sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Evanescence: Uma década de rock e incertezas





Por Davi Pascale

No mundo do Evanescence, ou melhor de Amy Lee, tudo é feito com calma. Sem pressas. O grande problema é que é um universo tumultuado. Os fãs nunca sabem quanto irá demorar para terem em suas mãos um novo trabalho do conjunto e nem mesmo durante quanto tempo irá durar a turnê. Mesmo sem gerar muita expectativa, mesmo abusando de grandes hiatos entre um trabalho e outro, a jovem conquistou uma fiel legião de seguidores, tornou-se símbolo de uma geração e musa dos garotos.

Depois do lançamento do multi-platinado Fallen, o quinteto passou por diversas formações tendo Amy como a única integrante original. De lá para cá, várias polêmicas ocorreram. Em 2005, a cantora comprou uma briga com o empresário Dennis Rider. A confusão começou com Dennis que resolveu processar a artista pedindo um valor de 10 milhões de dólares, acusando-a de ter ficado com o dinheiro de suas comissões. Amy Lee não ficou quieta e acusou o rapaz de assédio sexual, de utilizar o cartão de crédito dela (sem autorização) para pagar divida de amantes e de fazer uso de drogas durante as reuniões da banda. Fora isso, em 2008, a vocalista prometeu um álbum solo que nunca viu a luz do dia. Isso sem contar, nas inúmeras trocas de integrantes. Assunto que sempre levantou polêmica. É... Realmente é um universo tumultuado!

Amy Leen Hartzler nasceu em 13 de Dezembro de 1981 em Riverside. Filha de John Lee (DJ e personagem televisiva) e Cargill Sara, começou a ter aulas de piano aos 9 anos de idade, tendo escrito suas primeiras canções aos 11: “Eternity of Remorse” e “A Single Tear”. Aos 6, passou por um dos períodos mais difíceis de sua vida: perdeu sua irmã Bonnie, de apenas 3 anos de idade, por conta de uma doença não diagnosticada. 

Ao menos duas canções do Evanescence foram escritas em homenagem à Bonnie: “Hello” de Fallen e “Like You” de The Open Door. Na primeira, Amy conta seus momentos de angustia quando descobriu o ocorrido. Na segunda canção, relata a dificuldade de seguir em frente sem a presença da irmã. Frases como “Eu me odeio por continuar vivendo sem você” e “Um dia serei como você. Estarei deitada fria no chão como você estava”, aparecem durante a letra, mostrando que a ferida ainda não estava cicatrizada.

A imprensa sempre teve dificuldade em rotular o som que fazem. A mistura de elementos eletrônicos, guitarras pesadas, piano clássico, vocal mezzo soprano popular e elementos pop, fundiu a cabeça dos críticos. Já tentaram rotulá-los de tudo quanto é nome: “new metal”, “metal gótico”, “metal alternativo”, o diabo a quatro. Todos esses rótulos estão corretos, mas são muito pouco para definir o som que fazem. Acredito que não exista uma definição exata, portanto, prefiro me referir a eles como rock. Assim, não tem como errar...

Única integrante original, tornou-se um dos poucos ídolos da geração 00.

O grupo nasceu em Little Rock, Arkansas, a partir de uma amizade de Amy Lee com o guitarrista Ben Moody. Os dois se conheceram em um acampamento promovido pela igreja local. Os pais da cantora a enviaram no acampamento como uma tentativa de fazê-la criar novos amigos. Durante o passeio, a vocalista que tinha até então 13 anos de idade, costumava ficar o tempo todo tocando piano. Moody, um ano mais velho, ouviu o treino da jovem enquanto jogava basquete com os amigos. A menina prodígio estava tocando uma canção do Meat Loaf chamada “I´d Do Anything For Love (But I Won´t Do That)”. O garoto correu até ela, mostrou algumas de suas composições e sugeriu que montassem um grupo juntos. Nascia ali o Evanescence.

Nesses 10 anos, o grupo soltou pouco material. Apenas 3 discos de inéditas: Fallen, The Open Door e Evanescence. Em seu ultimo trabalho, sua sonoridade foi mantida, mas deram um passo adiante. Alguns novos elementos foram adicionados e as letras ganharam uma nova conotação, escritas de maneira menos depressivas, menos melancólicas.

Embora Fallen seja considerado sua estréia, qualquer fã que se preze já ouviu falar de um outro álbum chamado Origin. Os músicos insistem em rotulá-lo como material demo. Não sei se essa seria a definição correta. Embora, a tiragem tenha sido pequena (segundo consta, 2.500 cópias apenas) e eles tenham vendido somente em seus shows, o CD não foi feito de maneira caseira. Ele chegou a ser prensado por um selo independente e a qualidade de gravação é muito boa. Aqui, é possível conferir as primeiras versões de antigos sucessos como “My Immortal” e “Whisper”, além de faixas inéditas. Tenho o CD em casa. A sonoridade não é muito distante daquilo que se espera do Evanescence. Não consigo entender porque não relançam esse material já que existe tanta procura. 

Amy Lee durante apresentação no Parque Antartica
 
Nesse meio tempo, o grupo de Amy Lee se apresentou três vezes em nosso país. Tive a oportunidade de conferir a primeira apresentação deles por aqui em 2007 quando se apresentaram no Parque Antartica para um publico de mais de 25.000 pessoas em uma noite chuvosa. Embora a apresentação tenha sido um pouco curta (lembro que não chegou à uma hora e meia), lembro que saí bastante satisfeito com o desempenho da banda. A única pena é que a vocalista estava pouco comunicativa. 

Até o momento, não há previsão para que seu álbum solo seja lançado, não há previsão para que Origin seja relançado e, principalmente, ainda não há previsão para que um novo material chegue às lojas. Ou seja, só nos resta esperar...