segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Paul Rodgers – The Royal Sessions (2013)





Por Davi Pascale

Depois de uma polêmica passagem pelo grupo britânico Queen, o cultuadíssimo cantor Paul Rodgers retorna à carreira solo prestando homenagens aos heróis de sua adolescência. Mais precisamente, aos seus heróis do blues e da soul music.

Talvez os leitores mais jovens não saibam, mas muito antes de dividir o palco com Brian May, o vocalista esteve à frente de dois grupos que mudaram a história do rock: Free e Bad Company. Nos anos 80 e 90, intercalou-se em projetos como The Law e The Firm (ao lado de Jimmy Page) com discos solos. Entre esses, um que sempre me chamou a atenção foi Muddy Water Blues: A Tribute to Muddy Waters. Agora, volta com mais um trabalho tributo. Dessa vez, devotado não somente à um único artista, mas à sonoridade que rolava em Memphis, na época de sua juventude. O rapaz sempre esteve proximo ao blues, principalmente nos tempos do Free. Já o universo da soul music pode pegar de surpresa alguns fãs.

E é justamente o soul a tônica do novo CD. O gênero sempre foi conhecido por trazer cantores que tinham ótima voz e interpretavam com paixão. Entre os artistas mais lembrados, estão nomes como Wilson Pickett, Otis Redding, Sam & Dave.... E são exatamente esses músicos que são lembrados aqui. Para que conseguisse resgatar a sonoridade da época, Rodgers retornou à Memphis. Mais precisamente ao Royal Studios. Considerado um dos mais antigos que existem, o local recebeu artistas lendários por lá como Ike & Tina Turner, Al Green e Chuck Berry.

Paul Rodgers continua com a voz intacta

Paul Rodgers sempre foi respeitado por sua voz. Sempre foi extremamente afinado e sempre cantou com alma. Impressionante notar que aos 64 anos ainda está com a voz tão forte quanto estava na apresentação que assisti no longínquo ano de 1995, no extinto festival Nescafé & Blues. Em faixas como “I´ve Got Dreams to Remember” e “I´ve Been Lovin You Too Long” dá um show de interpretação e deixa cantores da nova geração debaixo do chinelo. Muitos têm reclamado que cantores com mais de 60 anos têm perdido a voz. Levando em consideração o que escutei por aqui, diria que essa tese não se adequa ao rapaz.

Não houve uma preocupação de se manter nota por nota das canções originais, mas sim de manter a essência. Para isso, trouxe músicos como o organista Reverend Charles Hodges (Al Green, Ike & Tina Turner, Albert Collins), o guitarrista Michael Toles (Isaac Hayes, Otis Redding), além do baterista Steve Potts (Booker & T). Como se não bastasse, ainda trouxe cantores de apoio, metais e contou com uma pequena orquestração. O resultado não poderia ser mais positivo.

Começando com a animada, e clássica, “I Thank You” e passando por números não menos conhecidos como “That´s How Strong My Love Is”, “Born Under a Bad Sign” e “Walk On By”, Paul Rodgers demonstra que para fazer um grande álbum não é necessário grandes tecnologias, efeitos, experimentos. Demonstra que é possível fazer isso com o básico: bons músicos, boas canções e entrega. Recomendado à todos os amantes da boa música.

Nota: 8,0 / 10,0
Status: Diversão garantida

Faixas:
      01)   I Thank You
      02)   Down Don´t Bother Me
      03)   I Can´t Stand The Rain
      04)   I´Ve Been Loving You Too Long (To Stop Now)
      05)   That´s How Strong My Love Is
      06)   Walk On By
      07)   Any Ole Way
      08)   It´s Growing
      09)   Born Under A Bad Sign
      10)   I´ve Got Dreams to Remember