Por Davi Pascale
Detonator, personagem do
Massacration (banda fictícia-humoristica da turma do Hermes e Renato), lançou
seu primeiro álbum solo. Quando o Massacration lançou seu debut, Gates of Metal Fried Chicken of Death, vários
headbangers ficaram indignados dizendo que aquilo era uma falta de respeito, que
era uma vergonha, que tirava o espaço de artistas sérios, etc etc etc. Depois
de um tempo, varias dessas pessoas os aceitaram e o grupo passou, inclusive, a
dividir palco com atrações internacionais no Brasil. Via-se vários headbangers
dando altas risadas e cantando “Metal Bucetation”. E, agora, com a estréia de
Detonator, a discussão voltou... Pelo visto, no Brasil, sucesso incomoda.
Gostar ou não do trabalho de
alguém é uma coisa. Fazer campanha contra, ficar mandando cartas para revistas
especializadas, ficar desmerecendo, ridicularizando ou diminuindo alguém que escute
é outra. Um dos comentários que li foi ‘ninguém que goste de heavy/hard de
verdade, gosta disso’. Como se a questão de você se identificar com o trabalho
de alguém estivesse diretamente ligado à conhecimento musical aprofundado. Para
gostar do trabalho de Detonator, do Massacration, do Mamonas Assassinas, do
Ultraje a Rigor, é necessário apenas ter bom humor. Esse comentário é tão sem
noção que o Ultraje é uma das bandas mais amadas entre os roqueiros e o Mamonas
até hoje é lembrado com carinho. E ambos possuem uma forte veia humorística em
seu trabalho.
O pessoal do heavy metal tem
tanto ódio e tanta falta de compreensão que, sem querer, acabam dando mais
apoio ao artista que abomina. Não sei se já pararam para pensar sobre isso. Um
ótimo exemplo foi um grupo de pessoas, que provavelmente não tem muito o que
fazer, que criou uma petição online exigindo o fim da banda Ghost. Será que
eles realmente acham que os músicos do Ghost vão ler aquilo e dizer ‘putz,
chegou o nosso fim’? Certamente, não. Mas, certamente, colocou o nome da banda
de volta à mídia e fez com que varias pessoas que nunca tinham parado para
ouvir seu som, tivesse curiosidade de ir atrás para saber do porque algo ser
tão odiável. E, muito provavelmente, algumas dessas pessoas viraram fãs. Ou
seja, além de não acabar com o grupo, trouxeram novos admiradores aos rapazes.
Sucesso e humor de Detonator ainda irrita fãs conservadores |
Todo esse auê em cima do trabalho
do personagem criado pelo Bruno Sutter se deu por algo banal. Foi divulgado no
site Whiplash uma nota dizendo que o CD do Detonator era o mais vendido da Die
Hard (excelente loja das Grandes Galerias que tem o costume de deixar os 5
álbuns mais vendidos em uma parede). Interessante que essas mesmas pessoas
quando querem defender o heavy metal (que é um gênero que aprecio muito, já
deixo claro) costumam dizer que venda não quer dizer nada. Se não quer dizer
nada, por que a indignação?
Quanto ao lance de jogar contra a
cena também não concordo. Muito garoto que começou ouvindo rock pelo
Massacration (sim, essas pessoas existem), acabou se tornando fã de Iron
Maiden, Ozzy, etc. Por que? Porque desperta interesse em ir mais à fundo no gênero.
Ou seja, a brincadeira dos garotos ajudou a cena criando novos fãs.
Aliás, a brincadeira atual de Sutter traz dois questionamentos sensatos à nossa cena. O rapaz fez um álbum de heavy metal abordando o folclore brasileiro e cantado em português que são dois questionamentos que sempre fiz. Por que pouquíssimas bandas cantam em nosso idioma e porque muito neguinho faz letra escrevendo sobre a cultura norte-americana ou européia se vivemos no Brasil? Ok, vai ter gente dizendo aqui que a escolha da língua é porque visam o mercado internacional. Mas não seria melhor conquistar primeiro o seu país para depois ir ao estrangeiro como um artista já consagrado, como fazem diversos artistas pop? Pelo visto à discussão está indo por caminho errado...
Aliás, a brincadeira atual de Sutter traz dois questionamentos sensatos à nossa cena. O rapaz fez um álbum de heavy metal abordando o folclore brasileiro e cantado em português que são dois questionamentos que sempre fiz. Por que pouquíssimas bandas cantam em nosso idioma e porque muito neguinho faz letra escrevendo sobre a cultura norte-americana ou européia se vivemos no Brasil? Ok, vai ter gente dizendo aqui que a escolha da língua é porque visam o mercado internacional. Mas não seria melhor conquistar primeiro o seu país para depois ir ao estrangeiro como um artista já consagrado, como fazem diversos artistas pop? Pelo visto à discussão está indo por caminho errado...