Por Davi Pascale
Vez ou outra, o mundo do rock se
depara com alguns barracos que vão além de ataques mútuos e acabam gerando
enormes discussões entre sites especializados e fãs do gênero. É
exatamente isso que vem acontecendo com a briga entre o líder do Twisted Sister
e o líder do Kiss. Por sermos um blog especializado em rock e conhecer bem a
carreira dos dois artistas envolvidos, resolvi dar minha opinião sobre o caso.
Mas, antes, vamos dar uma repaginada para quem não está por dentro do assunto.
Todo o auê começou quando Dee Snider
foi até o programa de rádio Eddie Trunk
Live (sim, o gordinho do That´s
Metal Show) e desceu a lenha no Kiss. “Eu não entendo como as pessoas conseguem
aceitar isso. Tommy Thayer, desculpe-me, é insultante. Aquilo é uma desgraça. Não
apenas, está em uma banda cover do Kiss como ele está imitando o Ace. Tudo
que ele faz é imitar o Ace”. Snider foi ainda mais além. “As pessoas perdoaram ‘I
Was Made For Lovin´ You’ e aquilo é imperdoável. Uma porra de uma música disco.
E eles estão tocando isso ao vivo. Inacreditável!”
Os músicos do Kiss ficaram
quietos e deixaram a história morrer por si só. Contudo, sempre que algo vem à
público corre o risco de, em algum momento, serem questionados sobre o fato. E
foi o que aconteceu. Paul Stanley concedeu uma entrevista ao Chris Jericho Podcast, recentemente, e
foi questionado sobre o fato. Embora seja conhecido por ser sempre educado em
suas respostas, o líder do Kiss não se intimidou com Dee e devolveu na mesma moeda. “Serei direto. Nesse caso, esse cara é uma caricatura, sempre foi uma.
Ele quer atenção e quer ser levado à sério e isso não acontecerá. Parece que se esqueceu que ele e sua banda são um bando de palhaços”.
Músicos já fizeram jam no passado |
A partir daí, a história pegou
fogo. Dee Snider escreveu uma carta aberta atacando o líder do Kiss. Essa carta
tinha depoimentos como: “Caro Paul. Eu sempre tive respeito por sua banda, mas
parece que isso não é mútuo. Por alguma razão, o senhor resolveu me atacar. É
irônico chamar minha banda de ‘bando de palhaços’, desde que o Kiss sempre foi
o rei da palhaçada. Caricatura? Mesmo? Bem... qualquer lugar, qualquer palco.
Vamos fazer como nos velhos tempos. Sem fantasias, sem pirotecnias. Vamos até
lá cantar. Te enterrarei”.
Por algum momento, os haters da
dupla Simmons/Stanley começaram a delirar e salivar. Só que tudo começou a
mudar quando o Twisted Sister se apresentou em Minnesota na última semana e o
cantor começou uma série de ataques. Ao final de ‘I Wanna Rock’, o cantor
declarou: “Agradeço vocês cantarem comigo, mas não sou o Vince Neil. Eu consigo
cantar, cara. Saca só”. Durante o show, mandou mais um ataque: “Twisted Sister
está parando e isso não é encenação. Não é uma turnê fake, assim como fez o Scorpions
e o Judas Priest”. Para completar, em determinado momento do show uma camiseta
com os dizeres Fuck, Paul Stanley surgiu em cima do bumbo de Mike Portnoy. (O
músico está se apresentando com o grupo, já que A.J. Pero faleceu recentemente).
Todos que me conhecem bem,
sabem que sou muito fã do Kiss e tenho o Paul Stanley lá em cima. Entretanto, o
que muitos, talvez, não saibam é que sempre fui muito fã do Dee Snider também.
Tanto no Twisted Sister, quanto no Widowmaker, como no Dezperadoz ou em sua carreira
solo. Muitos estão crucificando Paul, alguns estão questionando Eddie Trunk,
mas diria que o pivô da história foi mesmo Dee. Por quê?
Primeiro, parece que se
esquece que ele também tem influência nas pessoas, também é uma pessoa publica
e, com isso, deveria escolher melhor suas palavras. Acho que ele tem o direito
de gostar do que quiser, da fase que quiser, mas ao chamar o grupo de banda
cover e Tommy de cover do Ace, está criando uma nova guerra entre fãs. Os dois
grupos possuem milhares de fãs em comum. Não sou o único. E está desrespeitando
o trabalho do grupo, portanto aquele papo ‘sempre respeitei sua banda’ não é
real. Os caras são colegas de profissão. Já chegaram até a cantar juntos no mesmo palco. Deveria deixar esse papinho para os
haters da internet e discutir o assunto de forma mais madura.
Guitarrista do Twisted Sister exibindo camiseta no show |
Tudo piora, quando surge no
palco com camiseta, ataca grupos que não tem nada a ver com o rolo e chama o
cantor para um duelo. Atitudes infantis demais para um rapaz de 60 anos. Isso
tudo só dá força para o starchild quando diz que o cara quer atenção. Mike
Portnoy fez um depoimento dizendo que a camiseta surgiu do publico e que por
alguma razão foi parar na bateria. A real? Surgiu porque
alguém colocou lá. E durante o show? Ou foi algum musico ou algum roadie (que
trabalha para os músicos). Esse papo que surgiu da platéia também não diz muita
coisa. A banda pode ter plantado alguém lá para jogar a camiseta para eles.
Historia até comum no universo da música. Para piorar, vários fãs andam dizendo que foram ofendidos pelo músico no twitter. Porra, Dee! Está parecendo a Joelma...
Paul Stanley, mais uma vez, está
quieto. Enquanto Dee Snider vem fazendo posts atrás de posts provocando o
músico (basta acessar sua página do Facebook), Paul Stanley está fazendo posts
atrás de posts, na mesma rede social, divulgando seu novo projeto musical:
Soul Station. Tudo bem que ele poderia ter pego um pouco mais leve nas palavras,
mas não vamos nos esquecer que foi provocado antes. Parece que Snider se
esquece que o mundo não gira ao seu redor. Que sempre que você ataca alguém
publicamente, existe a chance desse alguém se defender na mesma moeda. E, em
resumo, foi o que aconteceu. Espero que os ataques terminem em breve e os
músicos voltem a se focar naquilo em que são verdadeiros mestres: rrrrrrock.