Por Davi Pascale
Marillion chega ao seu décimo-oitavo
álbum. Trabalho aposta na sonoridade prog, mas peca por ser muito devagar.
O Marillion iniciou a carreira
com uma sonoridade bastante progressiva, com influências descaradas de Genesis
(Peter Gabriel Era) e Pink Floyd. Depois do sucesso de “Kayleigh”, contudo, o
grupo apostou, por vez ou outra, em uma sonoridade mais acessível, diria até
mais pop. A boa noticia para quem curtia a banda nos seus primórdios é que
pegada prog aqui segue intacta.
Em Fear, ou melhor, Fuck
Everyone And Run, as músicas são dividas em 6 músicas e 17 faixas. Na real,
eles intercalam uma suíte e uma musica mais tradicional. Embora, a qualidade de
gravação seja muito boa e Steve Rothery tenha realizado um bonito trabalho de
guitarra, a banda britânica peca por fazer um álbum muito para baixo o tempo
todo.
Sinto falta de músicas mais
trabalhadas, com mais quebradas de tempo, que nem acontecia na época de Fugazi ou de Script of a Jester´s Tear. Algo na linha de “Garden Party”, para
ser mais específico. Essa sonoridade muito clean, muito calma, embora seja
muito bem realizada, cansa depois de algum tempo. Em um trabalho como esse, que
tem mais de uma hora de duração, faz falta algo que te prenda mais a atenção.
Tem muita gente que não consegue
se acostumar com os vocais de Steve Hogarth, também conhecido como ‘h’. Eu,
particularmente gosto dele. Embora prefira os vocais do Phish, acho o rapaz bem
competente. Nenhuma novidade por aqui. Quem gosta dele, ficará satisfeito. Quem
não gosta, não mudará de opinião. Fez um trabalho correto.
Entre todas as músicas aqui, o
momento de destaque fica com “Living In Fear”, muito bem construída, contando inclusive
com um coro de vozes no final, é a mais bonita do disco, além de contar com um
ótimo refrão.
As letras são bonitas e merecem
uma atenção especial. “The Leavers” fala sobre o sentimento de deixar tudo para
trás, inclusive sua própria família, para cair na estrada. Mas as grandes
sacadas são as letras de cunho político, principalmente “The New Kings”, onde
discutem sobre as ações dos bancos, as mentiras denunciadas pela imprensa e
Tony Blair. Maluco... Se esses caras morassem no Brasil teriam inspiração para
umas três trilogias.
Fuck Everyone And Run é um trabalho que mostra uma banda de muita
qualidade, porém, como disse anteriormente, muito fria, sem sal. Se esse
pessoal se soltasse um pouquiiinho mais, teríamos um trabalho bem interessante.
Já fizeram ótimos discos no passado, acredito na recuperação deles. Recomendado
somente aos fãs de carteirinha.
Nota: 6,0 / 10,0
Status: Morno
Faixas:
Faixas:
01)
El Dorado
I – Long-Shadowed Sun
II – The Golf
III – Demolished Lives
IV – Fear
V – The Grandchildren of Apes
02) Living In Fear
03) The Leavers
I – Wake Up In Music
II – The Remainers
III – Vapour Trails In The Sky
IV – The Jumble Of Days
V – One Tonight
04) White Paper
05) The New Kings
I – Fuck Everyone And Run
II – Russia´s Locked Doors
III – A Scary Sky
IV – Why Is Nothing Ever True?
06) Tomorrow´s New Country