quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Silverchair: 20 anos do Tomorrow EP

Por Rafael Menegueti

Nessa semana, uma excelente matéria do jornal australiano “The Herald” lembrou os vinte anos do debut do Silverchair, no EP “Tomorrow” (leia a matéria em inglês aqui). Lançado em setembro de 1994, esse material hoje é praticamente uma raridade. O fato é que a historia de como a banda surgiu para o mundo começa nesse EP, e em um programa de rádio.

Os garotos tinham apenas 15 anos em 1994 quando uma vizinha os avisou que a radio Triple J estava organizando um concurso de fitas demo, e a banda vencedora gravaria um EP. Os três garotos (na época quatro, com o segundo guitarrista Tobin Finanne), ensaiavam e compunham sem grandes pretenções na garagem do baterista Bem Gillies na época. Parecia uma boa idéia entrar no concurso.


A demo de “Tomorrow” tinha sete minutos, bem mais longa do que a que conhecemos. Com um andamento mais lento e muitas partes repetitivas que viriam a ser encurtadas e alteradas mais tarde, alem de uma letra ligeiramente diferente. A fita foi mandada e executada na rádio, e desbancou outras centenas de faixas mandadas por outros aspirantes ao sucesso do país inteiro. “Tomorrow” fisgou a audiência, os produtores musicais e a critica, que ficou espantada com a capacidade de uma banda adolescente em fazer uma música tão marcante.

“Tomorrow” não era uma faixa profunda e revolucionaria, como outras músicas que marcaram os anos 90. Seria esperar demais de alguns adolescentes de Newcastle. Mas era suficientemente impactante para despertar o interesse do público, e também da indústria fonográfica. A banda foi lapidada, assim como sua faixa principal, para que seu potencial desse o resultado esperado. Agora um trio, e com um novo nome (Innocent Criminals não estava agradando mais), o silverchair (assim, em minúscula mesmo na época) produziu seu EP, um prêmio muito bem dado.


As quatro faixas que fazem parte dele são simples, possuem letras modestas mas encantam pela força instrumental. “Tomorrow” virou um hit pronto para atingir as rádios (o que de fato ele fez), “Blind” é mais arrastada, sombria, quase um lamento que ganha peso logo depois. “Acid Rain” tem um riff impressionante, e “Stoned” fazia uma linha mais grunge tradicional, simples e despretenciosa.

O EP conseguiu o que pretendia. A banda alcançou o sucesso e logo a Austrália inteira queria um full-lenght da banda. “Frogstomp” viria alguns meses depois para alçar a banda em escalas mundiais. O videoclip de “Tomorrow” ganharia uma versão bem melhor do que a do EP, e essa seria uma das faixas de rock mais tocadas em 1995. Alias, todas as faixas do EP seriam regravadas mais tarde, ficando ainda mais interessantes, mas apenas “Tomorrow” entraria em “Frogstomp”, as outras viraram b-sides. E com esse sucesso, a banda começaria sua trajetória.