Por Davi Pascale
Existem artistas que raramente decepcionam. Glenn Hughes é um deles. Em
sua vasta discografia, que me orgulho de ter quase que completa, foram poucas
às vezes onde ele ficou à dever. E não foi por falta de ousadia. O cara já
gravou funk, soul, blues, heavy, som acústico, som elétrico... Esse novo trio,
tem o ex-baixista do Deep Purple à frente do projeto que se completa com Jason
Bonham (filho do lendário baterista do Led Zeppelin) e o jovem guitarrista
Andrew Watt. Juntos, fizeram um dos melhores discos de rock dos últimos tempos.
Sem exageros...
California Breed nasce do fim do Black Country Communion. Na época,
completavam o time o (excelente) músico Joe Bonamassa e o tecladista Derek
Sherinian (ex-tecladista do Dream Theater). O fim do supergrupo se ocasionou,
principalmente, por Bonamassa não querer abandonar sua bem-sucedida
carreira-solo para ficar exclusivamente com a banda. Sendo assim, acredito que
não seja aquelas reuniões de fazer um álbum para se divertir e depois cada um
tocar sua vida. Para não terem mais esse problema, optaram por convidar um novo talento, um garoto de apenas 22 anos.
Hughes não poderia estar mais confortável. Sem Bonamassa para dividir os
vocais, e mais do que acostumado com o formato power trio (algo que ele já faz
desde os tempos de Trapeze), o cara canta com alma, rasgando a voz diversas
vezes e trazendo de volta seus famosos gritos. Bonham também se destaca no
álbum com excelentes levadas e Andrew se mostra extremamente suficiente
trazendo excelentes riffs e bonitos solos. A galera gosta de ficar diminuindo o
garoto comparando-o ao ex-guitarrista, mas sem dúvidas o menino tem talento, e
muito!
Trio nasceu do final do Black Country Communion |
As músicas que iniciam o debut – “The Way” e “Sweet Tea” – foram
escolhidas como faixas de trabalho. Quem não conhece a banda, pode buscar os
vídeos no You Tube. As duas faixas são espetaculares, são a cara dos músicos,
mas não sei se usaria a primeira como música de trabalho. No decorrer do disco,
tem canções com passagens mais memoráveis, como “Spit You Out” ou a balada “All
Falls Down”, que seriam melhores assimiladas por aqueles que estão tendo sem
primeiro contato com os músicos agora. Por mais que Glenn seja uma figura
lendária e Jason seja mais do que conhecido no meio, quando se joga um vídeo no
Youtube, estará sendo visto tanto pelo velho fã de rock quanto pelo garoto que está começando a pesquisar o gênero agora.
Justamente por não terem tecladista, as guitarras acabaram ganhando
ainda mais destaque, mais volume. Os destaques de Andrew ficam por conta do
riff zeppeliano de “Invisible” e o funkeado de “Midnight Oil”. Os músicos
optaram por gravar o disco tocando ao vivo no estúdio, como se fazia nos velhos
tempos. O resultado disso é uma sonoridade cativante. Glenn Hughes é um dos
poucos vocalistas que já passaram dos 60 anos e ainda está com o gogó intacto. Isso
fica em nítido em “The Grey”, “Scars” e na (ótima) faixa bônus dessa deluxe
edition, “Solo”. Sem dúvidas, um final mais interessante do que a edição
standard que fecha com “Breathe”, uma das poucas que não me empolgaram. Ótima pedida não apenas para aqueles que já curtiam o Black Country Communion, mas também para os que
curtem rock n roll pesado, direto, sem muitas modernidades.
Nota: 9,0 / 10,0
Status: Empolgante
Faixas:
01)
The Way
02)
Sweet Tea
03)
Chemical
Rain
04)
Midnight
Oil
05)
All Falls
Down
06)
The Gray
07)
Days They
Come
08)
Spit You
Out
09)
Strong
10)
Invisible
11)
Scars
12)
Breathe
13)
Solo
(Bonus)
DVD (somente na edição deluxe):
01)
The Making
of California Breed
02)
The Way
Video
03)
Sweet Tea
Video