quinta-feira, 20 de outubro de 2016

Lisa Marie Presley – To Whom It May Concern (2003):



Por Davi Pascale

Filha do rei do rock se arriscava na carreira de cantora. Disco apostava em sonoridade de contemporânea e trazia um resultado satisfatório.

Não é raro vermos filhos de grandes astros da música tentando seguir os passos de seus pais. Isso ocorre dentro e fora do rock. Para ser mais justo, diria que ocorre na arte de um modo geral. A ideia de ser filho de um grande ídolo abre algumas portas, mas também gera uma cobrança maior. É necessário provar que você tem um enorme talento para que não seja acusado de aproveitador.

Indiscutivelmente, Lisa Marie Presley, não tinha o mesmo talento que seu pai, o rei do rock, Elvis Presley. O garoto de Tupelo deu uma nova cara ao gênero, foi influencia direta para diferentes gerações de músicos, foi ousado, além de ter uma voz fora do comum. Qualquer canção que gravasse, passava a ser sua, ficava quase impossível desassociar dele. Lisa Presley fazia um trabalho competente, mas comum.

Bonita, a garota poderia ter causado um certo alvoroço no mercado, caso não tivesse que lidar com uma cobrança tão grande. Não vamos nos esquecer que imagem no meio artístico, queira ou não, vende. Musicalmente falando, ela não era ruim, mas passava longe de ser inovadora ou de ter uma voz que impressionasse. De todo modo, estava fazendo a jogada certa.

Todas as composições do disco tinham suas mãos por trás. Entre seus grandes parceiros, estava Glen Ballard. No Brasil, ele é muito lembrado por ter produzido o emblemático Jagged Little Pill, da cantora canadense Alanis Morissette, mas sua história vai além. Glen também é responsável por auxiliar na construção de diversas letras do Aerosmith, além de ter ajudado a compor “Man In The Mirror”, sucesso do rei do pop, no álbum Bad.

A associação não poderia ser mais perfeita. Lisa tinha um histórico com Michael (para quem não sabe ela foi casada com ele. É ela quem contracena com o cantor no clipe de “You Are Not Alone”) e tentava surfar nessa onda mais alternativa. Os arranjos do disco são uma mescla de Alanis Morissette com Sheryl Crow.

Bem gravado, a única reclamação é que o álbum poderia trazer algumas canções que fossem rock de fato. O que temos aqui são 11 baladas pop/rock. As músicas são boas, o trabalho era bem feito, mas carecia de hit, daquela musica que ficasse na sua cabeça e te fizesse querer ouvir de novo e de novo.

Não tive acesso à nenhum registro da moça ao vivo, mas seu trabalho vocal no disco é bom. Não chega a ser tão marcante quanto o trabalho de uma Alanis, mas é respeitável. Diria que a garota fez um trabalho correto e bem agradável. Seu timbre de voz é muito bom e ela parecia conhecer bem seu limite.

Outro problema que pode – e deve – ter colaborado para que sua carreira não decolasse creio que seja sua postura. Quando alguns críticos se dirigiam à ela como princesa do rock, era apenas uma brincadeira por ser filha do rei do rock, de santinha não tinha nada. Casou com Michael, meses após o músico ter sido acusado de estar envolvido em pedofilia, separou de Nicolas Cage após 3 meses em um segundo casamento, teve experiências com drogas pesadas na adolescência. Nesse exato momento, encontra-se em uma clinica de reabilitação para tentar largar seus vícios, mais uma vez. Estados Unidos é um país conservador e esse tipo de postura em um artista que deseja fazer parte da cultura pop é sempre complicado.

To Whom It May Concern, contudo, independente de qualquer situação, era um projeto bem desenvolvido e contava com faixas bem interessantes como “S.O.B”, “Lights Out”, “Important”, além da faixa-título, responsável por fechar o álbum. Vale uma conferida.

Nota: 7,0 / 10,0
Status: Consistente

Faixas:
      01)   S.O.B.
      02)   The Road Between
      03)   Lights Out
      04)   Better Beware
      05)   Nobdy Noticed It
      06)   Sinking In
      07)   Important
      08)   So Lovely
      09)   Indifferent
      10)   Gone
      11)   To Whom It May Concern