sexta-feira, 28 de agosto de 2015

50 Anos de Jovem Guarda – Sesc São Caetano (27/08/2015):



Por Davi Pascale
Fotos: Sesc São Caetano (Facebook)

O Sesc de São Caetano está trazendo uma série de shows em homenagem à Jovem Guarda. Ontem, tivemos a primeira apresentação da série, realizada no Teatro Santos Dummont. Martinha, Vips e Wanderley Cardoso se apresentaram diante de um teatro lotado. Infelizmente, o resultado foi decepcionante.

A Jovem Guarda foi o primeiro grande movimento de rock do Brasil. Quem viveu a época conta que as apresentações realizadas no Teatro Record geravam verdadeira catarse e que não era raro as ruas ficarem travadas por conta do programa. Uma coisa é fato. O movimento revelou grandes nomes da música brasileira, até hoje respeitados, como Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Jerry Adriani, Incríveis, Wanderléa e Martinha. Foram geradas também diversas canções que são consideradas clássicos do rock brasileiro. Nada mais justo do que conferir de perto um pouco dessa história.

Essa não foi minha primeira vez em um evento comemorativo da Jovem Guarda. Já havia assistido a apresentação em homenagem aos 30 anos, época em que lançavam um Box comemorativo com 5 CDS. O show tinha sido muito bacana. Com ótimos músicos por trás e diversos convidados. Entre eles, a já falecida Silvinha Araújo. Infelizmente, o resultado da apresentação de ontem já não foi tão memorável assim.

O show iniciou dentro do horário previsto: 20h! Martinha foi a primeira a subir ao palco. Logo que começou a cantar as primeiras frases de “Jovens Tardes de Domingo”, música responsável por abrir o evento, já ficava nítido o que teríamos pela frente. O queijinho de Minas não tem mais pique para cantar ao vivo. Sua voz, literalmente, acabou! Sempre simpática, brincava com a platéia quando questionavam sobre seus possíveis namoros, brincava sobre o tempo que havia passado. Embora seja extremamente respeitada enquanto compositora (para quem não sabe, ela escreveu diversos sucessos de artistas como Chitãozinho & Xororó e Leandro & Leonardo), focou em reviver grandes sucessos do movimento. E é claro, não deixou de interpretar seus grandes hits da época como “Te Amo Mesmo Assim” e “Eu Daria Minha Vida”. Infelizmente, sua performance foi ofuscada pela péssima situação de suas cordas vocais.

Wanderley Cardoso demonstrou estar com a voz em dia

Depois de cantar por quase 50 minutos, a cantora convidou ao palco Os Vips. Bem... Na verdade, o Vip. Para quem não sabe, Marcio faleceu no início do ano passado. Ronald Luís Antonucci cantou o set sozinho. E a situação não melhorou. Ronald também não tem mais pique para se apresentar ao vivo. Na parte de movimentação, ok. Parte vocal, esquece. Não canta mais nada. Durante pouco mais de 40 minutos relembrou sucessos como “La Bamba”, “É Preciso Saber Viver” e, seu grande sucesso: “A Volta”. Criou o momento internet, onde pedia para o publico cantar uma música. Nesse momento seriam filmados e poderiam assistir ao vídeo pela internet depois de alguns dias. Se já é um exagero fazer isso em uma musica inteira, o que dirá em três. Outra decepção!

Wanderley Cardoso foi o responsável por realizar o set final. Considerado uma das melhores vozes do movimento – ao lado de Jerry Adriani e Silvinha Araujo – é o único que ainda está cantando bem. Porém, sua apresentação poderia ter sido melhor se tivesse um outro grupo por trás. Os músicos que acompanharam os artistas eram muito fracos. Grupo bem amador. Guitarrista ruim. Baixista ruim. Tecladista ruim. Parecia banda de churrascaria. Wanderley fez um set um pouco mais curto, mas não deixou de cantar seus principais sucessos como “Doce de Coco” e “O Bom Rapaz”. No final, os 3 se juntaram para interpretar “Festa de Arromba”. O que era para ser um momento de emoção, tornou-se um momento de alívio. Afinal, sabíamos que estávamos chegando ao fim. É triste constatar isso, mas essa deve ser a última celebração do movimento. O pessoal não têm mais pique para ficarem realizando shows. Uma pena!