Por Davi Pascale
A banda gaucha Cachorro Grande
chega à seu sétimo álbum. Sem duvidas, o trabalho mais experimental de sua
carreira. O quinteto acrescenta elementos eletrônicos à sonoridade sessentista
e entrega um dos melhores álbuns de rock fabricados nos últimos anos no Brasil.
Muitos têm falado por aí que esse
novo trabalho não se parece em nada ao que fizeram anteriormente. Discordo. As
linhas vocais de Beto Bruno, os riffs de Marcelo Gross mantém o mesmo espírito. Eles apenas estão
mais soltos. Compuseram sem medo de experimentar novas sonoridades, sem
preocupação em soar de maneira comercial. Se a faixa tiver que ter 10 minutos,
assim será.
As influências sessentistas
continuam. Só que agora contam com uma linguagem mais psicodélica. Percussões,
cítaras, seus ídolos da british invasion também experimentaram na fase mais
lisérgica. Portanto, dizer que essa ousadia os afastou da linguagem
Beatles/Stones que estamos associados, não me faz muito sentido. Diria que esse
é o Their Satanic Majesties Request
do Cachorro Grande.
Banda aposta em linguagem mais psicodelica e flerta com a eletronica em novo álbum |
“Nuvens de Fumaça”, “Use o
Assento para Flutuar” e a faixa de trabalho “Como Era Bom” comprovam o que
estou falando. Por trás dos barulhos eletrônicos, das flautas, das baterias por
oras programadas, estão as características principais do conjunto. Quando
re-ouvir a faixa de trabalho ou re-assistir ao clip no Yotube, tanto faz,
repare na linha de baixo de Rodolfo Krieger e me diga se não é Beatles total.
Toda essa viagem com certeza teve
influência dos músicos que são colecionadores de discos e possuem um grande
conhecimento do rock, mas acredito que também tenha muito da mente de Edu K,
produtor do trabalho. Quem conhece seu trabalho ao lado do De Falla ou até
mesmo enquanto produtor, sabe que ele não dá muita bola para esse lance de
seguir fórmulas. A parceria funcionou bem.
A parte eletrônica é bastante presente, mas entrou como um
complemento da sonoridade. Uma costura ali. Os caras não se transformaram no
Fatboy Slim, nem na Madonna. Diria que eles estão em uma vibe meio Primal
Scream. Não a fase Screamadelica,
mas a fase Vanishing Point. Os
pontos altos ficam por conta de “Nós Vamos Fazer Você Se Ligar”, “Eu Não Vou
Mudar”, “Eu quis Jogar”. A única que realmente não me agradou foi “Torpor
Parte 2 & 5”. Cachorro Grande
demonstrou que é possível inovar, sem perder sua essência. Entregaram um álbum
corajoso, intrigante e maduro. Salve
cachorrada!
Nota: 8,5 / 10,0
Status: psicodelia eletrônica
Faixas:
01) Costa
do Marfim
02) Nós
Vamos Fazer Você Se Ligar
03) Nuvens
de Fumaça
04) Eu
Não Vou Mudar
05) Crispian
Mills
06) Use
o Assento Para Flutuar
07) Como
Era Bom
08) Eu
Quis Jogar
09) Torpor
Partes 2 & 5
10) O
Que Vai Ser
11) Fizinhur