segunda-feira, 26 de outubro de 2015

Los Hermanos – Esse É Só O Começo Do Fim De Nossas Vidas DVD (2015):



Por Davi Pascale

Documentário registra turnê que o grupo realizou em 2012. Contando com imagens ao vivo e cena de bastidores, filme deve agradar somente aos fanáticos.

A música brasileira tem sido muito mais valorizada nos últimos anos. Tem aumentado o número de livros, documentários e até relançamentos de nossos artistas. Considero tudo isso muito bacana. E claro, em todos esses universos, há erros e acertos. Infelizmente, o longa do Los Hermanos não é um grande filme, por mais que a ideia seja bacana.

A película não é aquele documentário tradicional com diversas entrevistas envolvendo os músicos, equipe, artistas convidados. Ou seja, você não ficará a par de como a banda foi formada, de como os músicos se conheceram, a saída de Patrick Laplan, a mudança da sonoridade dos discos, nada disso. O foco é a turnê de 15 anos e somente isso. Esse, contudo, não é o grande problema. 

Acho bacana quando artistas topam propostas diferentes, trazem visões diferentes, saem do senso comum. A ideia de fazer um registro da turnê mostrando o dia-a-dia na estrada com imagens das viagens, passagens de som, diferentes apresentações é muito bacana. Um universo comum entre artistas estrangeiros. Não tão comum entre os artistas brasileiros. O grande problema do filme é o roteiro. Ou melhor, a falta dele.

Não há nada de errado com o filme, mas também não há nada de certo. É um filme que pouco acrescenta e conta com poucas imagens e depoimentos realmente interessantes. Uma imagem realmente bacana é a de um ensaio realizado antes de uma apresentação que mostra os músicos descontraídos. Amarante mostra uma música sua para Camelo, que retribui mostrando uma música nova dele. Não demora muito e os músicos começam a acompanha-lo. Foi interessante vê-los improvisando, se divertindo, sem pressões, sem ego.

Filme retrata reunião de 2012

Algo marcante na trajetória do Los Hermanos é o público que conseguiram atingir e o fanatismo em torno do mesmo. Seus fãs conhecem as letras de todas as canções. Tanto dos hits, quanto dos lados B. Seus shows são sempre lotados e sempre em locais gigantescos. Não me lembro de ter visto essa devoção em torno de um artista brasileiro desde os tempos da Legião Urbana. O documentário deixa explicito esse fanatismo e a atenção que os músicos têm com seus admiradores. Os rapazes, aparentemente, não viram as costas para seus fãs, não fazem cú doce para tirar fotos, nem para dar autógrafos, não importa onde seja a abordagem. Seja na rua, nos aeroportos, no final de seus shows, fica claro que os músicos são bem atenciosos com seu público. O longa passa ideia de serem rapazes simples, apesar da idolatria.

No making of, a diretora Maria Ribeiro explica a falta de entrevistas. Algo proposital, mas que na minha visão foi um erro. As imagens são bacanas, o filme está bem editado, mas fica faltando aquele algo mais. Algo que te prenda a atenção. Mesmo que seja sobre a turnê, poderia ter depoimento dos músicos explicando a razão de cair na estrada, a decisão de parar de gravar, como chegaram a quantos shows fariam, o porquê daquelas cidades escolhidas, se havia alguma razão especial para os locais escolhidos para abrir e fechar a turnê, sobre como escolheram o set, produção de palco, interação com o público, etc etc etc...

Os grandes destaques acabam sendo as canções intercaladas que, querendo ou não, são os únicos registros oficiais daquela gira. Algo que para quem é fã é sempre interessante. A intenção foi ótima, o resultado, infelizmente, não mais do que razoável. No momento, o grupo está novamente na estrada para mais uma mini turnê. Vamos ver se vem algum registro disso por aí...