Por Davi Pascale
Eric Clapton chega ao seu
vigésimo-terceiro álbum solo. Contando com a ajuda do produtor de Slowhand, Clapton entrega álbum calmo e
inspirado.
Antes de mais nada, é necessário dizer que I Still Do não está no mesmo nível do
álbum lançado em 1977. Toda vez que esse tipo de parceria é retomada, os fãs
acham que o artista retornará aos seus dias de glória do nada. Slowhand é um clássico e isso não é à
toa. Contudo, Clapton sempre manteve a qualidade dos seus discos em um nível
alto. E aqui não é diferente. Gravação perfeita, músicos de primeiro time,
trabalho de guitarra absurdamente fantástico.
Há, contudo, algumas
similaridades com seu velho LP. Além de contar, mais uma vez, com a ajuda de Glyn Johns, o novo CD conta com uma enorme variedade nos arranjos e privilegia
arranjos mais calmos. Apenas duas canções são da autoria de Eric Clapton. “Catch
The Blues”, uma de suas famosas baladas guiadas pelo violão e o blues “Spiral”,
para mim, um dos grandes destaques do novo trabalho. Aquela velha história...
quem é rei nunca perde a majestade. Outros grandes momentos ocorrem
quando resolve revisitar seus velhos ídolos. As versões de “Stones In My
Passway” de Robert Johnson e “Alabama Women Blues” de Leroy Carr são
simplesmente mortais.
Clapton mantém a qualidade em trabalho calmo e inspirado |
Existem aqueles que dizem que os
artistas depois de um certo tempo de carreira deveriam se aposentar, pois não
seriam capazes de repetir os feitos do passado. Teoria que nunca foi a favor.
Claro que todo mundo tem seu auge – técnico e criativo – mas daí dizer que tudo
que foi feito após aquele período é descartável acho meio nonsense. I Still Do meio que comprova minha tese.
Se por um lado, não apresenta o mesmo nível de trabalhos como Eric Clapton (1970) ou de Money and Cigarettes, de outro, está
bem acima de 90 % daquilo que é produzido nos dias atuais. E, sim, meus amigos
ele ainda toca e canta incrivelmente bem.
J.J. Cale, autor de hits como “Cocaine”
e “After Midnight”, morreu em 2013, vítima de um infarto. Isso não impediu,
contudo, que Clapton resgatasse duas canções de seu velho parceiro. Surgem aqui
“Can´t Let You Do It” e “Somebody´s Knockin’”, sendo essa ultima outro dos
pontos altos do disco. O não menos idolatrado e icônico Bob Dylan é revivido em
uma interessante versão de “I Dreamed Saw Augustine”.
Eric Clapton ficou marcado como
musico de blues, mas em sua carreira-solo chegou a flertar com outros gêneros
como o reggae e a música pop. Quem gosta de sua fase mais radiofônica, irá
gostar da balada “I Will Be There”. No entanto, esse álbum é recomendado mesmo
para aqueles que são fãs de sua fase mais blueseira. Diante dos comentários
mais recentes do guitarrista, existe uma grande possibilidade que esse seja seu
último álbum. Se for, encerra em grande estilo.
Nota: 8,0 /
10,0
Status: Inspirado
Faixas:
01) Alabama Woman Blues
02) Can´t Let You Do it
03) I Will Be There
04) Spiral
05) Catch The Blues
06) Cypress Grove
07) Little Man, You´ve Had a Busy Day
08) Stones In My Passway
09) I Dreamed I Saw St. Augustine
10) I´ll Be Alright
11) Somebody´s Knocking
12) I´ll Be Seeing You