segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

Kiss: Rock n Roll Hall of Fame



Por Davi Pascale

A participação do Kiss no Rock n Roll Hall of Fame já estava virando novela mexicana até que a banda decidiu dar um basta no assunto não se apresentando mais cerimônia, dando um tapa na cara de muitos que andavam dizendo bobagens por aí. Mas... O que de fato aconteceu?

Não é segredo para ninguém que os músicos do Kiss não morrem de amores pelo evento. Em recente entrevista à publicação inglesa Classic Rock, o vocalista Paul Stanley declarou: “Meus sentimentos divergentes sobre o Rock And Roll Hall Of Fame não mudaram nada. A sua atitude é elitista e não reflete o público”. É nítido que starchild não concorda com os critérios adotados pelos organizadores do evento. “O Rock Hall reflete um pequeno grupo que dita quem satisfaz os critérios que eles consideram que seja ‘rock and roll’. Eu sempre senti que o espírito do rock and roll significa não só ignorar seus críticos, mas ignorar seus pares e fazer o seu próprio caminho”.

Muitos devem estar se questionando: se não gosta do evento, por que aceitou? Os músicos sempre disseram que por eles seria indiferente serem ou não nomeados, mas que caso fossem, aceitariam pelos fãs. Se isso acontecesse com outro artista diria que estava sendo hipócrita, mas no caso do Kiss, não dá para afirmar isso. Os músicos ficaram conhecidos por entregar aos fãs aquilo que eles querem. Sempre defenderam essa tese, inclusive nos momentos de baixa popularidade. Portanto, nesse caso, se agissem diferente, jogaria contra a história da banda.

Muito bem. Finalmente, eles foram nomeados e toparam participar da cerimônia. E daí começa o problema. Inicialmente, os organizadores queriam que a banda se apresentasse com a formação original. Ace Frehley e Peter Criss, é claro, ficaram igual à uma criança quando ganha um brinquedo novo. Paul Stanley e Gene Simmons, é claro, lutaram contra.

Ao que tudo indica, Ace Frehley e Peter Criss não concordaram com proposta 

É nítido que Ace e Peter têm um valor enorme na historia do conjunto e possuem enorme respeito e admiração entre seus seguidores (inclusive, eu faço parte desses seguidores), mas eles saíram da banda há muito tempo. Peter Criss foi expulso da banda (segundo ele mesmo relatou em sua autobiografia) por conta da sua dependência com álcool e drogas em 1980. Ace Frehley abandonou o barco dois anos depois. Ou seja, quem segurou o nome da banda durante todos esses anos foram Paul Stanley e Gene Simmons. Isso é tão fato quanto a importância de Ace e Peter. É diferente também do Guns n´ Roses (caso alguém esteja pensando em compará-los) porque o Kiss nunca se separou. E os principais compositores sempre foram Stanley e Simmons. Frehley compôs bastante coisa, sim, mas em menor proporção. Não importa se a fase cultuada é a dos anos 70. Se o grupo não tivesse durado 40 anos, muito provavelmente sua popularidade não seria tão forte e talvez, não estivessem sendo nomeados para o evento.

Antes mesmo que a banda explicasse o que estavam planejando, vários seguidores e um guitarrista com um ego do tamanho de um bonde chamado Chris Impelliteri começaram a escrever bobagens na internet e ofender os músicos por conta dos posts de Ace e Peter que fizeram um desabafo na internet contando a história, ao que tudo indica, pela metade. Atitude típica da geração ‘ejaculação precoce’. Já esperava isso dos adolescentes que se masturbam para a Kesha (alguns deles para o Justin Bieber) no Youtube, mas não do Impelliteri.

Lendo o post do Ace, a declaração oficial da banda e os twitts que acompanhei de Stanley nos últimos meses, o que me dá a entender é que os músicos estavam planejando tocar com a formação atual e convidar os ex-integrantes para fazerem uma participação especial. Isso fica claro para mim quando Ace Frehley escreve “não subirei ao palco com Tommy usando minha maquiagem. Isso é absurdo”. E também quando a banda esclarece “contrariamente às informações feitas nas redes sociais, nós não nos recusamos a tocar com Ace e Peter”.   

Sinto dizer, mas acho a atitude digna. Eles dariam reconhecimento aos membros originais, não desqualificariam o trabalho dos integrantes atuais e não alimentariam uma falsa esperança de uma nova reunião da formação clássica. Outra coisa que somente aqueles que acompanham Stanley no twitter haviam se ligado é que Bruce Kulick também iria participar do evento. Portanto eles não estão sendo hipócritas quando dizem: “Nossa intenção é celebrar toda a história do Kiss e dar crédito a todos, incluindo os que estão conosco atualmente de longa data. Tommy Thayer, Eric Singer, Bruce Kulick, e ainda, Eric Carr. Todos os que fizeram esta banda ser o que é”. Como disse, atitude digna, ao contrario do que dizem nos foruns.

Para evitar maiores conflitos, banda deu as costas à apresentação e apenas receberá o prêmio

O fato é que por conta de toda essa baixaria (onde alguns desmiolados chegaram, inclusive, à ofender a Shannon Tweed na conta de Facebook dela, como se a esposa do Gene Simmons tivesse algo a ver com a história), os mascarados decidiram que não irão mais se apresentar. Vão receber o premio e vão embora.

Em relação ao Chris Impelliteri, o rapaz está precisando de um choque de realidade. É verdade, sim, que é um bom guitarrista. É verdade, sim, que sua banda fez bons discos. Agora... não dá nem para comparar o legado do Kiss com o legado do Impelliteri. O Impelliteri perto da banda é um verdadeiro nada. É o mesmo que compararem Rolling Stones com Axel Rudi Pell. Ou o Steven Tyler com o Jeff Scott Soto. Portanto, me dá pena quando ele provoca o the demon dizendo: “Gene, muitas vezes, você diz à imprensa que vai ensinar todas as novas bandas como os homens de verdade fazem no palco. Então, seja um homem de verdade, resolva seus problemas com os outros dois e mostre às novas bandas como é que um homem honrado se comporta”. Depois de uma aula de moral, ele solta a pérola “Ah... Por falar nisso, a qualquer momento que você deseje dividir o palco com o Impellitteri, minha banda vai ficar feliz em deixar você tentar nos ensinar como se faz, antes de enviá-los de volta para casa com os seus egos entre as pernas... ha ha!".

É isso aí Chris, ri junto com você. Torça para que Gene Simmons não acate sua provocação porque se fizer, é bem capaz que em várias noites você toque para uma platéia apática, dispersa e sem metade da lotação. E logo em seguida, veja o Kiss sendo devotado, tocando com casa cheia. E daí é você que vai ficar com o rabo entre as pernas. O Kiss conseguiu duas coisas que o Impelliteri não conseguiu: clássicos e história. Da próxima vez, pense mais antes de escrever asneiras. Nós, fãs de rock n roll que conhecem o seu trabalho, agradecemos.