terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Cazuza – Atitude e Idealismo




Por Davi Pascale

Caso estivesse vivo, Cazuza teria completado 55 anos agora em 2013. Essa foi a razão dos shows em homenagem à ele, da exposição que realizaram etc etc. Infelizmente não há como negar que o cara faz falta. As pessoas podem até torcerem o nariz, dizer que ele gravava na gravadora do pai, que era mimado... Digam o que quiserem, mas o rapaz era um grande artista. Bom letrista, boa presença de palco, absurdamente carismático. A verdade é que não tem nenhum artista do cenário atual que chegue aos seus pés. Tanto que vira e mexe, regravam suas músicas.


Nascido com o nome de Agenor de Miranda Araujo Neto, não simpatizava com seu nome. Só passou a aceitá-lo melhor depois que descobriu que o sambista Cartola, músico de quem era fã, tinha o mesmo nome. A admiração pelo sambista chegou até a render uma discussão com o amigo e músico Roberto Frejat. Cazuza queria inovar, fazer algo diferente e sugeriu que fizessem uma versão de uma música do Cartola. Frejat via o Barão Vermelho como um grupo de rock n roll com base no blues e se negou a fazer isso, alegando que Barão tocava rock, não tocava samba. O tempo faria o guitarrista engolir suas palavras, já que na década de 90, chegaram a gravar Bezerra da Silva no disco Álbum. Cazuza deve ter gargalhado no túmulo. Afinal foi ele quem sempre disse ‘não existe música certa e errada. O que existe é música boa e música ruim’.


Outra atitude do menino Agenor que foi criticada por Roberto Frejat e depois copiada pelo mesmo, foi o fato de largar a banda para se dedicar à uma carreira solo. Cazuza não queria ficar preso ao rotulo rock, queria ser livre para experimentar. Frejat dizia ‘não precisa largar a banda, faz em paralelo’. E hoje veja o que aconteceu. Não apenas ele se focou como cantor solo, como quando se reúne com o seu antigo grupo, sobe ao palco com o nome de Roberto Frejat + Barão Vermelho, que nem aconteceu no Rock in Rio desse ano. Se eu tocasse no Barão, largava ele sozinho no palco para deixar de ser estrelinha. Frejat é um excelente músico, é um excelente compositor, mas está deixando o ego subir à sua cabeça...

Cazuza e Frejat divergiam em relação à sonoridade do Barão

Agora... verdade seja dita. Cazuza era uma pessoa difícil de se lidar. O fato de ter contraído HIV, que naquele tempo era morte certa, fez com que ele se tornasse uma pessoa arrogante. Não era raro interromper uma apresentação do nada, responder atravessado para um repórter. Levava uma vida boêmia, abusava de álcool, drogas, cigarros. Definitivamente, não era o santo que pintam por aí.


Há algumas de suas atitudes, por outro lado, que considero louváveis. Como o fato de se preocupar em terminar a gravação de um disco, mesmo sabendo que já estava com o pé na cova, como foi o caso de “Burguesia”. Aquela voz fraquinha que você escuta ali, não era pouco caso. Pelo contrario, era o pouco que restava de sua voz. Dizem, inclusive, que algumas faixas desse trabalho ele gravou deitado porque não tinha mais forças para ficar em pé. 


Outra atitude que achei legal e que muita gente criticou (assim como muitos me criticam por dizer que não concordo com os ataques em cima dele) foi o protesto que ele fez contra o país cuspindo na bandeira nacional em um de seus shows. A imprensa, que deveria explicar o ato do rapaz, limitou-se a atacá-lo pelo fato de ele estar desrespeitando o símbolo de uma nação. Não está errado, mas deveriam ter aproveitado a ocasião e explicado seu ato que, na verdade, era um protesto contra a situação política do país. Na semana daquela apresentação, a inflação monetária era a maior da história chegando a 900%, sem contar nas denuncias de assassinato do Chico Mendes que deixou não apenas o artista, mas todo o povo brasileiro triste. O que Cazuza estava demonstrando era indignação com tudo aquilo que estava ocorrendo. Era como se ele dissesse que, naquele momento, tinha vergonha de ser brasileiro. 

Cantor não mediu esforços para terminar seu último álbum!
 
O ato pode ter sido exagerado, mas o protesto era valido. Principalmente, por seu uma pessoa pública e influente. O cantor chegou, inclusive, à escrever uma carta que seu pai, o já falecido João Araujo, fez questão de proibir sua publicação. Sua mãe, Lucinha Araujo, chegou a publicá-la no livro Só As Mães São Felizes, anos mais tarde. De boa, deveriam ter publicado na época! 


