Por Davi Pascale
Cantor e compositor da Fresno
lança seu primeiro livro. Embora não muito comprido, o material é bem
interessante e se torna uma leitura necessária entre os fãs do grupo.
Para o bem ou para o mal, a banda
Fresno já se encontra no mercado há mais de 15 anos. Embora possuam uma leva de
admiradores bem fiéis, os músicos nunca foram unanimidade. Nem entre os fãs de
rock, muito menos entre a crítica especializada. Sim, hoje, o ódio em torno dos
meninos diminuiu já que eles não são mais a tal novidade. Mas é algo que
continua presente com uma certa força.
Se você faz parte da leva que
nutre alguma admiração pelos gaúchos, a leitura do livro de Lucas Silveira se
torna algo bem interessante. Aqui, o músico explica algumas de suas letras.
Desde expressões que parecem não fazer muito sentido, até o real significado da
canção. Qual foi a mensagem que quis transmitir e o que o levou a escrever
sobre aquele tópico.
Existem vários tipos de artistas,
vários estilos de composição e vários tipos de letristas. Existem aqueles que
gostam de escrever sobre críticas político-sociais. Caso de bandas como Dead
Fish. Existem aqueles que gostam de trabalhar com crônicas. Caso de Fausto
Fawcett. Existem aqueles que gostam de trabalhar com aquilo que o brasileiro
tem de melhor, ou seja, o bom humor. Caso de Roger Moreira. E existem aqueles
que gostam de escrever sobre si próprio. Esse é o universo de Lucas.
Suas letras são reflexos de suas
experiências pessoais ou profissionais. Pelo que entendi pela leitura, mais
pelo lado pessoal. Ao contar sobre a criação de suas letras, o cantor acaba
revelando muito sobre sua historia. Algo que torna a experiência bem
interessante.
O musico soa bem honesto em seus
relatos. Aborda temas pesados como morte, traição, bullying, o que ajuda a
entender a melancolia em torno de várias de suas letras. Esses tópicos retratam
não apenas como lida com esse universo, mas também como eles interferiram no
seu crescimento e amadurecimento.
Lucas não vai tão a fundo quanto
Lobão fez em seu mais recente livro (Em
Busca do Rigor e Da Misericórdia) ao explicar seus arranjos. O velho lobo
explicava por A+B a escolha de determinada guitarra para gravar tal faixa,
corda que trocou para conseguir afinação, porque optou por determinada
sequencia de acordes, etc. Entretanto, faz alguns depoimentos interessantes
como o uso da tal linguagem poética, a acentuação de sílabas errada pelo ponto
de vista gramatical, as críticas recebidas pelo produtor Rick Bonadio e a razão
de não dar o braço a torcer. E pior que o garoto tem razão no que diz.
O livro não traz fotos de
arquivo, mas traz um projeto gráfico interessante. Embora bem escrito, a
linguagem utilizada aqui é bem simples. Uma leitura prazerosa e rápida. Li o
material em 2 dias apenas. Para quem quer entender um pouco mais do que se
passa na cabeça do musico e entender um pouco da bandeira que a banda defende,
a leitura é essencial.