domingo, 14 de setembro de 2014

Hurtsmile – Retrogrenade (2014)





Por Davi Pascale

Gary Cherone nunca foi um grande cantor ao vivo, mas sempre se saiu bem nos estúdios. E quase sempre nos entrega discos bem bacanas. O álbum que gravou ao lado do Van Halen realmente acho fraco, mas a discografia do Extreme é bem legal e também gosto do Tribe of Judah. E pelo visto, Hurtsmile vai no mesmo caminho. Depois de lançarem um ótimo debut em 2011, os caras retornam agora com esse segundo álbum interessantíssimo.

Para conseguirem concretizar esse projeto, contaram com o famoso modelo crowdfunding. Nada contra o uso da pratica. Até porque cada um contribui dentro da sua realidade financeira e se o projeto não vingar, o artista devolve o dinheiro aos seus admiradores. Agora... uma vez que os fãs financiaram o projeto, poderiam ter deixado de lado essa putaria de bônus track para mercado japonês. Isso é jogada de marketing de gravadora, já que o Japão tem um público roqueiro forte. Uma vez que os empresários nem se moveram para viabilizar o projeto, qual é a lógica?

Completam o time, o guitarrista Mark Cherone, o baixista Joe Pessia e o baterista Dana Spellman. “Rock n´ Roll Cliche”, inicia o disco. Li em alguns sites por aí que essa é uma das músicas que haviam sido escritas para um segundo álbum que faria com o Van Halen e acabou não acontecendo. O mais curioso de tudo é que ela é Extreme puro. Desde os refrões com várias vozes cantando harmoniosamente até o riff que de guitarra que em alguns momentos me remeteu à “Play With Me”. Esse não é o único momento que nos relembramos do grupo que o lançou ao estrelato. Faixas como “Big Government” e “Sing a Song (my Mia)” também poderiam terem sido gravadas ao lado de Nuno Bittencourt e cia.

Grupo de Gary Cherone chega ao segundo álbum

Mas nem somente de Extreme vive o álbum. “Where do We Go From Here” traz uma forte de influência de Led Zeppelin depois que o arranjo ganha corpo, tanto na bateria quanto na guitarra. “Hello I Must Be Going” traz vocalizações à la Beatles, enquanto o refrão de “Goodbye” tem influência direta da country music.

No Extreme, mais do que o timbre marcante e o carisma de Cherone, o que mais chamava a atenção dos fãs e dos críticos musicais era a guitarra de Nuno. E se levarmos em consideração que pouco depois, o rapaz gravou e excursionou e gravou ao lado do cultuadíssimo Eddie Van Halen, nem precisa falar que vai ter neguinho reparando no trabalho de guitarra desse álbum. Para a sorte de Gary, o cara é excelente. Se sai bem tanto nas músicas pesadas quanto nas mais acústicas. O trabalho vocal de Gary Cherone não apresenta grandes diferenças. As linhas vocais são bem similares aos de seus antigos registros. Ou seja, quem gosta de seu trabalho vai ficar bem satisfeito. Quem nunca gostou, não é nesse disco que irá mudar de opinião.

Outro bom momento é a faixa que fecha a versão standard, “Pump It Up”. A ideia era misturar a guitarra hard rock com baixo funkeado e vocal meio pausado. E o mais curioso de tudo é que embora siga uma de ideia de arranjo bem similar, o resultado ficou bem diferente de “Get The Funk Out” (Pornograffitti). Faixa bem mais interessante do que o bônus japonês “Over There”, que não é desprezível, mas também não tem nada de demais. Aquela música animadinha com clima de final de festa feliz. Bacana ver gente dessa geração tentando emplacar novos projetos, novas canções. E o mais bacana de tudo, com um nível bem alto.

Nota: 8,0/10,0
Status: Ótimo

Faixas:
      01)   Rock n´ Roll Cliche
      02)   Hello, I Must Be Going
      03)   Big Government
      04)   I Still Do
      05)   Sing a Song (My Mia)
      06)   Anymore (Don´t Want My Love)
      07)   Where Do We Go From Here
      08)   A Melody For You
      09)   Wonder What
      10)   Walk Away
      11)   Goodbye
      12)   Pump It Up
      13)   Over There (Bonus Edição Japonesa)