Por Rafael Menegueti
Considerada o mal do século XXI, a depressão é uma doença que
atinge muitas pessoas ao redor do mundo. Por incrível que possa parecer, no
entanto, ela também teve um grande impacto na historia da arte. A arte, por ser
uma das formas de expressão dos sentimentos, acabou por se tornar um perfeito
meio de expressar a depressão de alguns, uma vez que ela é basicamente uma
doença emocional. E a música é uma das formas mais claras e diretas de
conseguir transmitir tais sentimentos. Inúmeros artistas e bandas de rock usaram e ainda usam esse
artificio, essa relação entre os problemas sentimentais (deles próprios ou de
outros), para criar seus trabalhos, e acabam gerando uma identificação enorme
com seus fãs e outras pessoas que também passam por tais problemas.
Uma das vertentes que mais explorava essa faceta do
comportamento humano era o grunge. Quase todas as bandas tratavam em suas
músicas de temas relacionados aos problemas sentimentais de quem as compôs. O
Nirvana construiu toda a sua obra com composições que mostravam o universo interno
perturbado da mente de Kurt Cobain. Seus problemas familiares, com as drogas,
com o sucesso, renderam trabalhos que marcaram uma geração, com jovens que se
identificaram automaticamente com os problemas de Cobain, e tornaram a banda o
maior expoente do rock na década de 90.
Kurt Cobain |
No mundo mais alternativo existem inúmeros ídolos que
tornaram sua relação com a depressão a sua marca registrada. Thom Yorke, do
Radiohead, criou algumas das faixas mais depressivas da historia do rock. Basta
ouvir a melodia de faixas como “Creep” e “Fake Plastic Trees” para notar o
quanto a depressão de Thom é fundamental no trabalho da banda. Praticamente
todo o trabalho do grupo inglês é carregado desse ar melancólico e depressivo.
Foi pelos idos dos anos 80 que essa característica começou a
ganhar aparência e força em alguns generos do rock. Até então existia uma ar festeiro,
de alto estima e alegria em determinados momentos. Aqueles que faziam música
mais sentimental ou melancólica, dificilmente o fazia com aspectos depressivos.
Quando muito, era algo mais romântico ou crítico. Nomes como os Beatles, The
Doors, Led Zeppelin e Pink Floyd tinham muita melancolia em alguns momentos, e
chegaram a criar faixas conhecidas por soarem tristes. No entanto, não era
música que chegava a soar depressiva. Essa intensidade viria a ser muito maior,
como dito, na década de 80.
Thom Yorke |
O que dizer do Joy Division, ou de nomes como R.E.M., The
Smiths e The Cure. Essas bandas tiveram compositores que passaram por esses
problemas e demostraram isso em seu trabalho, cada vez mais introspectivo. No
rock gótico, as faixas depressivas eram quase obrigatórias, e inspiravam novos
artistas a desenvolverem música com essas características. Só prestar atenção a
nomes como Anathema, Paradise Lost, Sisters of Mercy, além de Theatre of
Tragedy, Tristania, Sirenia ou Type O´Negative, pelos lados do metal.
E para concluir, creio que o mais importante nessa historia
seja observar como essas bandas e esses compositores conseguem passar suas experiências
e superações através de seu trabalho. Mesmo que em alguns momentos essa relação
entre a depressão e os músicos não termine bem, casos de Kurt Cobain, Layne
Staley e Ian Curtis, em outros inúmeros momentos podemos ver como a superação pode
resultar em trabalhos ainda melhores. Exemplos de Daniel Johns (Silverchair), Robet
Smith (The Cure) ou o próprio Thom Yorke, entre outros, que passaram por essas
dificuldade e seguem na ativa até hoje.