Por Davi Pascale
Hoje, resolvi fazer algo diferente. Decidi escrever não sobre um disco, nem sobre um DVD ao vivo. E, sim sobre um filme. Em 1978, Steven Spielberg produziu um longa que retratava a Beatlemania. Não se trata de um documentário, contudo. A película era uma comédia que brincava com o fanatismo em torno dos rapazes. Foi muito popular no Brasil na década de 80, sendo exibido diversas vezes na televisão, com o nome de Febre da Juventude. E permanece inédito em DVD em nosso país.
A história se passa no ano de 1964 e gira em torno da mitológica apresentação
dos fab four no programa do Ed Sullivan, uma espécie de Silvio Santos dos
Estados Unidos. Grace, Rosie e Pam resolvem ir até Nova Iorque para conferirem
a apresentação de perto. Grace Corrigan cria um plano de se hospedarem no mesmo
hotel que os rapazes. A garota, que busca reconhecimento na área de jornalismo,
sonha em conseguir fotos exclusivas dos quatro garotos de Liverpool.
Rosie Petrofskey é a típica fã adolescente. Sonha em se casar com Paul
McCartney. Mais do que isso, acredita que esteja predestinada. Compra tudo que
encontra dos Beatles pela frente. É certamente a mais fanática das garotas. Grita,
chora, desmaia. Seus ataques de histerismo rendem boas risadas. Pam Mitchell é
exatamente o oposto. Tímida e vinda de uma família com criação rígida, está
desesperada com a aventura. Tem casamento marcado com Eddie Lupus na noite após
o show e tem medo do que o noivo possa pensar de toda essa experiência.
Para driblarem os policias em volta do hotel, decidem contratar uma
limousine, mas obviamente não têm dinheiro para isso. Logo, se recordam de
Larry Dubois, cujo pai é dono de uma limo e convencem o garoto à leva-las até o
show. Juntam-se à trupe Janis Goldman que resolve protestar contra os Beatles,
acusando-os de estarem acabando com a verdadeira música, e Tony Smarkos, garoto
arruaceiro que odeia o grupo, mas decide ir para ver se consegue alguma coisa
com Janis.
Comédia retrata o fenômeno 'beatlemania' |
Embora ficcional, retrata várias situações da época. As garotas gritando
histéricas na frente do hotel e perseguindo o carro dos músicos. Promoções de
rádio, obedecendo as gírias e as brincadeiras da época. O fanatismo exagerado
do público feminino que chorava para os repórteres de TV dizendo que se
matariam, caso não casassem com Paul McCartney. Gente desmaiando na plateia,
gritos cobrindo o volume da banda, os quadros típicos dos programas
televisivos, o merchandising em torno da banda. Está tudo ali, devidamente retratado.
Os grandes destaques ficam por conta do arruaceiro Tony, que fica
revoltado com o fato de todas as garotas da cidade estarem apaixonadas pelos músicos
e, por conta disso, não estar conseguindo sucesso com as meninas e Richard ‘Ringo’
Klaus, um fanático que vive escondido dentro do hotel (está hospedado
ilegalmente) e se orgulha de ter um punhadinho de grama, onde os Beatles supostamente
pisaram. Nas palavras do próprio, seu maior tesouro.
Com bons atores e ótimo roteiro, o filme passa rapidinho. Nem sentimos o
tempo passar. E claro, damos alta risadas com todas as maluquices desses fãs
doentes. Embora não esteja em catálogo no momento, pelo menos no Brasil, é
fácil de encontrar o filme na internet. Quem não conhece, assista. Diversão garantida!