domingo, 18 de setembro de 2016

Bob Dylan – Fallen Angels (2016):





Por Davi Pascale

Bob Dylan volta à homenagear Frank Sinatra em novo álbum. Disco é bonito, mas devemos nos esquecer do velho Dylan para absorvê-lo melhor...

Frank Sinatra é considerado uma das grandes vozes da cultura norte-americana. Bob Dylan é considerado um dos grandes compositores do mesmo país. Ambos, possuem uma enorme relevância, possuem álbuns emblemáticos, mas sempre possuíram características bem distintas. É exatamente isso o que o torna o álbum tão ousado.

Regravar canções já registradas na voz de Sinatra é uma tarefa tão ingrata quanto reproduzir uma faixa imortalizada na voz de Elvis Presley ou na voz de Elis Regina (caso, quiséssemos trazer a situação para o nosso dia-a-dia). Tão desafiadora quanto tentar reproduzir com perfeição as levadas de John Bonham ou a guitarra de Hendrix. E, cá entre nós, Bob Dylan nunca teve uma grande voz.

Sim, é verdade que seu timbre é bem característico e que isso ajuda a criar uma áurea em cima de sua imagem. Sem duvidas. Mas ele nunca foi uma das vozes mais afinadas do mundo e nunca teve um alcance impressionante. Por isso, é bem provável que muitos resolvam ignorar esse disco. É verdade que Shadows In The Night teve uma ótima aceitação, mas isso é porque muitas pessoas que não o acompanham resolvem adquirir o álbum pela homenagem em si. Os fãs mais roqueiros são capazes de torcerem o nariz.

Dylan foi esperto ao não reproduzir fielmente as canções. Nem nos arranjos, nem na voz. Não temos o músico atacando a voz para cima, como Sinatra fazia. Nem orquestras dominando o álbum. É exatamente o contrário! O instrumental continua com a ideia de manter a leveza, de se fazer algo sutil, mas os instrumentos são básicos: guitarra, baixo, bateria. No máximo, uma guitarra havaiana, aqui e ali.

Como disse, os arranjos são bem delicados. Esqueçam a crueza de seus violões, suas gaitas marcantes. E óbvio, esqueçam as guitarras eletrificantes de faixas como “Like a Rolling Stone”. Nitidamente, não se trata de um álbum de rock n roll, nem de um álbum folk, o espírito jazz foi mantido.

Outra mudança está no estilo de cantar. Menos falado, cantando linhas ainda mais baixas do que canta normalmente. Isso fez com que a rouquidão que aparecia gritante em álbuns como Tempest (2012) desse uma diminuída. Honestamente? Achei o disco bonito, mas torço para que as vendagens não mexam com sua cabeça e não comece a gravar álbuns e mais álbuns, como fez Rod Stewart no projeto Great American Songbook. Foi legal vê-lo brincando de crooner, mas é hora de seguir adiante...

Nota: 7,0 / 10,0
Status: Bonito

Faixas:
      01)   Young At Heart
      02)   Maybe You´ll Be There
      03)   Polka Dots And Moonbeams
      04)   All The Way
      05)   Skylark
      06)   Nevertheless
      07)   All Or Nothing At All
      08)   On a Little Street In Singapore
      09)   It Had To be You
      10)   Melancholy Mood
      11)   That Old Black Magic
      12)   Come Rain Or Come Shine