quarta-feira, 27 de agosto de 2014

California Breed: California Breed (2014)





Por Davi Pascale

Existem artistas que raramente decepcionam. Glenn Hughes é um deles. Em sua vasta discografia, que me orgulho de ter quase que completa, foram poucas às vezes onde ele ficou à dever. E não foi por falta de ousadia. O cara já gravou funk, soul, blues, heavy, som acústico, som elétrico... Esse novo trio, tem o ex-baixista do Deep Purple à frente do projeto que se completa com Jason Bonham (filho do lendário baterista do Led Zeppelin) e o jovem guitarrista Andrew Watt. Juntos, fizeram um dos melhores discos de rock dos últimos tempos. Sem exageros...

California Breed nasce do fim do Black Country Communion. Na época, completavam o time o (excelente) músico Joe Bonamassa e o tecladista Derek Sherinian (ex-tecladista do Dream Theater). O fim do supergrupo se ocasionou, principalmente, por Bonamassa não querer abandonar sua bem-sucedida carreira-solo para ficar exclusivamente com a banda. Sendo assim, acredito que não seja aquelas reuniões de fazer um álbum para se divertir e depois cada um tocar sua vida. Para não terem mais esse problema, optaram por convidar um novo talento, um garoto de apenas 22 anos.

Hughes não poderia estar mais confortável. Sem Bonamassa para dividir os vocais, e mais do que acostumado com o formato power trio (algo que ele já faz desde os tempos de Trapeze), o cara canta com alma, rasgando a voz diversas vezes e trazendo de volta seus famosos gritos. Bonham também se destaca no álbum com excelentes levadas e Andrew se mostra extremamente suficiente trazendo excelentes riffs e bonitos solos. A galera gosta de ficar diminuindo o garoto comparando-o ao ex-guitarrista, mas sem dúvidas o menino tem talento, e muito!

Trio nasceu do final do Black Country Communion

As músicas que iniciam o debut – “The Way” e “Sweet Tea” – foram escolhidas como faixas de trabalho. Quem não conhece a banda, pode buscar os vídeos no You Tube. As duas faixas são espetaculares, são a cara dos músicos, mas não sei se usaria a primeira como música de trabalho. No decorrer do disco, tem canções com passagens mais memoráveis, como “Spit You Out” ou a balada “All Falls Down”, que seriam melhores assimiladas por aqueles que estão tendo sem primeiro contato com os músicos agora. Por mais que Glenn seja uma figura lendária e Jason seja mais do que conhecido no meio, quando se joga um vídeo no Youtube, estará sendo visto tanto pelo velho fã de rock quanto pelo garoto que está começando a pesquisar o gênero agora.

Justamente por não terem tecladista, as guitarras acabaram ganhando ainda mais destaque, mais volume. Os destaques de Andrew ficam por conta do riff zeppeliano de “Invisible” e o funkeado de “Midnight Oil”. Os músicos optaram por gravar o disco tocando ao vivo no estúdio, como se fazia nos velhos tempos. O resultado disso é uma sonoridade cativante. Glenn Hughes é um dos poucos vocalistas que já passaram dos 60 anos e ainda está com o gogó intacto. Isso fica em nítido em “The Grey”, “Scars” e na (ótima) faixa bônus dessa deluxe edition, “Solo”. Sem dúvidas, um final mais interessante do que a edição standard que fecha com “Breathe”, uma das poucas que não me empolgaram. Ótima pedida não apenas para aqueles que já curtiam o Black Country Communion, mas também para os que curtem rock n roll pesado, direto, sem muitas modernidades.

Nota: 9,0 / 10,0
Status: Empolgante

Faixas:
      01)   The Way
      02)   Sweet Tea
      03)   Chemical Rain
      04)   Midnight Oil
      05)   All Falls Down
      06)   The Gray
      07)   Days They Come
      08)   Spit You Out
      09)   Strong
      10)   Invisible
      11)   Scars
      12)   Breathe
      13)   Solo (Bonus)

DVD (somente na edição deluxe):
      01)   The Making of California Breed
      02)   The Way Video
      03)   Sweet Tea Video

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