"Está havendo uma polêmica, um escândalo, como diz o JB de terça-feira, 18 de outubro, com o fato de eu ter cuspido na bandeira brasileira durante a música Brasil no meu show de domingo no Canecão. Eu realmente cuspi na bandeira, e duas vezes. Não me arrependo. Sabia muito bem o que estava fazendo, depois que um ufanista me jogou a bandeira da platéia. O senhor Humberto Saad declarou que eu não entendo o que é a bandeira brasileira, que ela não simboliza o poder, mas a nossa história. Tudo bem, eu cuspo nessa história triste e patética. Os jovens americanos queimavam sua bandeira em protesto contra a guerra do Vietnã, queimavam a bandeira de um país onde todos têm as mesmas oportunidades, onde não há impunidade e um presidente é deposto pelo simples fato de ter escondido alguma coisa do povo. Será que as pessoas não têm consciência de que o Vietnã é logo ali, na Amazônia, que as crianças índias são bombardeadas e assassinadas com os mesmos olhos puxados? Que a África do Sul é aqui, nesse apartheid disfarçado em democracia, onde mais de cinqüenta milhões de pessoas vivem à margem da Ordem e Progresso, analfabetos e famintos? Eu sei muito bem o que é a bandeira do Brasil, me enrolei nela no Rock'n'Rio junto com uma multidão que acreditava que esse país podia realmente mudar.A bandeira de um país é o símbolo da nacionalidade para um povo.Vamos amá-la e respeitá-la no dia em que o que está escrito nela for uma realidade. Por enquanto, estamos esperando".


É... Como disse, o cara faz falta. Imagina o que ele não faria com todas essas manifestações ocorrendo no país? E, claro, imagina o que ele não faria em seus discos com a tecnologia que temos hoje, sem ter o medo de ousar, de experimentar?

segunda-feira, 30 de dezembro de 2013

ReVamp - Wild Card


por Rafael Menegueti

Revamp - Wild Card

Alguns dias atrás eu falei sobre o lançamento do box “Showtime, Storytime”, do Nightwish. Agora eu vou falar da outra banda da vocalista Floor Jansen, o ReVamp. O grupo foi formado em 2009, após a dissolução do After Forever, e se tornou a nova menina dos olhos de Floor. A banda fez uma excelente turnê divulgando o primeiro disco, auto-intitulado. Mas a turnê teve de ser interrompida por motivos de saúde da vocalista, resultando em vários shows cancelados, inclusive no Brasil.

Esse ano, após voltar a ativa no final de 2011, com o MaYaN, e entrar no Nightwish em setembro do ano passado, Floor voltou a trabalhar com o ReVamp. E o resultado pode ser ouvido no excelente disco “Wild Card”, lançado em agosto desse ano pela Nuclear Blast. O disco é visivelmente mais maduro e bem trabalhado, em relação ao primeiro álbum, de 2009.

Floor continua sendo uma vocalista de metal completa. Tem domínio do canto clássico soprano, e não poupa a voz nas faixas mais pesadas. Particularmente eu sempre a considerei uma espécie de versão feminina de grandes vocalistas de metal, como Bruce Dickinson e Rob Halford, mas com o acréscimo de que ela também manda muito bem no canto lírico. Ela tem até arriscado uns guturaizinhos ao vivo nos shows da banda.

A produção de Joost van den Broek, tecladista ex-companheiro de Floor no After Forever, deu um toque mais moderno ao álbum, que usa de efeitos de sintetizadores, mas sem perder o aspecto metaleiro das faixas. As guitarras e os guturais de Jord Otto deram ainda mais peso ao disco. Alias, esse disco tem bem mais vocais agressivos do que seu antecessor, um outro aspecto em que ele mostra evolução.

E não podiam faltar as sempre necessárias participações especiais. Em “Wild Card”, podemos ouvir a voz de Marcela Bovio (Stream of Passion), nos corais, alem de Devin Townsend, na faixa “Neurastesia”. Outro que marca presença e o ex-parceiro de After Forever e líder do Epica, Mark Jansen (que diferente do que muitos pensam, não é parente da Floor Jansen), nos guturais de “Misery’s No Crime”.

Com esse novo e excelente trabalho, agora Floor aproveita o fim da turnê com o Nightwish para se dedicar ao ReVamp. A banda está em turnê pela Europa, e com planos para tocar na América do Norte em 2014. Só nos resta esperar e ver quando a banda finalmente passará por aqui, para saudar os muitos fãs de Floor no país.

