Por Davi Pascale
Lá fui eu para mais um showzinho.
Dessa vez, do musico Kiko Zambianchi. A galera mais nova é capaz de recordar
dele dobrando os violões e as vozes no Acústico
MTV do Capital Inicial. A galera mais antiga irá recordar dele nos
programas de auditório e trilhas de novela nos anos 80.
Embora seja um bom músico, um bom
cantor e um ótimo compositor, a discografia de Kiko Zambianchi é curta. São
apenas 5 álbuns de estúdio e um de remixes. O mega-sucesso “Hey Jude” fez com
que o cantor se rebelasse e procurasse se afastar da cena por alguns anos. Sua
ousada escolha faz com que pague o preço. O músico hoje luta para conseguir
colocar seu CD e DVD acústico no mercado. Mesmo sendo contratado por uma grande
gravadora (Sony Music). A major diz que o lançamento já ocorreu, já que o álbum
está nas plataformas digitais. E uma vez que o publico dele não é um consumidor
de Deezer, Spotify e afins, muitos não sabem nem da existência do projeto. O que
é uma pena (em breve, irei escrever sobre ele aqui)...
O show no último sábado trouxe
algumas surpresas. Uma, a quantidade do publico. Por estar afastado da mídia,
acreditava que talvez não lotasse. Entretanto, os ingressos esgotaram-se. A
maior surpresa, contudo, foi quando o músico decidiu mudar todo o seu show e
entregar aos presentes um show elétrico, em formato de power trio e com uma
pegada bem rock n roll. “Esse show era para ser realmente acústico, mas resolvi
fazer diferente na ultima hora”, explicou o cantor após as primeiras músicas.
A apresentação tem perto de 90
minutos, mas o repertório é longo, já que suas músicas não são muito compridas.
Seu álbum de estreia Choque recebeu
bastante destaque e teve diversas músicas executadas como “Jony”, “Choque”, “Rolam
As Pedras” e “Primeiros Erros”. Sim, é essa mesma que você está pensando. A
música que catapultou o acústico do Capital é, na realidade, um velho hit de
Kiko Zambianchi, lançada originalmente em 1985.
Como disse, sua discografia não é
longa. Portanto, todos seus álbuns foram lembrados durante o show. Músicas como
“Quadro Vivo” e “Norte e Sul” se fazem presentes. Fiquei bem feliz de ter tocado
“Tudo é Possível” do CD Disco Novo.
Uma faixa que ouvi bastante e que, embora tenha sido faixa de trabalho,
mereceria um destaque maior. As músicas na apresentação ganham mais peso. Zambianchi
está cantando muito bem, com a voz em dia, bem próxima aos seus discos. Na
guitarra, é mais econômico. Toca com segurança, mas faz poucos solos. Os músicos
de apoio seguram sua função com competência.
O violão só foi resgatado no
momento de recordar “Eu Te Amo Você”, hit da Marina Lima, composta pelo músico.
Talvez por não ter gostado do som do instrumento (“não ouvi nada do que toquei”),
fez todas as demais canções na guitarra. As que escreveu para o Capital também
foram lembradas, como o hit “Mais”, que animou os presentes. E, sim, ele
incluiu “Hey Jude” no repertório. “Durante muito tempo, me recusei a tocar essa
música. A versão, na verdade, não é minha. Naquela época, o Michael Jackson
detinha os direitos das canções dos Beatles e não autorizava versões. Tive que
utilizar uma letra que já existia. Só gravei a voz. Fiz especialmente para uma
novela. A música tocou tanto que eu não aguentava mais ouvir minha voz, mas
agora estou de boa. Afinal, depois da musica do joelhinho, do cotovelinho, do
meu pau não sei das quantas, tornou-se um clássico”, brincou o músico,
arrancando risos da plateia.
Os fãs saíram bem satisfeitos. A
qualidade do show fez, inclusive, com que o publico se esquecesse de um
espectador inconveniente, que ficava interrompendo o show à todo momento
gritando coisas nonsense. Kiko Zambianchi entregou um show simples, honesto,
bem resolvido e deixou seus fãs já ansiosos por seu retorno. Parabéns pelo
show, Kiko, e espero que a gravadora mude de ideia e disponibilize seu álbum no
formato físico algum dia.