Por Davi Pascale
Em 23 de Junho de 1995, exatos 21
anos atrás, o debut do Mamonas Assassinas chegava às lojas. Com um trabalho
irreverente e bem construído, os 5 garotos de Guarulhos encantaram o publico
brasileiro e deram nó na cabeça dos críticos musicais.
Já vi muita gente questionando a qualidade musical do grupo. Questão de gosto é sempre algo
complicado. Eu, particularmente, sempre fui fã dos rapazes. Tive, inclusive, a
felicidade de assisti-los ao vivo. Mas, independente de gosto, é preciso
reconhecer o talento de alguém que faz algo diferente. E eles fizeram...
Mamonas Assassinas era um disco extremamente bem construído. Muitos
até se questionavam se os músicos conseguiriam repetir o feito em um segundo
álbum. A banda se destacou pela criatividade e também pela irreverência. Algo
que alimentava ainda mais a dúvida, uma vez que, por incrível que pareça,
atingiram todo o núcleo familiar. Mesmo com letras repletas de deboche e
palavrões, várias crianças compareciam às apresentações acompanhadas de seus
pais. Dúvidas que, infelizmente, ficarão latejando para sempre. O disco, hoje, é considerado um marco dos anos 90.
“1406” abria o disco com uma
levada de baixo funkeada, bem no espírito Chili Peppers (lembrem-se, nessa
época, eles ainda não estavam apostando nesse som mais comercial que fazem hoje).
A letra era inspirada em um famoso canal de televendas. O Grupo Imagem, que
injetava anuncio na Rede Manchete. O numero do titulo era o famoso número para
vendas, enquanto quase todos os produtos mencionados na letra eram anunciados
no canal.
“Vira-Vira” era a famosa brincadeira com os portugueses. Brincadeira esperada em um álbum cômico. A letra foi inspirada em uma piada do famoso humorista Costinha, presente no LP O Peru da Festa Vol 2. Enquanto o instrumental foi inspirado na canção “Vira-Vira” do cantor português Roberto Leal.
Grupo conquistou o país se utilizando do humor |
“Vira-Vira” era a famosa brincadeira com os portugueses. Brincadeira esperada em um álbum cômico. A letra foi inspirada em uma piada do famoso humorista Costinha, presente no LP O Peru da Festa Vol 2. Enquanto o instrumental foi inspirado na canção “Vira-Vira” do cantor português Roberto Leal.
“Pelados Em Santos” era uma
brincadeira de Dinho com um amigo dele que tinha mania de falar gírias. Foi a
primeira musica escrita pelo cantor. “Chopis Centis” buscava inspiração em The
Clash. Sim, o riff de “Should I Stay or Should I Go” é usado
intencionalmente. “Jumento Celestino”
trazia a brincadeira clássica com os nordestinos. O arranjo era uma homenagem à um grande ídolo nordestino, o
forrozeiro Genival Lacerda. “Sabão Crá-Crá” é uma brincadeira popular que eles
musicaram.
O CD segue com “Uma Arlinda
Mulher”. Para essa, buscaram inspiração na história de Uma Linda Mulher. As guitarras
distorcidas no meio da canção foram retiradas de “Creep” do Radiohead, sem
contar na famosa sátira de Belchior no final da faixa. “Cabeça de Bagre II” era
uma brincadeira em cima do título “Cabeça Dinossauro” (Titãs). A letra era
inspirada nos anos estudantis de Dinho. “Robocop Gay” era uma homenagem ao
Capitão Gay, famoso personagem que Jô Soares interpretava em Viva o Gordo.
“Boys Don´t Cry” brincava com a ideia do corno manso. Qual o gênero eles se inspiraram? Exato, na canção brega, naquela época, quem não gostava, utilizava o termo música de corno. A inspiração maior era em Waldick Soriano. Consegue imaginar Rush nisso? Bem, eles conseguiram e inseriram um trecho de “Tom Sawyer” no meio. A linha vocal de “Debil Metal” era uma homenagem ao Sepultura, enquanto “Lá Vem o Alemão” era uma tiração de onda com o sucesso “Lá Vem o Negão”. Para conseguirem reproduzir a sonoridade dos pagodeiros da época, contaram com a ajuda de Leandro Lehart e Fabinho (Art Popular). Na vocalização, Dinho satiriza Luiz Carlos (Raça Negra) e Netinho Di Paula (Negritude Junior), dois cantores que estavam em destaque na ocasião. “Sábado de Sol” era uma canção do grupo Baba Cósmica. Dinho ouviu a fita demo do trio, morreu de rir com a letra e perguntou aos garotos se poderia incluí-la no disco.
Trabalho não foi bem recebido pela crítica na época |
“Boys Don´t Cry” brincava com a ideia do corno manso. Qual o gênero eles se inspiraram? Exato, na canção brega, naquela época, quem não gostava, utilizava o termo música de corno. A inspiração maior era em Waldick Soriano. Consegue imaginar Rush nisso? Bem, eles conseguiram e inseriram um trecho de “Tom Sawyer” no meio. A linha vocal de “Debil Metal” era uma homenagem ao Sepultura, enquanto “Lá Vem o Alemão” era uma tiração de onda com o sucesso “Lá Vem o Negão”. Para conseguirem reproduzir a sonoridade dos pagodeiros da época, contaram com a ajuda de Leandro Lehart e Fabinho (Art Popular). Na vocalização, Dinho satiriza Luiz Carlos (Raça Negra) e Netinho Di Paula (Negritude Junior), dois cantores que estavam em destaque na ocasião. “Sábado de Sol” era uma canção do grupo Baba Cósmica. Dinho ouviu a fita demo do trio, morreu de rir com a letra e perguntou aos garotos se poderia incluí-la no disco.
O trabalho, como podem ver, era extremamente inteligente. A ideia de ser uma banda de rock que satirizava outros gêneros confundiu
a cabeça de vários críticos que escreviam artigos rebuscados dizendo que a
banda não tinha identidade, que não sabiam onde queriam chegar (será
mesmo?!?!). Hoje, com o lance do politicamente correto, eles seriam facilmente
acusados de racismo, homofobia entre outras coisas mais. Felizmente, pude viver
esse fenômeno e dar risada inúmeras vezes com o disco e com as apresentações em
TV. Obrigado, Mamonas pelos ótimos momentos.
Nota: 10,0 / 10,0
Status: Clássico
Faixas:
01) 1406
02)
Vira Vira
03)
Pelados Em Santos
04)
Chopis Centis
05)
Jumento Celestino
06)
Sabão Crá-Crá
07)
Uma Arlinda Mulher
08)
Cabeça de Bagre II
09)
Mundo Animal
10)
Robocop Gay
11)
Boys Don´t Cry
12)
Débil Metal
13)
Sábado de Sol
14) Lá Vem o Alemão
14) Lá Vem o Alemão