Por Davi Pascale
E o grupo de Slash chega ao segundo álbum... Os músicos seguem à risca a
formula de Apocalyptic Love e
entregam aos seus fãs um trabalho repleto de riffs ferozes e vocais gritados.
Não somente mantêm o nível, como se destacam na cena com um dos grandes
lançamentos do ano.
Slash nunca foi muito amigo de inovações. Sempre gostou de fazer um hard
rock cru com guitarra e vocal falando alto. Foi isso que fez nos tempos de Guns
n´ Roses, nos tempos de Slash´s Snakepit, nos tempos de Velvet Revolver (tudo
bem, aqui o vocal era mais na manha, vai) e é isso que entrega em World of Fire. Curiosamente, seus
projetos pós Guns nunca passaram de 2 álbuns, será que o Conspirators conseguirá
quebrar a maldição?
O time ainda é o mesmo. O excelente Brent Fitz (Union) na bateria, o
sempre seguro Todd Kerns no baixo e o sempre polêmico Myles Kennedy (Alter
Bridge) nos vocais. Quanto mais o escuto, menos entendo a reclamação em cima do
vocal do cara. O rapaz cria linhas vocais espetaculares, tem um bom alcance, é
sem sombra de dúvidas quem mais se aproxima do universo Axl entre todos
vocalistas com quem Saul Hudson trabalhou pós Guns, e neguinho fica chiando.
Quem sabe um dia eu compreenda...
A similaridade com o álbum anterior não é por acaso. Várias canções
nasceram na estrada, durante a excursão, nos quartos de hotéis, nas passagens
de som. Foi assim com “Iris Of The Storm”, “Wicked Stone”... Algumas nasceram das
gravações de Apocalyptic Love. De
riffs que haviam sido criados para o tal disco, mas acabaram não sendo utilizados.
Um exemplo é “Too Far Gone”. Outro exemplo é “Shadow Life”. Segundo Slash,
depois de jogar esse riff fora, escreveu “You´re a Lie”. Agora, resolveu
resgatá-lo.
Produtor do Alter Bridge é o mesmo do novo álbum de Slash |
As letras ficaram por conta de Myles Kennedy e giram em torno de sexo,
amor e até mesmo assassinato. A ideia de “30 Years to Life” surgiu depois que o
cantor soube de um crime ocorrido não muito tempo atrás, onde um adolescente
matou uma pessoa e pegou prisão perpétua. Myles ficou tentando imaginar como
seria esse garoto refletindo sobre o acontecimento anos depois, vendo que sua
vida foi desperdiçada por um ato de impulso. A faixa-título fala sobre viver o
momento, fazer o que está afim, sem ficar com arrependimentos. “Withered
Delilah” também tem uma perspectiva interessante. Fala sobre atrizes que são
dispensadas por terem envelhecido e não possuírem mais a beleza que se espera
delas. Algo, infelizmente, muito comum no universo Hollywood.
A produção ficou a cargo de Mike ‘Elvis’ Baskette. Slash resolveu
convida-lo após ouvir o mais recente álbum do Alter Bridge, Fortress. O guitarrista gostou da
sonoridade do disco e resolveu trabalhar com o rapaz. Mike é experiente e já produziu
nomes como Stone Temple Pilots, Incubus e Puddle of Mudd. Além de já ter trabalhado
com Myles, algo que deixou o Slash feliz foi o fato de Baskette saber como
gravar utilizando o velho procedimento de fitas analógicas. O musico disse que se recusa a
gravar com pro-tools.
A capa ficou a cargo de Ron English, o mesmo que criou a arte do
primeiro álbum solo do Slash (aquele que tinha um monte de convidados e que
causou polêmica por conta da participação da Fergie, lembram-se?). O músico
queria uma imagem caótica e Ron enviou uma serie de imagens que havia criado. A
escolhida chamava-se Cerebral
Celebration. O conceito era tentar reproduzir o que ocorre dentro do cérebro,
demonstrando toda a mistura de informações que surgem do nada. World On Fire é exatamente aquilo que
seus fãs esperam. Um disco pesado, empolgante e repleto de ótimas composições
que tendem a crescer ainda mais nos shows. Aliás, para a alegria dos fãs
brasileiros, o grupo está para retornar ao Brasil bem em breve...
Nota: 9,0/10,0
Status: álbum do ano
Faixas:
01)
World On
Fire
02)
Shadow Life
03)
Automatic
Overdrive
04)
Wicked
Stone
05)
30 Years
to Life
06)
Bent to
Fly
07)
Stone
Blind
08)
Too Far
Gone
09)
Beneath
the Savage Sun
10)
Withered
Delilah
11)
Battleground
12)
Dirty Girl
13)
Iris of
the Storm
14)
Avalon
15)
The
Dissident
16)
Safari Inn
17)
The Unholy