Por Davi Pascale
Filha do rei do rock se arriscava
na carreira de cantora. Disco apostava em sonoridade de contemporânea e trazia
um resultado satisfatório.
Não é raro vermos filhos de
grandes astros da música tentando seguir os passos de seus pais. Isso ocorre
dentro e fora do rock. Para ser mais justo, diria que ocorre na arte de um modo
geral. A ideia de ser filho de um grande ídolo abre algumas portas, mas também
gera uma cobrança maior. É necessário provar que você tem um enorme talento
para que não seja acusado de aproveitador.
Indiscutivelmente, Lisa Marie
Presley, não tinha o mesmo talento que seu pai, o rei do rock, Elvis Presley. O
garoto de Tupelo deu uma nova cara ao gênero, foi influencia direta para
diferentes gerações de músicos, foi ousado, além de ter uma voz fora do comum.
Qualquer canção que gravasse, passava a ser sua, ficava quase impossível
desassociar dele. Lisa Presley fazia um trabalho competente, mas comum.
Bonita, a garota poderia ter
causado um certo alvoroço no mercado, caso não tivesse que lidar com uma
cobrança tão grande. Não vamos nos esquecer que imagem no meio artístico,
queira ou não, vende. Musicalmente falando, ela não era ruim, mas passava longe
de ser inovadora ou de ter uma voz que impressionasse. De todo modo, estava
fazendo a jogada certa.
Todas as composições do disco
tinham suas mãos por trás. Entre seus grandes parceiros, estava Glen Ballard.
No Brasil, ele é muito lembrado por ter produzido o emblemático Jagged Little Pill, da cantora
canadense Alanis Morissette, mas sua história vai além. Glen também é
responsável por auxiliar na construção de diversas letras do Aerosmith, além de
ter ajudado a compor “Man In The Mirror”, sucesso do rei do pop, no álbum Bad.
A associação não poderia ser mais
perfeita. Lisa tinha um histórico com Michael (para quem não sabe ela foi
casada com ele. É ela quem contracena com o cantor no clipe de “You Are Not
Alone”) e tentava surfar nessa onda mais alternativa. Os arranjos do disco são
uma mescla de Alanis Morissette com Sheryl Crow.
Bem gravado, a única reclamação é
que o álbum poderia trazer algumas canções que fossem rock de fato. O que temos
aqui são 11 baladas pop/rock. As músicas são boas, o trabalho era bem feito,
mas carecia de hit, daquela musica que ficasse na sua cabeça e te fizesse
querer ouvir de novo e de novo.
Não tive acesso à nenhum registro
da moça ao vivo, mas seu trabalho vocal no disco é bom. Não chega a ser tão marcante quanto o trabalho de uma Alanis, mas é respeitável. Diria que a garota fez um trabalho
correto e bem agradável. Seu timbre de voz é muito bom e ela parecia conhecer
bem seu limite.
Outro problema que pode – e deve –
ter colaborado para que sua carreira não decolasse creio que seja sua postura. Quando alguns críticos
se dirigiam à ela como princesa do rock, era apenas uma brincadeira por ser
filha do rei do rock, de santinha não tinha nada. Casou com Michael, meses após
o músico ter sido acusado de estar envolvido em pedofilia, separou de Nicolas
Cage após 3 meses em um segundo casamento, teve experiências com drogas pesadas
na adolescência. Nesse exato momento, encontra-se em uma clinica de
reabilitação para tentar largar seus vícios, mais uma vez. Estados Unidos é um
país conservador e esse tipo de postura em um artista que deseja fazer parte da
cultura pop é sempre complicado.
To Whom It May Concern, contudo, independente de qualquer situação,
era um projeto bem desenvolvido e contava com faixas bem interessantes como “S.O.B”,
“Lights Out”, “Important”, além da faixa-título, responsável por fechar o
álbum. Vale uma conferida.
Nota: 7,0 / 10,0
Status: Consistente
Faixas:
01)
S.O.B.
02)
The Road Between
03)
Lights Out
04)
Better Beware
05)
Nobdy Noticed It
06)
Sinking In
07)
Important
08)
So Lovely
09)
Indifferent
10)
Gone
11)
To Whom It May Concern