Os integrantes do ReVamp
Nota: 10/10

Status: Alucinante

Faixas:

1. Anatomy of a Nervous Breakdown: On the Sideline
2. Anatomy of a Nervous Breakdown: The Limbic System
3. Wild Card
4. Precibus
5. Nothing
6. Anatomy of a Nervous Breakdown: Neurasthesia
7. Distorted Lullabies
8. Amendatory
9. I Can Become
10. Misery’s No Crime
11. Wolf and Dog

12. Sins (bônus)

domingo, 29 de dezembro de 2013

Temple Of The Dog: Histórica Homenagem





Por Davi Pascale

No inicio da década de 90, o Grunge invadiu as rádios. Seus maiores expoentes eram o Nirvana, o Pearl Jam, o Soundgarden e o Alice in Chains. Aqui no Brasil, o movimento chegou alguns meses depois. Quando o álbum do Temple of the Dog chegou às lojas por aqui, o Pearl Jam e o Soundgarden já eram grandes expoentes. E como as informações demoravam um pouquinho para chegar, muita gente ficou confusa. O que seria esse Temple of the Dog, afinal? Por que o Eddie Vedder só canta em 2 músicas do disco? Essas eram perguntas que os fãs faziam todo o tempo.


O Temple of The Dog é e sempre foi encarado como um projeto. Nunca existiu a idéia de seguirem enquanto banda. A idéia nasceu da mente do vocalista do Soundgarden, Chris Cornell. Em Março de 1990, o vocalista (e amigo) Andy Wood morreu de overdose de heroína. Aqui no Brasil, poucos conheciam seu trabalho. Em Seattle, por outro lado, o conjunto do rapaz era bem popular. Andy cantava em uma banda chamada Mother Love Bone, de onde saíram o baixista Jeff Ament e o guitarrista Stone Gossard, ambos atualmente no Pearl Jam.


Chris Cornell recebeu a informação da morte do rapaz pelo telefone enquanto fazia uma turnê européia com o Soundgarden. O amigo estava sobrevivendo ligado por aparelhos, mas os médicos decidiram desligar o equipamento porque viram que não havia mais chance de retomar a consciência. Xana, namorada de Andy, pediu para que aguardassem a chegada de Chris para que ele pudesse se despedir do amigo. Imediatamente, o cantor pegou um avião e foi vê-lo. 

O clássico "Hunger Strike" por pouco não ficou de fora.


Cornell teve que retornar à Europa para concluir a tour do Soundgarden. Nesse período, escreveu duas músicas em homenagem à Wood: “Reach Down” e “Say Hello to Heaven”. Para a primeira ele imaginou um dialogo entre ele e o amigo que lhe dizia que tudo estava ok. Fazia citações do maior sonho de Wood que era o de fazer um show nos Estados Unidos para um publico tão grande quanto o do U.S. Festival. Chris gostava das musicas, mas não se imaginava gravando elas com sua banda, achava que não combinava com a proposta do grupo. Resolveu então gravar um single e resolveu mostrá-las à Jeff Ament. Sua idéia inicial era usar o Mother Love Bone nas gravações.

Jeff Ament adorou o material e deu a idéia de gravar um disco todo, concluindo com canções inéditas do líder do Mother Love Bone. Um presente aos fãs. Uma ultima chance de ouvir material inédito do rapaz. E também uma homenagem à Wood, já que daria vida à canções suas obscuras. O cantor do Soundgarden adorou a sugestão, mas Stone Gossard ficou amedrontado. Tinha receio de que as pessoas encarassem tal atitude como um ato comercial e até mesmo que a família do falecido cantor entrasse na justiça contra eles. Por conta disso, resolveram escrever mais musicas e fazer um álbum inteiro em homenagem ao rapaz. Somente com canções inéditas!


Para completar o projeto, vieram o guitarrista Mike McReady (sugestão de Jeff Ament) e Matt Cameron (na época, baterista do Soundgarden). Cornell ficou com receio de gravar com McReady. No inicio, não foi muito com a cara dele. Cameron já era esperado porque havia gravado as primeiras demos do projeto.


