segunda-feira, 27 de junho de 2016

Eric Clapton – I Still Do (2016):





Por Davi Pascale

Eric Clapton chega ao seu vigésimo-terceiro álbum solo. Contando com a ajuda do produtor de Slowhand, Clapton entrega álbum calmo e inspirado.

Antes de mais nada, é necessário dizer que I Still Do não está no mesmo nível do álbum lançado em 1977. Toda vez que esse tipo de parceria é retomada, os fãs acham que o artista retornará aos seus dias de glória do nada. Slowhand é um clássico e isso não é à toa. Contudo, Clapton sempre manteve a qualidade dos seus discos em um nível alto. E aqui não é diferente. Gravação perfeita, músicos de primeiro time, trabalho de guitarra absurdamente fantástico.

Há, contudo, algumas similaridades com seu velho LP. Além de contar, mais uma vez, com a ajuda de Glyn Johns, o novo CD conta com uma enorme variedade nos arranjos e privilegia arranjos mais calmos. Apenas duas canções são da autoria de Eric Clapton. “Catch The Blues”, uma de suas famosas baladas guiadas pelo violão e o blues “Spiral”, para mim, um dos grandes destaques do novo trabalho. Aquela velha história... quem é rei nunca perde a majestade. Outros grandes momentos ocorrem quando resolve revisitar seus velhos ídolos. As versões de “Stones In My Passway” de Robert Johnson e “Alabama Women Blues” de Leroy Carr são simplesmente mortais.

Clapton mantém a qualidade em trabalho calmo e inspirado

Existem aqueles que dizem que os artistas depois de um certo tempo de carreira deveriam se aposentar, pois não seriam capazes de repetir os feitos do passado. Teoria que nunca foi a favor. Claro que todo mundo tem seu auge – técnico e criativo – mas daí dizer que tudo que foi feito após aquele período é descartável acho meio nonsense. I Still Do meio que comprova minha tese. Se por um lado, não apresenta o mesmo nível de trabalhos como Eric Clapton (1970) ou de Money and Cigarettes, de outro, está bem acima de 90 % daquilo que é produzido nos dias atuais. E, sim, meus amigos ele ainda toca e canta incrivelmente bem.

J.J. Cale, autor de hits como “Cocaine” e “After Midnight”, morreu em 2013, vítima de um infarto. Isso não impediu, contudo, que Clapton resgatasse duas canções de seu velho parceiro. Surgem aqui “Can´t Let You Do It” e “Somebody´s Knockin’”, sendo essa ultima outro dos pontos altos do disco. O não menos idolatrado e icônico Bob Dylan é revivido em uma interessante versão de “I Dreamed Saw Augustine”. 

Eric Clapton ficou marcado como musico de blues, mas em sua carreira-solo chegou a flertar com outros gêneros como o reggae e a música pop. Quem gosta de sua fase mais radiofônica, irá gostar da balada “I Will Be There”. No entanto, esse álbum é recomendado mesmo para aqueles que são fãs de sua fase mais blueseira. Diante dos comentários mais recentes do guitarrista, existe uma grande possibilidade que esse seja seu último álbum. Se for, encerra em grande estilo.

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Inspirado

Faixas:
      01)   Alabama Woman Blues
      02)   Can´t Let You Do it
      03)   I Will Be There
      04)   Spiral 
      05)   Catch The Blues
      06)   Cypress Grove 
      07)   Little Man, You´ve Had a Busy Day
      08)   Stones In My Passway
      09)   I Dreamed I Saw St. Augustine
      10)   I´ll Be Alright
      11)   Somebody´s Knocking
      12)   I´ll Be Seeing You