Por Davi Pascale
O primeiro álbum ao vivo do Kiss
é um marco na carreira da banda e um marco para o selo Casablanca. Quando gravaram esse LP, o grupo estava prestes a
perder seu contrato e o selo estava com sérias dificuldades financeiras. Tudo
mudaria com o sucesso inesperado do disco...
Muitos artistas resolvem gravar
um trabalho ao vivo para celebrar um momento especial ou para cumprirem contrato.
Para ganharem um pouco mais de tempo para compor novas músicas. No caso do Kiss,
o que levou eles a criarem esse projeto foi o fato que tinham mais um disco para
cumprir e pouco dinheiro para gastar. Os três primeiros vinis do grupo não
tinham vendido bem. Em torno de 150.000 cópias. Se hoje, essa marca é
considerada uma benção, na época era um fracasso. As vendas não garantiam que o
grupo se aventurasse como numero principal de sua turnê e seus shows tinham um
custo alto por conta dos recursos visuais que utilizavam no palco. Estavam sempre no limite. Não era raro os músicos completarem a verba com grana conseguida através de trabalhos paralelos. Após o
lançamento de três LPS – os hoje clássicos Kiss,
Hotter Than Hell e Dressed to Kill – os músicos não
passavam de uma promessa. Seu contrato inicial era de 4 discos.
A banda achava que seus álbuns não capturavam a energia que tinham no palco. Por conta disso, resolveram pedir
para que o rapaz que produziu a primeiro demo do conjunto, produzisse o trabalho ao
vivo. Um rapaz chamado Eddie Kramer. O produtor havia acabado de receber a fita
demo de um conjunto que acreditava ter um enorme potencial, mas decidiu
trabalhar no disco do Kiss, por considerar o projeto mais desafiador. A banda
em questão era o Boston. Um ano depois, o debut dos rapazes seria lançado
batendo recorde de vendas e emplacando a canção “More Than a Feeling” no topo
das paradas.
Banda apostava em LP duplo para dar um up na carreira |
É muito comum que retoques sejam
feitos em discos ao vivo. Com o Kiss não foi diferente. Existem muitas pessoas
que dizem que o álbum foi todo feito em estúdio. Embora haja inúmeras
correções, essa acusação é falsa. Até porque uma das opções pelo trabalho ao vivo
era, justamente, economizar dinheiro. E o disco era duplo. O dinheiro que eles iriam gastar regravando
nota por nota no estúdio, gravariam um novo disco de carreira.
Há sim, contudo, correções em estúdio.
Principalmente, nas partes vocais do Paul Stanley que já tocava pulando na
frente do microfone e, com isso, muitas falas se perdiam ou eram capturadas com
um volume muito baixo. A pirotecnia também fez necessário com que regravassem
alguns trechos. Em alguns momentos, o som dos efeitos cobria a banda e colocar
algo assim no mercado, seria considerado tosco. Ironicamente, Ace Frehley e
Peter Criss, que são os mais atacados por quem não é fã do grupo, foram os que
menos corrigiram imperfeições.
Houve, contudo, alguns truques de
mixagem. Para criarem esse disco, utilizaram gravações de 5 shows diferentes.
Algumas músicas foram feitas overdubs misturando dois shows. “She”, “Parasite” e “Let Me Go, Rock n´ Roll”,
por exemplo, misturavam performances de Daveport e Cobo Hall na mesma faixa.
Também utilizaram truques na sonoridade do publico. Os shows foram gravados
direto da mesa de som. Com isso, o publico pega muito pouco. E o Kiss interage
muito com a platéia. Nas horas das brincadeiras que o Starchild fazia com a
platéia, a gravação soava mais como um ensaio do que uma apresentação. Por
isso, foram realizados alguns overdubs na parte do público.
Outra curiosidade interessante é
que a foto da capa não foi criada em um show. Essa foi a primeira imagem que o
diretor de arte Dennis Woloch criou para a banda. O rapaz continuaria ao lado
dos músicos até 1987. Os músicos queriam uma imagem de concerto, mas não uma
imagem qualquer. Queriam o retrato perfeito. Enquanto os roadies montavam o
palco para a apresentação da banda no Cobo Hall, os músicos subiram ao palco do
Michigan Palace e começaram a tocar em um teatro
vazio para que a foto fosse capturada como gostariam.
Imagens do LP da época |
Como o Kiss gosta de fazer tudo
com o máximo de atenção, mesmo sem ter um grande hit, prensaram um álbum duplo.
Algo, sem duvidas, ousado. E como se não bastasse, o LP da época acompanhava um
book de 8 paginas com fotos dos shows. Para os fãs, genial. Para a gravadora,
naquele momento, nem tanto. Gene Simmons acabou desembolsando parte do dinheiro para que o produto fosse lançado como gostaria. Para a sorte dos músicos, que sonhavam em vender
350.000 cópias, o LP estourou vendendo 9.000.000 de cópias e fazendo com que o
grupo finalmente se transformasse em mega-estrelas e saíssem em uma turnê solo.
Se alguém duvidava do sucesso dos rapazes, essa duvida foi embora quando o Blue
Oyster Cult começou a abrir shows do Kiss, sendo que algum tempo antes havia
acontecido o inverso.
Lançado em 10 de Setembro de
1975, Kiss Alive! é um marco na carreira do Kiss, um marco na história do
Casablanca e um marco para inúmeras gerações de ouvintes e músicos. Disco que
fez não apenas com que o grupo atingisse o estrelato, mas que inspirou inúmeros
novos grupos ao redor do planeta. Vários garotos resolveram comprar uma guitarra
e formar uma banda após ouvir esse trabalho. Audição obrigatória!
Faixas:
Disco 1:
01) Deuce
02) Strutter
03) Got
To Choose
04) Hotte
Than Hell
05) Firehouse
06) Nothin´
To Lose
07)
C´mon
And Love Me
08)
Parasite
09)
She
Disco 2:
01)
Watchin´
You
02)
100.000
Years
03)
Black
Diamond
04)
Rock
Bottom
05)
Cold
Gin
06)
Rock
n´ Roll All Nite
07) Let Me Go, Rock n´ Roll
07) Let Me Go, Rock n´ Roll