Era comum ocorrer jam sessions com músicas do Temple Of The Dog

Enquanto gravavam o álbum, o trio Gossard/McReady/Ament aproveitavam para testar o vocalista da nova banda que estavam criando, o hoje cultuado Pearl Jam. Na noite em que Eddie Vedder voou até Seattle para fazer sua primeira audição com a banda, Cornell marcou um ensaio do Temple of the Dog. Vedder ficou em pé, assistindo. Quando chegou o momento de “Hunger Strike”, Chris Cornell não conseguia achar um jeito que fizesse o refrão soar bacana. Depois de ver o cantor fazer várias tentativas sem sucesso, o garoto Eddie Vedder pegou o microfone e fez uma sugestão. Não apenas Cornell aprovou sua idéia, como achou que sua voz trazia um novo sentimento para a música. Dizia que Vedder havia dado um ar gospel para a faixa. Por conta disso, resolveu convidá-lo para cantar no disco. Para o vocalista do Pearl Jam, esse foi um presente e tanto. Afinal, era sua primeira gravação profissional.


Pela primeira vez, Chris Cornell se sentiu confiante com a faixa. Desde o inicio ele sentia que faltava algo e não estava contente com a canção. Tinha resolvido que ela entraria no disco, somente porque achava que o CD tinha que ter dez canções, ainda que nunca tenha explicado a razão do numero 10. Depois da parceria com Eddie Vedder, passou a considerá-la como um dos pontos altos do trabalho. Por pouco, que a musica mais lembrada deles não fica engavetada. Embora o disco tenho sido realizado sem grandes pretensões, a faixa tornou-se um grande hit, além de ter marcado toda uma geração.


O grupo chegou a fazer uma única apresentação, ocorrida em 13 de Novembro de 1990, em Seattle. Depois de do lançamento do disco, os músicos costumavam fazer jams um no show do outro tocando alguma coisa do Temple of the Dog, mas show que é bom, nunca mais. Quem viu, viu! Chris Cornell já comentou algumas vezes sobre a vontade de fazer uma reunião com o Temple of The Dog, mas até agora somente planos e mais planos. Enquanto isso, os fãs continuam torcendo para que um dia se repita essa histórica homenagem...

sábado, 28 de dezembro de 2013

Mortes no rock: como as bandas superam esse duro golpe?

Por Rafael Menegueti

Peço licença em meio ao clima de alegria e descontração desse blog para falar de um assunto que muita gente não gosta muito: a morte! Afinal, ela é a única coisa inevitável e irreversível que acontecerá com todos nós, e talvez por isso ela nos cause tantas reações diferentes.

No mundo da música ela sempre fez aparições inesperadas e indesejadas. Diversas bandas já passaram pela dor da perda. Os fãs sofrem tanto quanto os familiares e amigos mais próximos quando um ídolo se vai. Em 2013 tivemos exemplos de como a morte pode vir e surpreender a todos. Nesse ano perdemos Chorão, Champignon, Jeff Hanneman e Lou Reed, entre outros.

Todos esses acontecimentos causaram efeitos diversos nas suas bandas e fãs. Sempre que algo assim acontece fica a dúvida: e agora? O que acontecerá? Qual será o destino de seus ex-companheiros e como seus fãs ficarão após o ocorrido? Mostrarei agora exemplos de como foram as reações e os efeitos que grandes perdas geraram em bandas ao longo de suas historias. Deixarei de lado os casos mais óbvios e conhecidos, como Kurt Cobain, Freddy Mercury, Jim Morrison e outros, pois todo mundo já conhece essas historias e sabe das conseqüências dessas perdas.

The Rev (1981 - 2009)
- Em 2009, o Avenged Sevenfold e seus fãs sofreram um duro golpe. O baterista e um dos principais compositores da banda, Jimmy “The Rev” Sullivan, morreu de maneira inesperada, no dia 28 de dezembro daquele ano. Jimmy estava em casa e sua morte se deu devido a uma overdose acidental de analgésicos. Após a morte de The Ver, o A7X seguiu em frente, gravaram o álbum “Nightmare”, com Mike Portnoy na bateria, e dedicaram o álbum ao ex-integrante. Mais tarde, Arin Ilejay assumiu a bateria, eles lançaram o álbum “Hail to the King”, e a banda aos poucos vai superando a perda e retomando a sua ascendente carreira.

Jeff Nanneman (1964 - 2013)
- O Slayer sempre foi um dos mestres do Trash metal. Idolotrado pelos fãs do metal, a banda é considerada uma das principais do gênero, ao lado de Metallica, Megadeth e Anthrax. Em maio de 2013, no entanto, o guitarrista, um dos fundadores da banda, Jeff Hanneman, nos deixou, vitima de insuficiência hepática. Todos sofreram a morte de Jeff, mas o Slayer decidiu seguir em frente. Eles voltaram a fazer shows e aos poucos também vão superando a perda do companheiro.



