segunda-feira, 1 de dezembro de 2014

The Who – Quadrophenia Live In London (2014):





Por Davi Pascale

No ano passado, o The Who realizou algumas apresentações interpretando o LP Quadrophenia na integra. A idéia era celebrar os 40 anos de seu lançamento. A ultima apresentação dessa tour foi devidamente registrada e agora chega ao mercado em formatos CD, DVD e Blu-Ray.

Já tem alguns anos que está na moda os artistas elegerem um disco e o interpretarem na integra. Para quem conhece pouco do artista, talvez não seja algo muito animador. Afinal, vários b-sides tomam o lugar de números clássicos no repertório. Para quem é fã de carteirinha, é uma brincadeira divertida e emocionante. Não apenas por ver seus ídolos na sua frente interpretando um álbum emblemático (e que provavelmente foi trilha sonora de sua vida em algum momento), mas também por ter essa oportunidade de conferir canções que raramente se fazem presentes no setlist. Quem é realmente fã, adora isso. Agora, verdade seja dita. Os músicos são meio pioneiros nessa história. Quando eles gravaram Tommy em 1969, já tinham a idéia de levar o álbum para os palcos. E meio que tentaram. Chegaram a interpretar o trabalho quase que na integra, deixando apenas 4 números de fora. Reviveram a idéia nos anos 80 com apenas 2 canções sendo deixadas de lado. E o próprio álbum-homenagado aqui já havia sido interpretado em 1996.

Quadrophenia é um álbum perigoso para se fazer isso. Não digo pela complexidade dos arranjos. Sim, muitos são complexos, mas os músicos do The Who já estão acostumados com esse tipo de ‘brincadeira’. Mas justamente por ser um trabalho que divide a opinião de seus fãs. Há quem o considere um dos pontos altos de sua discografia, enquanto outros consideram que os músicos deram o passo maior do que as pernas. Eu sempre gostei. Embora prefira sua outra ópera-rock, o clássico Tommy, é inegável a qualidade das composições. Embora não tenha tantos hits (as mais conhecidas são “The Real Me”, “5:15” e “Love Reign Or Me”, que embora seja de conhecimento obrigatório entre seus seguidores, não possuem a mesma popularidade de um “I Can´t Explain”, “My Generation” ou “Pinball Wizard), o álbum prende a atenção do inicio ao fim. Nem sentimos o tempo passar.

Opera-rock é interpretada na integra

Em 8 de Julho de 2013, os rapazes subiram ao palco da Wembley Arena para reviver sua segunda ópera-rock. A história do adolescente Jimmy Cooper. Um rapaz de classe operária inglesa, rejeitado pelo pai e pelo seu patrão, e traído por sua namorada e pelo líder do seu grupo de mods. Seus rivais eram os rockers, garotos de classe média que andavam com motos mais potentes que as de seu grupo. O garoto sofre de um tipo de esquizofrenia e assume quatro personalidades distintas. À esse fenômeno dá-se o nome de quadrophenia. Ao lado dos lendários Roger Daltrey e Pete Townshend estão Simon Townshend (segunda guitarra), Pino Palladino (baixo), Frank Simes (teclados), John Corey (teclados), Loren Gold (teclados), Scott Devours (bateria), Dylan Hart (metais) e Reggie Grisham (metais).

Como já deu para notar, a formação é bem diferente daquela que realizou a lendária apresentação no histórico Woodstock (1969). Além de não estarem mais entre nós os icônicos Keith Moon e John Entwistle, existem vários músicos de apoio. O som é potente e encorpado. Seus lideres já estão próximos dos 70 anos, mas ainda conseguem emocionar os ouvintes. Daltrey fez um bom trabalho vocal, enquanto Townshend continua um verdadeiro monstro nas seis cordas, além de continuar realizando um trabalho vocal bem satisfatório.

Talvez o maior questionamento de seus fãs seja em relação à seus falecidos músicos. No trabalho original, Entwistle brilha em um belíssimo solo de baixo em “5:15”, enquanto Moon canta em “Bell Boy”. A equação foi resolvida com o uso da tecnologia. Os rapazes aparecem no espetáculo em forma de holograma e suas performances continuam ali como uma homenagem à dupla. Talvez muitos possam questionar a solução, mas certamente deve ser uma experiência emocionante. E não é uma escolha burra, afinal são dois músicos inimitáveis. Palladino e Devours são músicos de primeiro time e seguram o resto do espetáculo com uma competência invejável.

Além do trabalho na integra, apresentado na sequência original, os rapazes revivem 6 canções de diferentes fases no final do espetáculo. 5 clássicos e 1 faixa de seu mais recente álbum, Endless Wire. Peguei o CD sem saber muito bem o que esperar e me surpreendi (positivamente) com a qualidade da apresentação. Agora tenho que correr atrás do DVD...

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Emocionante

Faixas:

CD 1:
01)  I Am The Sea 
02)  The Real Me 
03)  Quadrophenia 
04)  Cut My Hair 
05)  The Punk And The Godfather 
06)  I´m One 
07)  The Dirty Jobs 
08)  Helpless Dancer 
09)  Is It In My Head 
10)  I´ve Had Enough 
11)  5:15

CD 2:
01)  Sea and Sand 
02)  Drowned 
03)  Bell Boy 
04)  Doctor Jimmy 
05)  The Rock 
06)  Love Reign O´er Me
Bonus Performances: 
07)  Who Are You 
08)  You Better You Bet 
09)  Pinball Wizard 
10)  Baba O´ Riley 
11)  Won´t Get Fooled Again 
12)  Tea & Theatre