segunda-feira, 30 de junho de 2014

Tarja – Warm-up Concerts (2007)





Por Davi Pascale

Não sei se a galera que nos acompanha aqui conhece essa apresentação da cantora Tarja Turunen. Trata-se da primeira gira após sua demissão do Nightwish em 2005. A ideia era meio que fazer uma previa da turnê que viria a seguir e ver como as músicas iriam funcionar ao vivo. O DVD nunca foi para as lojas, mas chegou a ser disponibilizado para download pela cantora em seu site oficial por um tempo. Atualmente é possível encontra-los em torrents ou gravações caseiras de ótima qualidade nos Mercado Livres da vida.

Quando foi expulsa do Nightwish, o universo do heavy metal virou de cabeça para baixo. A mídia especializada não falava de outra coisa. Os fãs ficaram abalados. A própria cantora ficou abalada. Na coletiva que marcou para se defender das acusações de seus ex-companheiros, a cantora muitas vezes caiu no choro. Quem ainda não conhece, basta dar uma procurada no Youtube. Em termos gerais, os músicos a acusavam de ser egocêntrica e de ter a relação atrapalhada por conta de seu marido, Marcelo Cabuli. Há uma teoria de que o tecladista (e líder do grupo) Tuomas Holopainen seria apaixonado por Tarja e de que o fato da cantora nunca ter dado bola ao rapaz teria influenciado sua decisão de tirá-la do grupo. De todo modo, o que mais chocou seus admiradores foi o modo como ocorreu a demissão. Através de uma carta, entregue à moça logo após sair do palco. Atitude, no mínimo, covarde. Também me questiono a necessidade de tornar a carta pública. Enfim...

Muitos começaram a questionar o que a garota faria a partir dali. Durante seus dias no Nightwish, em várias ocasiões, havia dito que não havia crescido ouvindo heavy metal, que estava aprendendo a gostar de algumas coisas por conta do convívio com os rapazes da banda. E o seu público, que era (e ainda é) grande, era o de heavy metal! Como ela iria lidar com isso? A resposta veio com o álbum My Winter Storm. Misturando influencias de música clássica, com a guitarra e a bateria do heavy metal, mantendo seu vocal lírico e trazendo alguns acentos pop, a cantora trouxe uma sonoridade própria. Os mais radicais diziam sentir falta de mais peso. Eu, por outro lado, me surpreendi positivamente com o disco. Os arranjos eram excelentes, a produção impecável. Me questionava como iria interpretar as orquestrações nos seus shows. A solução encontrada foi colocar um tecladista e dois violoncelos. Funcionou bem... 
 
Gravado em fase delicada, cantora demonstrava segurança e repertorio de alto nivel

Gravado em 8 de Dezembro em Kuusankoski, Finlandia, a apresentação era mais curta do que os shows da turnê oficial, mas muito daquilo que vimos em sua passagem pelo Brasil já estava aqui. O número de abertura era o mesmo, o figurino era bem parecido, a banda era praticamente a mesma (se não me engano a única alteração foi o guitarrista Alex Scholpp que nos shows do Brasil foi substituído pelo guitarrista do Angra, Kiko Loureiro). Com uma produção de palco simples, voz potente e músicos de primeiro time, Tarja deixava claro que tinha gás de sobra para encarar a nova empreitada.

O foco principal era justamente o disco recém-lançado. Alguns consideram esse disco como seu debut, outros consideram seu segundo álbum solo por conta do álbum de Natal lançado pela artista em 2006. Por conta de sua saída turbulenta do Nightwish, muitos começaram a considerar a hipótese da moça não interpretar faixas de seu antigo grupo. Por mais que ainda guardasse magoas (com uma certa razão, diga-se de passagem), parecia não se abalar com isso e resolveu incluir algumas canções do grupo em seu setlist. No show desse vídeo, temos algumas (poucas) como as manjadas “Phantom of the Opera” e “Walking In The Air”, mas minha preferida desse fase é mesmo “Passion & The Opera”, do álbum clássico Oceanborn. Das canções do material solo, sempre gostei muito das performances de “I Walk Alone”, “Sing For Me”, “Lost Nothern Star” e da faixa de abertura “Boy And The Ghost”, embora reconheça que no show do Credicard Hall já estava me dando uma aflição não ver aquele pano caindo. “My Little Phoenix” é outra que funciona bem ao vivo.

A qualidade de imagem é excelente e conta com filmagem pro-shot. O áudio não teve overdubs. O som que ouvimos aqui é exatamente o som do show. Lembro que tinha voltado para casa impressionado com a afinação impecável de Tarja Turunen na apresentação de São Paulo. Tinha medo de assistir esse vídeo e perder aquela magia. É nesse tipo de gravação que vemos o quão bom o artista realmente é e a artista não frustrou. O domínio vocal dela é impressionante. Outro que se destaca é o baterista Mike Terrana. Um verdadeiro monstro. Ótimo registro, principalmente para aqueles que, como eu, tiveram a oportunidade de assistir a My Winter Storm Tour no Brasil. E também para aqueles que ainda questionam a qualidade vocal da moça (se é que esses caras ainda existem). Corra atrás.

Nota: 09/10
Status: Nostalgico

Faixas:
      01)   Boy And The Ghost
      02)   Lost Nothern Star
      03)   Passion & The Opera
      04)   My Little Phoenix
      05)   Sing For Me
      06)   Damned and Divine
      07)   Ciaran´s Well
      08)   Our Great Divide
      09)   The Phantom of the Opera
      10)   Oasis
      11)   Walking In The Air
      12)   You Would Have Loved This
      13)   Poison
      14)   I Walk Alone
      15)   Calling Grace