sexta-feira, 25 de março de 2016

Stryper – Live In Japan (1986):



Por Davi Pascale

Sexta-feira santa! Dia de lembrarmos da crucificação e da morte de Jesus Cristo. Muitas pessoas optam por não comer carne vermelha no dia de hoje, mas não há nada que te proíba de ouvir um bom rock n roll. Ainda mais quando existem bandas com temática cristã, como essa que tratamos no post de hoje.

O Stryper é uma das mais populares bandas da cena de white metal. Foram a primeira banda do gênero a cruzarem território. Ou seja, saírem da cena local, irem além dos ouvintes de música cristã. E foi exatamente na época dessa apresentação. Seu segundo disco, Soldiers Under Command, foi o primeiro álbum do gênero à atingir disco de ouro. O LP vendeu, na época, pouco mais de 500.000 discos. Um número bem expressivo para a vertente, até então.

O trabalho foi lançado em 15 de Maio de 1985. O show foi gravado em 8 de Julho do mesmo ano. Ou seja, bem no momento da explosão, do alvoroço. O fato de ter sido filmado no Japão, faz com que a histeria seja ainda maior, ganhe ar de uma banda realmente grande. Por alguma razão, os japoneses são apaixonados por heavy metal. Pode notar que, até hoje, os grupos brasileiros comemoram quando há uma turnê por lá. O Viper, por exemplo, gravou seu primeiro álbum ao vivo (Live Maniacs In Japan) na terra do sol nascente.

Músicos tinham preocupação com figurino

Live In Japan foi gravado em 1985, mas só chegou às lojas em 1986. O material nunca foi lançado em vinil. Somente em VHS. Quem colecionava gravações de artistas de heavy metal nos anos 80 e início dos anos 90, eram familiarizados com esse vídeo e com o In The Beginning (filme com clipes e imagens de bastidores). Atualmente, a galera pode correr atrás de um bootleg prensado que atende pelo nome de The End Is The Beginning. O DVD traz as 2 fitas de vídeo e um show raro de 2006. A qualidade de imagem é ótima.

Como era comum entre as fitas da época, principalmente das bandas novatas, o registro não era muito longo. O vídeo dura aproximadamente 55 minutos. O show é uma paulada só. Pouquíssimas falas. Sem solo de bateria ou de guitarra. Som atrás de som. O setlist é super bem dosado. 6 músicas do Soldiers Under Command, 5 do Yellow And Black Attack. Só lamento que tenha ficado de fora “The Rock That Makes Me Roll” e “Reach Out”. Tirando essas, as demais músicas que são essenciais desse período estão aqui.

Haviam algumas mudanças em relação aos shows de hoje. Existiam algumas coreografias. Michael Sweet arriscava algumas dancinhas. Principalmente nas duas faixas onde não tocava guitarra: “Makes Me Wanna Sing” e “C´mon Rock”. Os músicos se vestiam todos iguais, utilizando as cores amarelo e preto, presentes também no palco.  Usavam os cabelos compridos e volumosos, como pedia o figurino. Certamente, o pessoal de igreja não aplaudia o visual dos rapazes tanto quanto aplaudiam a mensagem das letras. Após o letreiro, há algumas rápidas palavras dos músicos e o cantor manda. “Sei que nosso visual não é muito cristão, mas tenho certeza que Jesus julga as pessoas pelo coração e não por sua aparência”. Na real, o visual deles era exatamente o mesmo das bandas de hair metal da época.

A performance de Michael Sweet já chamava a atenção

A banda apostava em um heavy metal direto, mas nunca deixaram de fazer baladas. A escolhida desse show foi “First Love”. Porém, como todo bom grupo de rock, os destaques eram realmente nas porradarias. “Loud n Clear”, “You Know What To Do”, “Together Forever” e “Soldiers Under Command” são os grandes destaques do show.

Michael Sweet já se destacava no trabalho vocal. Canta o tempo todo com a voz para cima, arrisca alguns agudos. Também chamava a atenção na guitarra, embora nesse quesito o tresloucado Oz Fox fosse imbatível. Robert Sweet já tocava, ou melhor, socava sua bateria com o instrumento posicionado de lado. O público ia à loucura com a performance enérgica dos garotos.

A produção de palco era simples, porém eficiente. Logo da banda bem grande atrás do palco, iluminação correta. Ao contrário de vários grupos do segmento, os músicos não são de ficar pregando no microfone. O máximo que faziam era distribuir algumas bíblias em determinado momento do show. Algo que fazem até hoje. As mensagens estão nas letras. Talvez esse seja um dos motivos de conseguirem aproximar várias pessoas que não são exatamente religiosas para suas apresentações. Um show do Stryper é nada mais do que um show de heavy metal. Bumbo duplo, vocal gritado, duelos de guitarra, refrãos fáceis de cantar.

Foi através desse vídeo que me tornei fã do grupo, portanto posso dizer que serve de porta de entrada para quem não conhece a obra dos rapazes. Outra excelente porta de entrada é o magnífico álbum Against The Law, CD que conta com letras mais afastadas da temática religiosa, o que ajudou a perder um pouco de público na época, mas deixaremos isso para um futuro post. Coloque o DVD para rodar e boa sexta-feira santa.

Faixas:
      01)   Make Me Wanna Sing
      02)   Lound n Clear
      03)   From Wrong to Right
      04)   You Know What To Do
      05)   Surrender
      06)   Together Forever
      07)   First Love
      08)   Loving You
      09)   Soldiers Under Command
      10)   C´mon Rock 
      11)   Battle Hymn Of The Republic