Por Davi Pascale
Depois de uma polêmica
passagem pelo grupo britânico Queen, o cultuadíssimo cantor Paul Rodgers
retorna à carreira solo prestando homenagens aos heróis de sua adolescência.
Mais precisamente, aos seus heróis do blues e da soul music.
Talvez os leitores mais jovens não saibam, mas muito antes de dividir o
palco com Brian May, o vocalista esteve à frente de dois grupos que mudaram a
história do rock: Free e Bad Company. Nos anos 80 e 90, intercalou-se em
projetos como The Law e The Firm (ao lado de Jimmy Page) com discos solos.
Entre esses, um que sempre me chamou a atenção foi Muddy Water Blues: A Tribute to Muddy Waters. Agora, volta com mais
um trabalho tributo. Dessa vez, devotado não somente à um único artista, mas à sonoridade
que rolava em Memphis, na época de sua juventude. O rapaz sempre esteve proximo ao blues, principalmente nos tempos do Free. Já o universo da soul music pode pegar de surpresa alguns fãs.
E é justamente o soul a tônica do novo CD. O gênero sempre foi conhecido por trazer
cantores que tinham ótima voz e interpretavam com paixão. Entre os artistas
mais lembrados, estão nomes como Wilson Pickett, Otis Redding, Sam &
Dave.... E são exatamente esses músicos que são lembrados aqui. Para
que conseguisse resgatar a sonoridade da época, Rodgers retornou à Memphis. Mais
precisamente ao Royal Studios. Considerado um dos mais antigos que existem, o
local recebeu artistas lendários por lá como Ike & Tina Turner, Al Green e
Chuck Berry.
Paul Rodgers continua com a voz intacta |
Paul Rodgers sempre foi respeitado por sua voz. Sempre foi extremamente
afinado e sempre cantou com alma. Impressionante notar que aos 64 anos ainda
está com a voz tão forte quanto estava na apresentação que assisti no longínquo
ano de 1995, no extinto festival Nescafé
& Blues. Em faixas como “I´ve Got Dreams to Remember” e “I´ve Been
Lovin You Too Long” dá um show de interpretação e deixa cantores da nova geração
debaixo do chinelo. Muitos têm reclamado que cantores com mais de 60 anos têm
perdido a voz. Levando em consideração o que escutei por aqui, diria que essa
tese não se adequa ao rapaz.
Não houve uma preocupação de se manter nota por nota das canções
originais, mas sim de manter a essência. Para isso, trouxe músicos como o
organista Reverend Charles Hodges (Al Green, Ike & Tina Turner, Albert
Collins), o guitarrista Michael Toles (Isaac Hayes, Otis Redding), além do
baterista Steve Potts (Booker & T). Como se não bastasse, ainda trouxe
cantores de apoio, metais e contou com uma pequena orquestração. O resultado
não poderia ser mais positivo.
Começando com a animada, e clássica, “I Thank You” e passando por números
não menos conhecidos como “That´s How Strong My Love Is”, “Born Under a Bad
Sign” e “Walk On By”, Paul Rodgers demonstra que para fazer um grande álbum não
é necessário grandes tecnologias, efeitos, experimentos. Demonstra que é
possível fazer isso com o básico: bons músicos, boas canções e entrega. Recomendado à todos os amantes da boa música.
Nota: 8,0 / 10,0
Status: Diversão garantida
Faixas:
01)
I Thank
You
02)
Down Don´t
Bother Me
03)
I Can´t Stand The Rain
04)
I´Ve Been Loving You Too Long
(To Stop Now)
05)
That´s How Strong My Love Is
06)
Walk On By
07)
Any Ole Way
08)
It´s Growing
09)
Born Under A Bad Sign
10)
I´ve Got Dreams to Remember
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