Chorão (1970 - 2013) e Champignon (1978 - 2013)
- Ídolos de uma geração no rock nacional, Chorão e Champignon formaram o Charlie Brown Jr. na década de 90 e a transformaram num dos grandes nomes do gênero. Porem em 2013, o destino viria a fazer com que os dois nos deixassem. Chorão morreu no dia 6 de março, vitima de uma overdose de cocaína. A banda decidiu seguir em frente sob novo nome, A Banca, e com Champignon nos vocais. Porem, seis meses após a morte de Chorão, Champignon cometeu suicídio em casa. Muito se especulou sobre a pressão que o músico vinha sofrendo com tudo o que vinha ocorrendo. A banda ainda não decidiu se seguirá em frente ou não.

Layne Staley (1967 - 2002)
- O Alice In Chains, ícones do grunge, estava parado havia algum tempo quando seu vocalista, Layne Staley, foi encontrado morto, em abril de 2002. A banda então foi dada como acabada. Em 2006, a banda voltou a fazer shows com um novo vocalista, William DuVall. Eles voltaram em definitivo e lançaram dois excelentes álbuns desde então, demonstrando que, apesar de sempre sentirem a falta de Layne, eles conseguiam seguir em frente em grande estilo.



Sabine Dünser (1977 - 2006)


- Um caso menos conhecido é o da banda de metal sinfônico Elis, de Liechtenstein. O grupo estava em seu auge, fazendo sucesso no circulo do metal europeu e ampliando cada vez mais seus horizontes, quando sofreram um baque. Em 2006, a banda havia acabado de gravar seu terceiro álbum de estúdio e se preparava para sair em uma nova turnê. Eles ensaiavam as novas músicas quando a vocalista, Sabine Dünser, se sentiu mal. Ela foi levada ao hospital, onde viria a morrer um dia depois, vitima de uma hemorragia cerebral em decorrência de um AVC. Após alguns meses de luto, a banda decidiu seguir em frente, lançando o disco. Mas nada foi como antes. Após tentarem duas vocalistas diferentes e lançarem mais dois trabalhos, um EP e um álbum de estúdio, eles encerraram as atividades em 2012, para dar inicio a uma nova banda e recomeçar do zero.

Mitch Lucker (1984 - 2013)
- Considerados uma das promessas do metalcore norte-americano, o Suicide Silence vinha crescendo no cenário do metal. Até que, em dezembro do ano passado, o vocalista da banda, Mitch Lucker, faleceu em um acidente de moto. A banda realizou um show em homenagem ao cantor e, meses depois, anunciou Hernan "Eddie" Hermida (All Shall Perish) como novo vocalista. O show em memória de Lucker será lançado em DVD em 2014. 
   

Ninguém sabe ao certo o que acontece quando uma pessoa morre. Nos só sabemos o que acontece com aquelas que ficam. Como eu disse antes, a morte é a única coisa inevitável e irreparável sobre a vida. Infelizmente pessoas que amamos se vão. No caso desses artistas ficam suas obras, eternizadas para sempre na memória de seus fãs, e a certeza para seus ex-companheiros de que a vida deve continuar.  

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Evanescence: Uma década de rock e incertezas





Por Davi Pascale

No mundo do Evanescence, ou melhor de Amy Lee, tudo é feito com calma. Sem pressas. O grande problema é que é um universo tumultuado. Os fãs nunca sabem quanto irá demorar para terem em suas mãos um novo trabalho do conjunto e nem mesmo durante quanto tempo irá durar a turnê. Mesmo sem gerar muita expectativa, mesmo abusando de grandes hiatos entre um trabalho e outro, a jovem conquistou uma fiel legião de seguidores, tornou-se símbolo de uma geração e musa dos garotos.

Depois do lançamento do multi-platinado Fallen, o quinteto passou por diversas formações tendo Amy como a única integrante original. De lá para cá, várias polêmicas ocorreram. Em 2005, a cantora comprou uma briga com o empresário Dennis Rider. A confusão começou com Dennis que resolveu processar a artista pedindo um valor de 10 milhões de dólares, acusando-a de ter ficado com o dinheiro de suas comissões. Amy Lee não ficou quieta e acusou o rapaz de assédio sexual, de utilizar o cartão de crédito dela (sem autorização) para pagar divida de amantes e de fazer uso de drogas durante as reuniões da banda. Fora isso, em 2008, a vocalista prometeu um álbum solo que nunca viu a luz do dia. Isso sem contar, nas inúmeras trocas de integrantes. Assunto que sempre levantou polêmica. É... Realmente é um universo tumultuado!

