Por Davi
Pascale
No ano passado, o The Who
realizou algumas apresentações interpretando o LP Quadrophenia na integra. A idéia era celebrar os 40 anos de seu
lançamento. A ultima apresentação dessa tour foi devidamente registrada e agora
chega ao mercado em
formatos CD, DVD e Blu-Ray.
Já tem alguns anos que está na
moda os artistas elegerem um disco e o interpretarem na integra. Para quem
conhece pouco do artista, talvez não seja algo muito animador. Afinal, vários b-sides
tomam o lugar de números clássicos no repertório. Para quem é fã de
carteirinha, é uma brincadeira divertida e emocionante. Não apenas por ver seus
ídolos na sua frente interpretando um álbum emblemático (e que provavelmente
foi trilha sonora de sua vida em algum momento), mas também por ter essa
oportunidade de conferir canções que raramente se fazem presentes no setlist. Quem
é realmente fã, adora isso. Agora, verdade seja dita. Os músicos são meio
pioneiros nessa história. Quando eles gravaram Tommy em 1969, já tinham a idéia de levar o álbum para os palcos. E
meio que tentaram. Chegaram a interpretar o trabalho quase que na integra, deixando
apenas 4 números de fora. Reviveram a idéia nos anos 80 com apenas 2 canções
sendo deixadas de lado. E o próprio álbum-homenagado aqui já havia sido
interpretado em 1996.
Quadrophenia é um álbum perigoso para se fazer isso. Não digo pela
complexidade dos arranjos. Sim, muitos são complexos, mas os músicos do The Who
já estão acostumados com esse tipo de ‘brincadeira’. Mas justamente por ser um
trabalho que divide a opinião de seus fãs. Há quem o considere um dos pontos
altos de sua discografia, enquanto outros consideram que os músicos deram o
passo maior do que as pernas. Eu sempre gostei. Embora prefira sua outra ópera-rock,
o clássico Tommy, é inegável a
qualidade das composições. Embora não tenha tantos hits (as mais conhecidas são
“The Real Me”, “5:15” e “Love Reign Or Me”, que embora seja de conhecimento obrigatório
entre seus seguidores, não possuem a mesma popularidade de um “I Can´t Explain”,
“My Generation” ou “Pinball Wizard), o álbum prende a atenção do inicio ao fim.
Nem sentimos o tempo passar.
Opera-rock é interpretada na integra |
Em 8 de Julho de 2013, os rapazes
subiram ao palco da Wembley Arena para reviver sua segunda ópera-rock. A história
do adolescente Jimmy Cooper. Um rapaz de classe operária inglesa, rejeitado
pelo pai e pelo seu patrão, e traído por sua namorada e pelo líder do seu grupo
de mods. Seus rivais eram os rockers, garotos de classe média que andavam com
motos mais potentes que as de seu grupo. O garoto sofre de um tipo de
esquizofrenia e assume quatro personalidades distintas. À esse fenômeno dá-se o
nome de quadrophenia. Ao lado dos lendários Roger Daltrey e Pete Townshend estão
Simon Townshend (segunda guitarra), Pino Palladino (baixo), Frank Simes
(teclados), John Corey (teclados), Loren Gold (teclados), Scott Devours
(bateria), Dylan Hart (metais) e Reggie Grisham (metais).
Como já deu para notar, a formação
é bem diferente daquela que realizou a lendária apresentação no histórico Woodstock (1969). Além de não estarem
mais entre nós os icônicos Keith Moon e John Entwistle, existem vários músicos
de apoio. O som é potente e encorpado. Seus lideres já estão próximos dos 70
anos, mas ainda conseguem emocionar os ouvintes. Daltrey fez um bom trabalho
vocal, enquanto Townshend continua um verdadeiro monstro nas seis cordas, além
de continuar realizando um trabalho vocal bem satisfatório.
Talvez o maior questionamento de
seus fãs seja em relação à seus falecidos músicos. No trabalho original,
Entwistle brilha em um belíssimo solo de baixo em “5:15”, enquanto Moon canta
em “Bell Boy”. A equação foi resolvida com o uso da tecnologia. Os rapazes
aparecem no espetáculo em forma de holograma e suas performances continuam ali
como uma homenagem à dupla. Talvez muitos possam questionar a solução, mas
certamente deve ser uma experiência emocionante. E não é uma escolha burra, afinal são dois músicos inimitáveis. Palladino e Devours são músicos de primeiro time e seguram o resto do espetáculo com uma competência invejável.
Além do trabalho na integra,
apresentado na sequência original, os rapazes revivem 6 canções de diferentes
fases no final do espetáculo. 5 clássicos e 1 faixa de seu mais recente álbum, Endless Wire. Peguei o CD sem saber
muito bem o que esperar e me surpreendi (positivamente) com a qualidade da
apresentação. Agora tenho que correr atrás do DVD...
Nota: 8,0 / 10,0
Status: Emocionante
Faixas:
CD 1:
01) I
Am The Sea 02) The Real Me
03) Quadrophenia
04) Cut My Hair
05) The Punk And The Godfather
06) I´m One
07) The Dirty Jobs
08) Helpless Dancer
09) Is It In My Head
10) I´ve Had Enough
11) 5:15
CD 2:
01) Sea
and Sand 02) Drowned
03) Bell Boy
04) Doctor Jimmy
05) The Rock
06) Love Reign O´er Me
Bonus Performances:
07) Who Are You
08) You Better You Bet
09) Pinball Wizard
10) Baba O´ Riley
11) Won´t Get Fooled Again
12) Tea & Theatre
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