Por Davi Pascale
Documentário registra turnê que o
grupo realizou em 2012. Contando com imagens ao vivo e cena de bastidores,
filme deve agradar somente aos fanáticos.
A música brasileira tem sido
muito mais valorizada nos últimos anos. Tem aumentado o número de livros,
documentários e até relançamentos de nossos artistas. Considero tudo isso muito
bacana. E claro, em todos esses universos, há erros e acertos. Infelizmente, o
longa do Los Hermanos não é um grande filme, por mais que a ideia seja bacana.
A película não é aquele
documentário tradicional com diversas entrevistas envolvendo os músicos, equipe,
artistas convidados. Ou seja, você não ficará a par de como a banda foi
formada, de como os músicos se conheceram, a saída de Patrick Laplan, a mudança
da sonoridade dos discos, nada disso. O foco é a turnê de 15 anos e somente
isso. Esse, contudo, não é o grande problema.
Acho bacana quando artistas topam
propostas diferentes, trazem visões diferentes, saem do senso comum. A ideia de
fazer um registro da turnê mostrando o dia-a-dia na estrada com imagens das
viagens, passagens de som, diferentes apresentações é muito bacana. Um universo
comum entre artistas estrangeiros. Não tão comum entre os artistas brasileiros.
O grande problema do filme é o roteiro. Ou melhor, a falta dele.
Não há nada de errado com o
filme, mas também não há nada de certo. É um filme que pouco acrescenta e conta
com poucas imagens e depoimentos realmente interessantes. Uma imagem realmente
bacana é a de um ensaio realizado antes de uma apresentação que mostra os
músicos descontraídos. Amarante mostra uma música sua para Camelo, que retribui
mostrando uma música nova dele. Não demora muito e os músicos começam a acompanha-lo.
Foi interessante vê-los improvisando, se divertindo, sem pressões, sem ego.
Filme retrata reunião de 2012 |
Algo marcante na trajetória do
Los Hermanos é o público que conseguiram atingir e o fanatismo em torno do
mesmo. Seus fãs conhecem as letras de todas as canções. Tanto dos hits, quanto
dos lados B. Seus shows são sempre lotados e sempre em locais gigantescos. Não
me lembro de ter visto essa devoção em torno de um artista brasileiro desde os
tempos da Legião Urbana. O documentário deixa explicito esse fanatismo e a
atenção que os músicos têm com seus admiradores. Os rapazes, aparentemente, não viram as costas
para seus fãs, não fazem cú doce para tirar fotos, nem para dar autógrafos, não
importa onde seja a abordagem. Seja na rua, nos aeroportos, no final de seus
shows, fica claro que os músicos são bem atenciosos com seu público. O longa passa ideia de serem rapazes simples, apesar da idolatria.
No making of, a diretora Maria
Ribeiro explica a falta de entrevistas. Algo proposital, mas que na minha visão
foi um erro. As imagens são bacanas, o filme está bem editado, mas fica
faltando aquele algo mais. Algo que te prenda a atenção. Mesmo que seja sobre a
turnê, poderia ter depoimento dos músicos explicando a razão de cair na
estrada, a decisão de parar de gravar, como chegaram a quantos shows fariam, o
porquê daquelas cidades escolhidas, se havia alguma razão especial para os
locais escolhidos para abrir e fechar a turnê, sobre como escolheram o set,
produção de palco, interação com o público, etc etc etc...
Os grandes destaques acabam sendo
as canções intercaladas que, querendo ou não, são os únicos registros oficiais
daquela gira. Algo que para quem é fã é sempre interessante. A intenção foi
ótima, o resultado, infelizmente, não mais do que razoável. No momento, o grupo
está novamente na estrada para mais uma mini turnê. Vamos ver se vem algum
registro disso por aí...