quarta-feira, 7 de dezembro de 2016

Marillion – Fear (2016):



Por Davi Pascale

Marillion chega ao seu décimo-oitavo álbum. Trabalho aposta na sonoridade prog, mas peca por ser muito devagar.

O Marillion iniciou a carreira com uma sonoridade bastante progressiva, com influências descaradas de Genesis (Peter Gabriel Era) e Pink Floyd. Depois do sucesso de “Kayleigh”, contudo, o grupo apostou, por vez ou outra, em uma sonoridade mais acessível, diria até mais pop. A boa noticia para quem curtia a banda nos seus primórdios é que pegada prog aqui segue intacta.

Em Fear, ou melhor, Fuck Everyone And Run, as músicas são dividas em 6 músicas e 17 faixas. Na real, eles intercalam uma suíte e uma musica mais tradicional. Embora, a qualidade de gravação seja muito boa e Steve Rothery tenha realizado um bonito trabalho de guitarra, a banda britânica peca por fazer um álbum muito para baixo o tempo todo.

Sinto falta de músicas mais trabalhadas, com mais quebradas de tempo, que nem acontecia na época de Fugazi ou de Script of a Jester´s Tear. Algo na linha de “Garden Party”, para ser mais específico. Essa sonoridade muito clean, muito calma, embora seja muito bem realizada, cansa depois de algum tempo. Em um trabalho como esse, que tem mais de uma hora de duração, faz falta algo que te prenda mais a atenção.

Tem muita gente que não consegue se acostumar com os vocais de Steve Hogarth, também conhecido como ‘h’. Eu, particularmente gosto dele. Embora prefira os vocais do Phish, acho o rapaz bem competente. Nenhuma novidade por aqui. Quem gosta dele, ficará satisfeito. Quem não gosta, não mudará de opinião. Fez um trabalho correto.

Entre todas as músicas aqui, o momento de destaque fica com “Living In Fear”, muito bem construída, contando inclusive com um coro de vozes no final, é a mais bonita do disco, além de contar com um ótimo refrão.

As letras são bonitas e merecem uma atenção especial. “The Leavers” fala sobre o sentimento de deixar tudo para trás, inclusive sua própria família, para cair na estrada. Mas as grandes sacadas são as letras de cunho político, principalmente “The New Kings”, onde discutem sobre as ações dos bancos, as mentiras denunciadas pela imprensa e Tony Blair. Maluco... Se esses caras morassem no Brasil teriam inspiração para umas três trilogias.

Fuck Everyone And Run é um trabalho que mostra uma banda de muita qualidade, porém, como disse anteriormente, muito fria, sem sal. Se esse pessoal se soltasse um pouquiiinho mais, teríamos um trabalho bem interessante. Já fizeram ótimos discos no passado, acredito na recuperação deles. Recomendado somente aos fãs de carteirinha.


Nota: 6,0 / 10,0
Status: Morno

Faixas:
      01)   El Dorado
I – Long-Shadowed Sun
II – The Golf
III – Demolished Lives
IV – Fear
V – The Grandchildren of Apes
      02)   Living In Fear
      03)   The Leavers
I – Wake Up In Music
II – The Remainers
III – Vapour Trails In The Sky
IV – The Jumble Of Days
V – One Tonight
      04)   White Paper
      05)   The New Kings
I – Fuck Everyone And Run
II – Russia´s Locked Doors
III – A Scary Sky
IV – Why Is Nothing Ever True?
06)   Tomorrow´s New Country