Amy Leen Hartzler nasceu em 13 de Dezembro de 1981 em Riverside. Filha de John Lee (DJ e personagem televisiva) e Cargill Sara, começou a ter aulas de piano aos 9 anos de idade, tendo escrito suas primeiras canções aos 11: “Eternity of Remorse” e “A Single Tear”. Aos 6, passou por um dos períodos mais difíceis de sua vida: perdeu sua irmã Bonnie, de apenas 3 anos de idade, por conta de uma doença não diagnosticada. 

Ao menos duas canções do Evanescence foram escritas em homenagem à Bonnie: “Hello” de Fallen e “Like You” de The Open Door. Na primeira, Amy conta seus momentos de angustia quando descobriu o ocorrido. Na segunda canção, relata a dificuldade de seguir em frente sem a presença da irmã. Frases como “Eu me odeio por continuar vivendo sem você” e “Um dia serei como você. Estarei deitada fria no chão como você estava”, aparecem durante a letra, mostrando que a ferida ainda não estava cicatrizada.

A imprensa sempre teve dificuldade em rotular o som que fazem. A mistura de elementos eletrônicos, guitarras pesadas, piano clássico, vocal mezzo soprano popular e elementos pop, fundiu a cabeça dos críticos. Já tentaram rotulá-los de tudo quanto é nome: “new metal”, “metal gótico”, “metal alternativo”, o diabo a quatro. Todos esses rótulos estão corretos, mas são muito pouco para definir o som que fazem. Acredito que não exista uma definição exata, portanto, prefiro me referir a eles como rock. Assim, não tem como errar...

Única integrante original, tornou-se um dos poucos ídolos da geração 00.

O grupo nasceu em Little Rock, Arkansas, a partir de uma amizade de Amy Lee com o guitarrista Ben Moody. Os dois se conheceram em um acampamento promovido pela igreja local. Os pais da cantora a enviaram no acampamento como uma tentativa de fazê-la criar novos amigos. Durante o passeio, a vocalista que tinha até então 13 anos de idade, costumava ficar o tempo todo tocando piano. Moody, um ano mais velho, ouviu o treino da jovem enquanto jogava basquete com os amigos. A menina prodígio estava tocando uma canção do Meat Loaf chamada “I´d Do Anything For Love (But I Won´t Do That)”. O garoto correu até ela, mostrou algumas de suas composições e sugeriu que montassem um grupo juntos. Nascia ali o Evanescence.

Nesses 10 anos, o grupo soltou pouco material. Apenas 3 discos de inéditas: Fallen, The Open Door e Evanescence. Em seu ultimo trabalho, sua sonoridade foi mantida, mas deram um passo adiante. Alguns novos elementos foram adicionados e as letras ganharam uma nova conotação, escritas de maneira menos depressivas, menos melancólicas.

Embora Fallen seja considerado sua estréia, qualquer fã que se preze já ouviu falar de um outro álbum chamado Origin. Os músicos insistem em rotulá-lo como material demo. Não sei se essa seria a definição correta. Embora, a tiragem tenha sido pequena (segundo consta, 2.500 cópias apenas) e eles tenham vendido somente em seus shows, o CD não foi feito de maneira caseira. Ele chegou a ser prensado por um selo independente e a qualidade de gravação é muito boa. Aqui, é possível conferir as primeiras versões de antigos sucessos como “My Immortal” e “Whisper”, além de faixas inéditas. Tenho o CD em casa. A sonoridade não é muito distante daquilo que se espera do Evanescence. Não consigo entender porque não relançam esse material já que existe tanta procura. 

Amy Lee durante apresentação no Parque Antartica
 
Nesse meio tempo, o grupo de Amy Lee se apresentou três vezes em nosso país. Tive a oportunidade de conferir a primeira apresentação deles por aqui em 2007 quando se apresentaram no Parque Antartica para um publico de mais de 25.000 pessoas em uma noite chuvosa. Embora a apresentação tenha sido um pouco curta (lembro que não chegou à uma hora e meia), lembro que saí bastante satisfeito com o desempenho da banda. A única pena é que a vocalista estava pouco comunicativa. 

Até o momento, não há previsão para que seu álbum solo seja lançado, não há previsão para que Origin seja relançado e, principalmente, ainda não há previsão para que um novo material chegue às lojas. Ou seja, só nos resta esperar...