terça-feira, 2 de maio de 2017

Pantera – Power Metal (1988):



Por Davi Pascale

Ainda existe muita gente que acredita que Cowboys From Hell foi o primeiro álbum do Pantera. Na verdade, não. Foi o primeiro a fazer sucesso, mas a banda já existia e lançava discos antes disso. Dentre esses, um dos mais comentados entre os colecionadores é o Power Metal, trabalho que marcava a estreia de Phil Anselmo.

Existe muita besteira sendo dita por aí. Muitos dizendo que esse álbum é um trabalho de hair metal, alguns chamando preconceituosamente de rock gay (tiração de sarro por conta dos visuais espalhafatosos). Putz, de boa, se alguém diz isso é porque não ouviu o disco.

Sim, também prefiro os trabalhos posteriores. Em especial, Vulgar Display of Power e Far Beyond Driven, que sempre foram meus preferidos. Mas são poucas as referências das bandas de hard da época - cena que gosto bastante, por sinal. Diria que está mais presente no visual deles, com aqueles cabelos volumosos, cheios de spray para não deixar o fio sair do lugar, do que no som.

É bem verdade que a sonoridade é bem distante da sonoridade clássica do Pantera. Bateria sem aquelas quebradas de bumbo alucinantes que Vinnie Paul fazia no bumbo duplo. Não há Phil Anselmo cantando com voz rasgada, nem com gutural. Aliás, é o contrário. Ele canta agudo o tempo todo, abusando de falsetes, seguindo a escola de Rob Halford e Ralf Scheepers.

As quebradas de bateria eram mais simples, mas Vinnie Paul já usava e abusava do bumbo duplo como pode ser conferido em faixas como “Power Metal” e “Burnnn”. Manja aquela pegada reta, mas com velocidade na luz que tantos bateras dos anos 80 usavam? É isso aí...

As guitarras de Dimebag já contavam com bastante peso. Seus riffs e solos velozes faziam a diferença. Uma curiosidade interessantíssima é a faixa “PST88” com o guitarrista assumindo os vocais. O alcance dele era limitado, mas o resultado final ficou agradável.

As influências de thrash metal apareciam com força em “Over And Out” com diversos riffs que deixariam James Hetfielfd e Dave Mustaine orgulhosos. O lado glam metal que muitos se referem aparece em “Hard Ride” e no refrão de “We´ll Meet Again”. E só! No mais, o máximo que poderíamos associar à cena são algumas passagens de bateria com aquela levada dobrando caixa e bumbo que acabou virando marca registrada do Tommy Lee (Motley Crue), mas honestamente falando, a maior influencia, a que me salta à vista de cara, é de Judas Priest. Muitas vezes até de maneira direta como aparecem em “Death Trap”, “Down Below”, além das já citadas “Power Metal” e “Burnnn”.

Se você deixou de ouvir esse disco por não curtir aquela cena hard dos 80, pode pegar para ouvir sem arrependimentos. Não há espaço para teclados encorpados, não há refrão alegre, nem nada do tipo. As letras trazem alguns clichês, mas estava de acordo com o momento. Expressões como “Rock The World”, “Proud To Be Loud” e “Pussy tight tonight” podem soar inocentes hoje, mas animavam a molecada na época. Musicalmente, o que temos aqui é um heavy metal tradicional com uma pegada meio Priest, meio Riot. A banda já tocava com um puta punch. Em resumo: é um som clean para Pantera, mas ainda assim mais pesado do que muito disco por aí...

Nota: 7,0 / 10,0
Status: Pesado e tradicional

Faixas:
      01)   Rock The World
      02)   Power Metal
      03)   We´ll Meet Again
      04)   Over And Out
      05)   Proud To be Loud
      06)   Down Below
      07)   Death Trap
      08)   Hard Ride
      09)   Burnnn! 
      10)   Pst88