sexta-feira, 20 de janeiro de 2017

Sepultura – Machine Messiah (2016):



Por Davi Pascale

Ícones do thrash metal brasileiro se reinventam em novo disco. Machine Messiah traz o Sepultura para o presente e deve dividir seus fãs.

Desde que Max Cavalera saiu do grupo após o emblemático Roots que os fãs se dividiram. Muitos diziam que a banda sem Max não era a mesma coisa. A novela se intensificou depois que Iggor pediu as contas. Durante muitos anos, a banda foi vista como a banda dos irmãos Cavalera. Atualmente, ela é vista como a banda de Andreas Kisser. Embora não seja um integrante original, já tem um tempo que o músico puxou a bronca para si. Se você é um desses que acha que a banda perdeu a magia com a saída dos irmãos, afaste-se do novo álbum.

Particularmente, gostei muito de Machine Messiah, mas eles vão meio que na contramão daquilo que faziam quando a formação clássica se esfacelou. Nos últimos trabalhos ao lado do Max – Chaos A.D. e Roots – a banda explorava mais uma proximidade com a cultura brasileira. Esse toque brasileiro aparece em pouquíssimos momentos por aqui e quando aparece é bem de leve. Um exemplo seria a introdução do single “Phantom Self”. Na real, eles estão soando mais internacionais do que nunca. Talvez seja influência do renomado produtor Jens Bogren (Kreator, James LaBrie), mas achei que eles estão mais para In Flames do que qualquer outra coisa.

Já tem um tempo que os músicos têm procurado se aventurar em novos territórios. E esse disco representa exatamente isso. Não apenas a mixagem está mais moderna, como os arranjos estão mais ousados. Embora sejam um forte representante do thrash, os músicos não ficam naquela camisa de força tentando soar old school todo o tempo e em vários momentos buscam referências em outras vertentes. Talvez, essa seja uma influência vinda do Metallica, banda que o Andreas adora.

A faixa de abertura, “Machine Messiah”, já deixa isso claro. Uma faixa densa, arrastada com Derrick Green cantando fora de seu território comum. Ou seja, com a voz limpa. As linhas vocais dessa música, por algum motivo, me remeteram ao Ghost. Derrick, aliás, é um dos grandes destaques do disco. Fez linhas vocais diferentes, mais melódicas. Outro trabalho de destaque do rapaz é na pesada “Cyber God”, onde está mais próximo de Corey Taylor (Slipknot, Stone Sour) do que de Chris Barnes (Cannibal Corpse).

Outro grande destaque no disco é o trabalho de bateria de Eloy Casagrande. O garoto está um verdadeiro monstro. Toda sua criatividade e técnica podem ser conferidas na instrumental “Iceberg Dances”, que traz passagens influenciadas pelo progmetal. Sem brincadeiras.

Andreas Kisser continua sendo o homem de frente. À essa altura do campeonato, ninguém questiona mais suas habilidades nas seis cordas. Como era de se esperar, o músico fez um ótimo trabalho com ótimos riffs e excelentes solos. Paulo Jr. segura o baixo com eficiência. Para quem sente saudade de quando faziam um som mais direto, pode se deliciar com petardos do porte de “I Am The Enemy” ou “Silent Violence”, mas como disse, esse trabalho não é old school. Está mais recomendado para os fãs de Kairos do que para os fãs de Arise.

Em outras palavras, Machine Messiah traz um Sepultura pesado, criativo e com os pés no presente. Lançado na última sexta-feira 13, o trabalho tem dividido seus fãs. Tem gente que acha que ficaram com uma sonoridade internacional demais (o que é verdade, mas não vejo muito problema nisso) e tem gente afirmando que é o melhor trabalho da fase Derrick, o que também acho exagero. Meu disco favorito da fase Derrick ainda é o Roorback. De todo modo, bela banda e belo álbum. Recomendo!

Nota: 8,5 / 10,0
Status: Ousado

Faixas:
     01)   Machine Messiah
     02)   I Am The Enemy
     03)   Phantom Self
     04)   Alethea
     05)   Iceberg Dances
     06)   Sworn Oath
     07)   Resistant Parasites
     08)   Silent Violence
     09)   Vandals Nest 
     10)   Cyber God