Por Davi Pascale
O fato de colecionar discos e de
querer me aprofundar o máximo possível na carreira dos artistas que admiro, me
levou a descobrir o Badlands muitos anos atrás. Formado por 4 excelentes
músicos, o grupo tinha de tudo para ter sido um dos grandes nomes da época. Algo
que, infelizmente, não aconteceu. Agora, décadas depois vejo muita gente
correndo atrás da banda, mas ainda estão longe de serem um nome reconhecido
entre o grande público. Em seu primeiro
disco, formavam o lineup: Ray Gillen, Jake E. Lee, Greg Chaisson e Eric Singer.
Todos eles passaram por grandes
bandas. Bem... quase todos. Greg Chaisson vinha do Steeler que é uma banda que
também teve excelentes músicos (alguns renomados até como Yngwie Malmsteen,
Axel Rudi Pell e Ron Keel), mas que também nunca chegou a acontecer de fato.
Aquele famoso grupo que é conhecido entre os amantes do gênero. Não mais do que
isso. O vocalista Ray Gillen vinha do Black Sabbath. O rapaz substituiu o Glenn
Hughes na turnê do The Seventh Star e
chegou a gravar as demos do disco Eternal
Idol, que depois foi lançado com o vocal de Tony Martin. Eric Singer,
atualmente no Kiss, era o baterista dessa turnê, mas também já tinha tocado com
Gary Moore e Lita Ford. Já o guitarrista Jake E Lee tinha atingido a fama após
participar da carreira solo de Ozzy Osbourne, tendo gravado os discos Bark At The Moon e The Ultimate Sin. Foi ele, aliás, quem acompanhou o ex-Sabbath na
apresentação do Rock In Rio em 1985.
Foto promocional do Black Sabbath com Ray Gillen e Eric Singer |
Vários fatores atrapalharam a
carreira da banda. A pressão da gravadora por um hit – que nunca aconteceu – e as
brigas entre Jake e Gillen, no entanto, acredito que tenham sido os maiores
obstáculos. Embora não tenham conseguido musicas de grande destaque na radio, o
quarteto chegou a ter 3 videoclipes veiculados na MTV, na época. Dois, “Winter´s
Call” e “Dreams In The Dark”, extraídos do álbum de estréia. O outro foi “The
Last Time, de seu segundo trabalho Voodoo
Highway.
O primeiro a abandonar o barco
foi o baterista Eric Singer. Quando lançaram seu segundo CD, já contavam com
Jeff Martin assumindo as baquetas. Quando li seu nome no encarte pela primeira
vez, me assustei. Jeff era conhecido por seu trabalho vocal no grupo Racer X
(por sinal, liderado por outro grande guitarrista: o mr. big Paul Gilbert) e não tinha uma imagem associada enquanto
baterista. Mas verdade seja dita, o cara é um bom músico. Ainda prefiro o
estilo de Singer, mas realmente não fazia feio.
O debut tinha uma sonoridade que
mesclava aquele hard dos anos 80 com influencias de grandes bandas dos anos 70,
como o Led Zeppelin, por exemplo, além de uma influencia de blues. Essa veia
zeppeliana é facilmente perceptível na faixa de abertura “Highwire”. Aliás,
essa foi a primeira canção que ouvi do quarteto. Tinha esse faixa em uma coletânea
chamada Comando Metal, mas reconheço
que só fui dar valor ao grupo e procurar mais informações depois que peguei
emprestado um VHS que um amigo meu tinha com várias gravações de TV e me
deparei com o clipe de “Winter´s Call”. De cara, reconheci o baterista Eric
Singer que naquela época estava trabalhando com o Kiss. Era a época do Alive III. Ou seja, fase desmascarada
ainda. E também fiquei impressionado com o trabalho vocal de Ray Gillen. A
influencia blues é mais facilmente percebida em “Rumblin´ Train”.
Capa dos 3 discos lançados pelo grupo |
Essas influências setentistas e
blueseiras, contudo, apareceriam em maior escala no Voodoo Highway. Trabalho que julgo tão bom quanto seu antecessor.
Gillen estava mais confiante nos vocais. Talvez essa seja a razão que a galera
que o idolatra prefira esse álbum ao debut. Eu, honestamente, acho os dois pau
a pau. O que me frustrou um pouco foi o terceiro – e útlimo disco – Dusk, lançado de maneira póstuma. Já
tinha esse material em formato bootleg, antes dele chegar às lojas. Lembro que
não fiquei impressionado quando ouvi as demos e também não fiquei impressionado
quando ouvi o lançamento oficial. É obvio que o trabalho dos músicos é
impecável, mas achei as músicas pouco inspiradas. A que mais gosto é “Ride the
Jack”. Não é um álbum ruim, mas acho bem abaixo dos anteriores.
Infelizmente, com a morte de Ray
Gillen (vitima da Aids) em 1 de Dezembro de 1993, as chances de um retorno
foram por água abaixo. Eu, pelo menos, não consigo imaginar esses caras
funcionando com outro vocalista. Entretanto, existe como legado esses 3 discos
que certamente merecem serem redescobertos pela nova geração. Os dois primeiros
trabalhos foram relançados recentemente e são relativamente fáceis de serem
encontrados. O VHS Dag The Giblets,
contudo, ainda não foi reeditado em DVD. Ainda bem que tenho minha fita aqui em
casa...