Por Rafael Menegueti
Mumford & Sons - Wilder Mind |
A cena indie britânica é sem sombra de dúvidas um berço
de grandes nomes do rock. Uma das bandas que vem se destacando nessa sempre
produtiva e criativa cena é o Mumford & Sons. A banda lança seu terceiro
álbum e começa a caminhar em uma direção antes nunca explorada. Se o elogiadíssimo
“Babel” (2012) era a perfeita mescla de folk e indie, com ênfase nos instrumentos
de corda como o banjo e o violão, além de uma percussão leve, em “Wilder Mind”
a banda opta por uma proximidade maior com o indie rock tradicional de hoje em
dia. E essa transformação veio depois de um curto período de hiato, que deve
ter sido fundamental para que a banda parecesse mais empenhada em reconstruir
sua sonoridade no seu retorno. Além da escolha do produtor James Ford, já
habituado a esse meio.
A concepção de “Wilder Mind” foi um processo lento. Desde
quando a banda confirmou estar trabalhando em material novo, em julho de 2014,
foram meses de gravação e produção para que o que fosse lançado surpreendesse
positivamente seus fãs. O fato é que todos nós sabemos como algumas pessoas são
com grandes mudanças. E claro que muitos ainda não engoliram muito bem a banda
abandonar o estilo “new folk” e os instrumentos acústicos pelos elétricos. Mas
a meu ver, a mudança foi positiva e traz um ar novo e confiante a música do
grupo, que poderia ficar repetitivo se continuasse investindo na mesma fórmula.
A cara nova do grupo é mostrada logo nos primeiros
segundos de “Tompkins Square Garden”, com a guitarra distorcida tocada por Winston
Marshall, que abandona o banjo nesse trabalho. A faixa, que abre o disco, é bem estruturada, com boa presença da bateria.
A banda segue tendo um bom equilíbrio nas vozes do vocalista principal, Marcus Mumford,
que também trocou seu violão pela guitarra elétrica, junto aos outros membros
nos vocais de apoio. “Believe” é outro single e a segunda do disco. Uma balada
elegante que cresce até o final em bom ritmo. Ela desemboca na mais agitada “The
Wolf”, com forte presença do baixo de Ted Dwane e das guitarras. Depois da
faixa-título, que destaca o teclado de Ben Lovett e a levada de bateria, vem “Just
Smoke”, faixa que tem uma sonoridade mais próxima do folk, mas ainda assim bem
distante do que eles mostravam antes.
Os membros do Mumford & Sons |
Apesar do nome, “Monster” é uma faixa bem suave e
constante. O dedilhado na guitarra e a voz mais intimista de Marcus são os
pontos fortes de “Snake Eyes”, que ganha força e peso no final. “Broad-Shoulderead
Beasts” é uma das composições mais fortes do disco, sendo um dos melhores picos
criativos do trabalho. Já em “Cold Arms”, o intimismo da relação entre o belo
timbre de voz de Marcus e a guitarra são o destaque da canção mais folk do
disco. Em “Ditmas” temos um estilo mais radiofônico e pop, lembrando um pouco
Coldplay na fase boa. “Only Love” é cantada e carregada pelo teclado até a
metade, então estoura e finalmente mostra a que veio. O disco encerra dando uma
assentada com “Hot gates”, mais calma e com ritmo definido pelo sintetizador e
teclado.
Na busca por mostrar uma nova sonoridade, o Mumford & Sons conseguiu fazer um disco de indie rock que foge completamente da mesmice (às
vezes chata e insossa) que tem saturado o gênero nos últimos anos. O disco é
coeso, direto, bem estruturado. Não é enjoativo porque a banda soube usar suas influências antigas e
fazer um som novo e despretensioso (outro defeito comum em muitas bandas indie atuais).
E os integrantes mostram grande musicalidade no seu modo de compor e tocar.
Resta saber agora para quais direções a banda seguirá daqui por diante. O
primeiro passo em direção ao rock alternativo mais tradicional e comercial foi bem
executado.
Nota: 9/10
Status: Empolgante
Faixas:
01. "Tompkins Square Park"
02. "Believe"
03. "The Wolf"
04. "Wilder Mind"
05. "Just Smoke"
06. "Monster"
07. "Snake Eyes"
08. "Broad-Shouldered Beasts"
09. "Cold Arms"
10. "Ditmas"
11. "Only Love"
12. "Hot Gates"