segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

Marilyn Manson – Heaven Upside Down (2017):



Por Davi Pascale

Quem viveu os anos 90, lembra-se perfeitamente do auê que foi a chegada de Marilyn Manson à grande mídia. Tendo em suas costas, o emblemático Antichrist Superstar, o cantor chocava os mais conservadores com suas declarações estapafúrdias, seus shows cheios de críticas políticas, religiosas e conotações sexuais.

Esses dias se foram. Manson hoje não assusta mais ninguém. Depois de 20 anos invadindo revistas e tabloides, o cantor deixou de ser uma figura chocante para se tornar uma figura excêntrica. Há outra questão. Quando estourou com “The Beautiful People”, o metal industrial era um gênero relativamente novo e a garotada estava interessada em descobrir mais sobre aquele som. Hoje, vivemos outra realidade. O indie é a bola da vez. Onde quero chegar? Esse disco não vai causar um grande estardalhaço, o que é uma pena já que esse é seu trabalho mais inspirado em anos...

Em seu CD anterior, The Pale Emperor, Manson buscou ajuda em Tyler Bates, um compositor de trilhas sonoras. Era uma tentativa de se reinventar. Aqui, o cantor busca sua ajuda, mais uma vez. Continuo não gostando de Bates produzindo Manson. Acho que ele deixa o som limpo demais. Algo que pode ser muito bacana para determinados artistas, mas não para alguém do porte de Marilyn Manson.

Heaven Upside Down traz uma equação bem resolvida, em relação à composição. “Revelation #12” abre o disco trazendo sua sonoridade clássica. Ou seja, o velho metal industrial repleto de efeitos e com o cantor esgoelando. O lado ruim é que faltou um pouco de peso. Fator que tira o brilho de faixas fortes como “We Know Where You Fucking Live” e, principalmente, em “Say10”, onde soa quase como uma demo.

Há algumas ‘novidades’ em seu som. O flerte com o rap em “Tattooed In Reverse” e a pegada dançante de “Kill4Me” não é a primeira coisa que vem à mente quando pensamos no artista norte-americano. E funcionaram bem. Também é possível encontrar uma referência de post-punk em “Saturnalia”, a faixa mais longa de seu novo disco. Outro bom momento.

“Heaven Upside Down” e “Threats of Romance” surgem, depois de algumas faixas menos inspiradas, para colocar tudo nos trilhos novamente e encerrar o CD em grande estilo. Não, ele não se iguala ao Portrait of An American Family, ao Mechanical Animals, muito menos ao Antichrist Superstar, mas já tinha um tempinho que Marilyn Manson não vinha com composições tão fortes e tão bem resolvidas. Não há dúvidas de que essas canções devem crescer – e muito – nos shows.

Com um pouquinho mais de peso na mixagem final, esse disco teria sido uma volta ao topo. Infelizmente, a produção excessivamente clean tira um pouco do brilho. De todo modo, um bom álbum. Vale a pena conferir.  

Nota: 7,5 / 10,0
Faixas:
      01)   Revelation #12
      02)   Tattoed In Reverse
      03)   We Know Where You Fucking Live
      04)   Say 10
      05)   Kill 4 Me
      06)   Saturnalia
      07)   Jesus Crisis
      08)   Blood Honey
      09)   Heaven Upside Down 
      10)   Threats of Romance