens do grupo que ajudou a redefinir o rock ou quiser ter uma noção do que é a vida de um músico que está lutando para conquistar seu espaço, o filme é bem-vindo. A película não é muito longa, os atores trabalham legal, é bem bacana de assistir. O tempo passa rapidinho.

Aqui no Brasil, o filme foi exibido nos cinemas e frequentou as prateleiras das vídeo-locadoras na época. Para divulgar o filme por aqui, também foi criada uma banda envolvendo músicos conhecidos do rock brasileiro, mas vamos deixar esse assunto para um próximo post...