Por Davi Pascale
U2 retorna com álbum calmo e
inspirado. Com qualidade de gravação impecável e músicos para lá de experientes,
banda entrega mais um trabalho competente em sua ótima discografia. Novo disco
não causará reviravolta na cena, mas agradará sua fiel legião de fãs.
Existem artistas que, gostem os
críticos renomados ou não, basta lançarem um CD, para causarem um enorme auê.
Não interessa o que a Folha, a Veja, a Rolling Stone, a Billboard pense a
respeito de nomes como Madonna, U2, Rolling Stones, Metallica... Se acham que o
tempo deles já foi ou não. Se acham que os novos trabalhos não tem a mesma
força de outrora ou não. Cada vez que anunciam que estão trabalhando em um novo
projeto, a expectativa em milhões de ouvintes começa a crescer cada vez mais. O
novo disco acaba virando um evento. E, isso, hoje, é para poucos. A verdade é
que esses artistas são maiores do que esses veículos. Esses jornalistas
precisam mais deles do que eles dos jornalistas. Sorry, folks.
Muitos podem não concordar com a
posição política de Bono, mas não dá para negar seu talento no âmbito musical. U2
sempre primou pela qualidade. Mesmo quando lançam álbuns não tão bacanas, não
dá para dizer que fizeram nas coxas. Ok, por vezes, podemos considerar as
composições não tão inspiradas, mas qualidade de gravação, qualidade gráfica e
qualidade de execução sempre foram impecáveis. Sempre foi um grupo altamente
profissional.
Algo deve ser esclarecido de uma
vez por todas, contudo. Songs of
Experience é um trabalho calmo. É praticamente um CD de baladas. Ou seja, não
adianta esperar nada no pique de “Bullet The Blue Sky”, nem no pique de “Even
Better Than The Real Thing”, que não irá encontrar. Recomendaria esse trabalho
aos admiradores de All That You Can´t
Leave Behind e How To Dismantle An Atomic
Bomb, especialmente.
Embora não seja predominado com
uma grande influência de eletrônico – como acontecia nos anos 90 – alguns elementos
continuam por aqui. É possível pegar algumas programações leves em faixas como “Get
Out of Your Own Way”, “The Little Things That Give You Away” e com um pouco
mais de evidência em “The Blackout”.
As faixas mais fortes estão na
primeira metade do disco. Colocaria
“Lights of Home”, “You´re The Best Thing About Me” e “American Soul” como
alguns dos principais destaques. Outra faixa muito bacana é a já citada “Get
Out Of Your Own Way” que conta com uma pegada mais moderna. Algo como se fosse uma
mistura de Keane com Coldplay.
Existem muitos cantores que com o
passar dos anos, vão perdendo a voz. Bono continua com o gogó em dia e isso
fica constatado na sua inspirada interpretação de “Landlady”. A grande
surpresa, para mim, contudo, foi o resgate dos anos 50 na divertida “The
Showman”. O último grande momento fica por conta da bonita balada “Love Is
Bigger Than Anything”, que promete causar uma grande comoção nas apresentações.
Como acompanho a banda já tem um
tempo, optei por adquirir a edição deluxe, mas só a recomendaria para os fãs
mais xiitas. Das 4 faixas adicionais, apenas uma é inédita, a fraca “Book of
Your Heart”. As demais são remixes de canções que apareceram anteriormente no
disco, mas sem superar a versão original.
Songs of Experience não traz o U2 se aventurando em novo
território. Todos os elementos utilizados aqui, já apareceram em álbuns
anteriores. Portanto, dá para afirmar que esse disco não causará o mesmo
estardalhaço de Atchung Baby, muito
menos de The Joshua Tree. Contudo,
quem curte a banda, ficará altamente satisfeito.
Faixas:
01) Love Is All We Have Left
02) Lights Of Home
03) You´re The Best Thing About Me
04) Get Out of Your Own Way
05) American Sou
06) Summer of Love
07) Red Flag Day
08) The Showman (Little More Better)
09) The Little Things That give You Away
10) Landlady
11) The Blackout
12) Love Is Bigger Than Anything In Its
Way
13) 13 (There Is a Light)
14) Ordinary Love (Extraordinary Mix)
15) Book Of Your Heart
16) Lights of Home (St Peter´s String
Version)
17) You´re The Best Thing About Me (U2
Vs Kygo)