Por Davi Pascale
Quem viveu os anos 90, lembra-se
perfeitamente do auê que foi a chegada de Marilyn Manson à grande mídia. Tendo
em suas costas, o emblemático Antichrist
Superstar, o cantor chocava os mais conservadores com suas declarações
estapafúrdias, seus shows cheios de críticas políticas, religiosas e conotações
sexuais.
Esses dias se foram. Manson hoje
não assusta mais ninguém. Depois de 20 anos invadindo revistas e tabloides, o
cantor deixou de ser uma figura chocante para se tornar uma figura excêntrica.
Há outra questão. Quando estourou com “The Beautiful People”, o metal
industrial era um gênero relativamente novo e a garotada estava interessada em
descobrir mais sobre aquele som. Hoje, vivemos outra realidade. O indie é a
bola da vez. Onde quero chegar? Esse disco não vai causar um grande estardalhaço,
o que é uma pena já que esse é seu trabalho mais inspirado em anos...
Em seu CD anterior, The Pale Emperor, Manson buscou ajuda
em Tyler Bates, um compositor de trilhas sonoras. Era uma tentativa de se
reinventar. Aqui, o cantor busca sua ajuda, mais uma vez. Continuo não gostando
de Bates produzindo Manson. Acho que ele deixa o som limpo demais. Algo que
pode ser muito bacana para determinados artistas, mas não para alguém do porte
de Marilyn Manson.
Heaven Upside Down traz uma equação bem resolvida, em relação à
composição. “Revelation #12” abre o disco trazendo sua sonoridade clássica. Ou
seja, o velho metal industrial repleto de efeitos e com o cantor esgoelando. O
lado ruim é que faltou um pouco de peso. Fator que tira o brilho de faixas
fortes como “We Know Where You Fucking Live” e, principalmente, em “Say10”,
onde soa quase como uma demo.
Há algumas ‘novidades’ em seu
som. O flerte com o rap em “Tattooed In Reverse” e a pegada dançante de “Kill4Me”
não é a primeira coisa que vem à mente quando pensamos no artista
norte-americano. E funcionaram bem. Também é possível encontrar uma referência
de post-punk em “Saturnalia”, a faixa mais longa de seu novo disco. Outro bom
momento.
“Heaven Upside Down” e “Threats
of Romance” surgem, depois de algumas faixas menos inspiradas, para colocar
tudo nos trilhos novamente e encerrar o CD em grande estilo. Não, ele não se
iguala ao Portrait of An American Family,
ao Mechanical Animals, muito menos
ao Antichrist Superstar, mas já
tinha um tempinho que Marilyn Manson não vinha com composições tão fortes e tão
bem resolvidas. Não há dúvidas de que essas canções devem crescer – e muito – nos
shows.
Com um pouquinho mais de peso na
mixagem final, esse disco teria sido uma volta ao topo. Infelizmente, a
produção excessivamente clean tira um pouco do brilho. De todo modo, um bom álbum. Vale a pena conferir.
Nota: 7,5 / 10,0
Faixas:
01)
Revelation
#12
02)
Tattoed
In Reverse
03)
We
Know Where You Fucking Live
04)
Say
10
05)
Kill
4 Me
06)
Saturnalia
07)
Jesus
Crisis
08)
Blood
Honey
09)
Heaven
Upside Down
10)
Threats
of Romance