Por Davi Pascale
Sábado. Final de ano. Nada melhor do que assistir um filme, certo? Pois bem,
hoje trazemos mais uma dica cinematográfica. Lançado em 1987, produzido por
Luis Valdez, La Bamba conta a
história de Ritchie Valens. Uma das grandes promessas do rock que teve sua
carreira abruptamente interrompida por conta de um desastre aéreo. Filme mostra
sua curta trajetória.
Vindo de uma família pobre e sem a presença do pai, Ricardo Valenzuela
era um garoto que sonhava em ser um astro do rock. Mimado por sua mãe e sempre
enfrentando problemas com seu meio-irmão, o arruaceiro Bob, não demoraria muito
para realizar seu grande sonho. Com apenas 17 anos de idade, o garoto entrou nas
paradas de sucesso e tornou-se o principal nome do selo Del-Fi.
Passou por vários problemas. Sustentava a sua mãe, disputava o amor de
uma garota que havia conhecido nos seus tempos de escola. O problema não era os
outros rapazes, já que a menina também era apaixonada por ele. Era o pai dela
quem não aprovava o namoro. A razão? Dois grandes preconceitos: vinha de uma
família humilde e era cantor de rock.
O romance inspirou a criação de um de seus grandes sucessos, a balada “Donna”.
No lado B do compacto, outro de seus (poucos) grandes hits: “La Bamba”.
Engana-se, contudo, quem acredita que a ideia foi da gravadora. Pelo contrário,
os executivos não apostavam na canção. Achavam loucura lançar um rock cantado
em espanhol. Sem contar que, embora fosse chicano, o garoto não dominava a
língua. Valens insistiu e a música foi gravada. Contrariando a expectativa,
tornou-se uma verdadeira febre.
Sua mãe, Connie, era quem mais apostava no sucesso do filho.
Entretanto, seus familiares ficavam um pouco incomodados com a americanização
de seu nome. Ritchie Valens foi um nome criado por seu empresário para que se
tornasse mais acessível nas rádios. Assim como acontece frequentemente no
Brasil, especialmente no mercado sertanejo, foi criado um nome artístico que
tivesse sonoridade e fosse de fácil compreensão.
Canção Donna foi composta para sua namorada |
Seu sucesso durou pouco. Apenas 2 discos e 8 meses de trajetória. Assim
como ocorreu no Brasil com o grupo Mamonas Assassinas, o cantor morreu em um
desastre de avião pouco após ter atingido o estrelato. O mais tenso de tudo é
que ele evitava voar. Sempre pedia para ir de ônibus, mas nesse dia resolveu
encarar porque estava doente. O cantor havia participado de um evento junto com
outros grandes artistas de rock da época. Buddy Holly havia fretado um avião,
mas seus lugares já estavam tomados. Valens perguntou para o cantor Tommy
Allsup se ele se incomodaria de lhe ceder o lugar, já que não estava se sentindo bem.
Decidiram resolver na base do cara ou coroa. E Valens venceu...
Naquele 3 de Setembro de 1959 morria não apenas Ritchie Valens (aos 17
anos), mas também os músicos Buddy Holly (aos 22 anos) e J.P. ‘The Big Booper’
Richardson (aos 27 anos). O evento ficou conhecido como ‘o dia em que a música
morreu’ e é citado na canção “American Pie” de Don McLean (regravado anos mais
tarde pela Madonna). E foi a partir daqui que começaram com o interminável
discurso da morte do rock. O nosso saudoso Raul Seixas é um que costumava se
referir ao acontecimento como a morte do rock n roll.
Embora sua história seja triste, o filme não é. Sua morte, obviamente, é
citada, mas o enfoque principal é sua trajetória. Seus primeiros shows, sua
primeira banda, sua primeira música. E, claro, sua relação com familiares e
amigos. Contando com a participação do músico Brian Setzer (Stray Cats) no
papel de Eddie Cochran (outro cantor de grande sucesso da época), o longa é bem bacana de assistir e fez um grande
sucesso no Brasil na década de 80. Não apenas a película, que passava
constantemente na televisão, quanto sua trilha sonora que trazia a regravação
de Los Lobos. Quase três décadas depois, a música voltava a ser um grande
sucesso. Filme essencial para conhecer um pouquinho dos anos iniciais do rock.