domingo, 28 de agosto de 2016

Lucas Silveira – Eu Não Sei Lidar (2015):



Por Davi Pascale

Cantor e compositor da Fresno lança seu primeiro livro. Embora não muito comprido, o material é bem interessante e se torna uma leitura necessária entre os fãs do grupo.

Para o bem ou para o mal, a banda Fresno já se encontra no mercado há mais de 15 anos. Embora possuam uma leva de admiradores bem fiéis, os músicos nunca foram unanimidade. Nem entre os fãs de rock, muito menos entre a crítica especializada. Sim, hoje, o ódio em torno dos meninos diminuiu já que eles não são mais a tal novidade. Mas é algo que continua presente com uma certa força.

Se você faz parte da leva que nutre alguma admiração pelos gaúchos, a leitura do livro de Lucas Silveira se torna algo bem interessante. Aqui, o músico explica algumas de suas letras. Desde expressões que parecem não fazer muito sentido, até o real significado da canção. Qual foi a mensagem que quis transmitir e o que o levou a escrever sobre aquele tópico.

Existem vários tipos de artistas, vários estilos de composição e vários tipos de letristas. Existem aqueles que gostam de escrever sobre críticas político-sociais. Caso de bandas como Dead Fish. Existem aqueles que gostam de trabalhar com crônicas. Caso de Fausto Fawcett. Existem aqueles que gostam de trabalhar com aquilo que o brasileiro tem de melhor, ou seja, o bom humor. Caso de Roger Moreira. E existem aqueles que gostam de escrever sobre si próprio. Esse é o universo de Lucas.

Suas letras são reflexos de suas experiências pessoais ou profissionais. Pelo que entendi pela leitura, mais pelo lado pessoal. Ao contar sobre a criação de suas letras, o cantor acaba revelando muito sobre sua historia. Algo que torna a experiência bem interessante.

O musico soa bem honesto em seus relatos. Aborda temas pesados como morte, traição, bullying, o que ajuda a entender a melancolia em torno de várias de suas letras. Esses tópicos retratam não apenas como lida com esse universo, mas também como eles interferiram no seu crescimento e amadurecimento.

Lucas não vai tão a fundo quanto Lobão fez em seu mais recente livro (Em Busca do Rigor e Da Misericórdia) ao explicar seus arranjos. O velho lobo explicava por A+B a escolha de determinada guitarra para gravar tal faixa, corda que trocou para conseguir afinação, porque optou por determinada sequencia de acordes, etc. Entretanto, faz alguns depoimentos interessantes como o uso da tal linguagem poética, a acentuação de sílabas errada pelo ponto de vista gramatical, as críticas recebidas pelo produtor Rick Bonadio e a razão de não dar o braço a torcer. E pior que o garoto tem razão no que diz.

O livro não traz fotos de arquivo, mas traz um projeto gráfico interessante. Embora bem escrito, a linguagem utilizada aqui é bem simples. Uma leitura prazerosa e rápida. Li o material em 2 dias apenas. Para quem quer entender um pouco mais do que se passa na cabeça do musico e entender um pouco da bandeira que a banda defende, a leitura é essencial.